Bloqueio emocional: como lidar com essa barreira psicológica? - Mina
 
Suas Emoções / Reportagem

Bloqueio emocional: quando o medo controla nossas ações

A nossa mente é cheia de artimanhas para fugir da dor e do sofrimento. Mas o que parece proteção, muitas vezes vira autoboicote, e nos impede de dar uma chance para experiências que podem ser maravilhosas

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Você já sentiu dificuldade de se envolver com alguém por causa de decepções em relacionamentos anteriores? Ou evita viajar de avião após ter vivido uma turbulência traumática? Ou, quem sabe, tem receio de falar em público depois de ter passado por um aperto durante a apresentação de um trabalho? Caso tenha respondido “sim” para alguma dessas perguntas, é muito provável que você sofra de bloqueio emocional – e essas são só algumas das inúmeras situações em que ele pode se manifestar.  

O bloqueio emocional é como se fosse um escudo psicológico

Ninguém está imune a ele. Somos seres complexos e manter o controle das nossas emoções nem sempre é uma tarefa fácil. A maioria das pessoas carrega algum tipo de bloqueio, mesmo que seja apenas uma interpretação distorcida de alguma situação vivida na infância. Além disso, quem viveu relações conturbadas, abusivas, traições, rejeições, falta de reconhecimento, bullying, entre outras experiências desagradáveis e traumáticas, pode desenvolver uma espécie de barreira mental que tem como único resultado a inércia. 

O que é bloqueio emocional?

É um mecanismo de defesa inconsciente que tem como objetivo evitar dor e sofrimento em situações futuras como reflexo de experiências negativas passadas e não processadas. “É como se fosse um escudo psicológico, uma forma de proteção”, diz Daniele Nazari, psicóloga da plataforma de saúde mental Zenklub. 

Ela explica que, como a proposta é inibir emoções e sensações negativas, o indivíduo interpreta erroneamente que o bloqueio pode ser uma zona de segurança, então permanece estático, sem enfrentar alguns desafios no dia a dia. “E embora o intuito seja nos preservar, ficar parado aos poucos também vai provocando frustração, ansiedade, angústia, insegurança…”, afirma. 

São diversas as consequências que um bloqueio emocional traz para a vida de uma pessoa. Em muitos casos, ela se sente paralisada, sem conseguir avançar em determinados aspectos – como relacionamentos amorosos ou carreira. Além disso, pode ocorrer também comportamentos insensatos como raiva descontrolada, medos irracionais, ciúmes exagerados, tristeza inexplicável… Todos comportamentos que interferem na qualidade de vida e bem-estar.

Sintomas do bloqueio emocional? 

Alguns sintomas que podem ser reflexo de bloqueio emocional são: 

  • apatia ou falta de interesse em se envolver com outras pessoas;
  • dificuldade de expressar emoções e sentimentos;
  • ter pensamentos negativos na maior parte do tempo; ansiedade descontrolada;
  • irritabilidade; sensação de frustração;
  • insegurança;
  • estresse constante;
  • organização rígida para manter o controle;
  • dificuldade para tomar decisões.
  • Além disso, as emoções reprimidas também podem se manifestar por meio de sintomas físicos, como taquicardia, insônia, falta ou excesso de apetite, dores musculares.

Como tratar o bloqueio emocional?

Para solucionar o bloqueio, o primeiro passo é descobrir a sua origem, compreender como os conflitos se formaram e refletir sobre qual a raiz de toda a angústia. O atendimento psicológico é fundamental para auxiliar nesse processo e ajudar a ressignificar experiências negativas, tirando algo bom delas, explica Yuri Busin, psicólogo e doutor em neurociência do comportamento. “Embora seja doloroso, é possível olhar por outra perspectiva e extrair lições e aprendizados de situações desagradáveis”, enfatiza. 


Durante essa trajetória de cura, vale ressaltar a importância de se permitir sentir todas as emoções, sejam elas boas ou ruins, ressaltam os especialistas. É preciso estar disponível para se abrir sem censuras com o psicólogo ou psicanalista a fim de conseguir elaborar os traumas que dominam o inconsciente. Não tente evitar tristeza, raiva ou medo, já que essa repressão pode resultar em sofrimento e ansiedade. O ideal é tentar entender o porquê desses sentimentos.

Também é importante confiar no processo: não espere uma solução milagrosa do dia para a noite. Cada pessoa lida com as emoções de um jeito e tem um tempo de evolução na terapia. Aos poucos, com um estado emocional mais forte e equilibrado, você vai perceber que está pronto para viver plenamente o presente, sem ser refém do passado, se sentindo mais seguro para novos desafios e possibilidades que a vida pode oferecer. E tudo bem se houver alguns tropeços pelo caminho. Sentir medo e insegurança é normal, só não podemos deixar que eles nos paralisem. 

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