Sofrer por amor: como deixar de amar alguém - Mina
 
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Do casinho ao casamento: como deixar de amar alguém

Sofrer por amor faz parte da vida, mas seguir em frente também. Tudo bem curtir a fossa, mas uma hora é preciso superar essa história. Especialistas dão dicas para por fim a um amor recente, abusivo ou de longa data

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Que coração partido dói, todo mundo sabe. E a ciência comprova: segundo uma pesquisa publicada em 2011 na Proceedings of the National Academy of Sciences, a dor da rejeição ativa a mesma região do cérebro que a física. Por isso, independentemente do tempo ou do formato da relação, seguir em frente após sofrer esse baque pode ser bem complicado. Mas e se a gente disser que existem rituais que podem facilitar esse processo? Conversamos com dois especialistas no amor que dão a bússola de como sair dessa fossa sentimental e se abrir para novas possibilidades quando se sentir preparada.

“Nem sempre as pessoas possuem motivos racionais para se desinteressar por nós”

Como esquecer um casinho 

Você está em algum aplicativo de paquera e finalmente dá match com uma pessoa que é seu número. Papo vai, papo vem, vocês se encontram, o romance começa a se desenrolar, mas vocês estão em páginas diferentes. E aí, o que fazer? 

1. Não busque uma razão 

Quando o romance é casual, costuma existir um limbo de coisas não ditas por ninguém se sentir no direito de fazer cobranças. Então, quem quer pular fora da relação geralmente não comunica isso claramente. Vai só se afastando, desmarcando encontros, sendo menos ativo nas mensagens… Para Carol Tilkian, comunicadora e pesquisadora do amor no perfil @_amorespossiveis, o primeiro passo para superar esse distanciamento é não ficar tentando entender o que aconteceu. “Nem sempre as pessoas possuem motivos claros e racionais para se desinteressar por nós”, diz. 

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2. Finalize internamente

Sem um ponto final, é comum ficar com a ilusão de que aquela conexão ainda não acabou, mesmo que o casinho não interaja mais com você. Carol diz que esse apego é normal, mas que ficar à espera de um encerramento verbalizado é uma cilada. “A pessoa se engana achando que, por ninguém ter falado nada sobre encerrar a relação, o romance ainda está rolando.” O conselho da expert é: não espere por uma conversa final, encerre a história dentro de você.

3. Faça algum ritual de encerramento

Precisa de um encerramento mesmo sem a participação da outra pessoa? Não tem problema. Ritualizar esse fim é uma forma de seguir em frente, aconselha o psicólogo Alexandre Coimbra, que atua como terapeuta de casais. “Os rituais nos ajudam a fazer essa transição da identidade do antes para o depois e a aceitar que esse envolvimento não faz mais parte da sua vida”, explica. Escrever uma carta ou deletar a pessoa das redes sociais são boas formas de registrar internamente que acabou.

Dando adeus a um relacionamento sério

Parecia que ia tudo bem. Depois de anos juntos, o casal ainda fazia planos, se divertia, compartilhava desafios, até que, de repente, o outro comunica que não quer mais. Você estava feliz com a vida a dois, mas o fim chega com um balde de água fria e é preciso lidar com ele. Como seguir em frente? 

1. Não tenha pressa

Tudo bem não estar bem. O processo de luto de uma relação longa não será vivido em apenas um dia. Vá com calma, se permita chorar, sentir saudades… Foi bastante tempo convivendo com aquela pessoa e, agora, as coisas vão ser diferentes. Respeite seu tempo para processar essa mudança. “A consolidação de um fim demora. Vai levar o tempo que for preciso para essa despedida acontecer”, diz Alexandre. 

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2. Deixe a mágoa de lado

Mesmo que não tenha acontecido nada grave na relação, quando um romance se encerra, temos a tendência de tirar a culpa das nossas costas e despejar tudo no ex, ainda que de forma inconsciente. No entanto, é preciso entender que a forma como o relacionamento se constituiu é responsabilidade dos dois e que o fim não significa que não deu certo. “A  gente tende a vilanizar o outro quando estamos com raiva. É preciso lembrar que existiram momentos bons que não vão ser invalidados porque a história acabou”, frisa Carol.  

3. Pare de fuçar

Pare de encontrar formas de alimentar a presença do outro na sua vida. É preciso de um afastamento para entender que vocês não vão continuar mais juntos, pelo menos em um primeiro momento. Deixar de frequentar os lugares que vocês iam juntos ou deixar de seguir a pessoa nas redes sociais pode ser importante agora, sugere o psicólogo. “A saudade é uma presença e a carência também. Não alimentá-las com qualquer tipo de visualização do outro ajuda muito”. 

“Não substituímos ninguém, mas reconstruímos a vida”

Tchau, relacionamento abusivo 

O fato de uma relação ter sido sofrida, não faz com que seguir em frente seja mais simples. Quem vive um relacionamento abusivo tende a ficar presa nele como se estivesse numa teia de aranha. Nas tentativas de sair, às vezes, ela se embola mais. São comuns as recaídas e as promessas de que tudo vai ser diferente a cada retorno. Deixar para trás a esperança de que tudo seja diferente e se despedir de vez dessa história é uma tarefa difícil, mas não impossível. 

1. Lembre-se das partes ruins

“Escreva como estava sendo o tratamento dessa pessoa com você nos últimos meses, porque a gente tende a lembrar só do que foi bom”, diz Carol. Seja com caneta e papel ou no bloco de notas, comece uma lista e vá elencando todas as situações em que você se sentiu anulada ou ferida. Assim fica mais fácil visualizar o quanto esse relacionamento fazia mal a você.

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2. Encontre uma rede de apoio 

Uma característica comum nos relacionamentos tóxicos é a falta de conexão com outras pessoas. Aos poucos, vamos minando o contato com as amizades e familiares para atender as demandas do outro. Retomar essas relações é fundamental para se reconstruir.  “A mulher precisa ter um ecossistema em torno dela para ampará-la na hora que decidir sair dessa relação e que as pessoas estejam dispostas a ficar com ela ao longo do tempo”, diz Alexandre. 

3. Abra-se para o novo

Para cada coisa que você evitar no primeiro momento para não lembrar do ex, busque uma coisa nova. Frequente lugares diferentes, experimente playlists nunca escutadas, pois essa é uma forma de entender que existe uma vida para ser vivida apesar da despedida. “Não substituímos ninguém, mas reconstruímos a vida. É ter uma escuta refinada para suas necessidades”, diz o psicólogo. 

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