Como as cores podem influenciar suas emoções - Mina
 
Suas Emoções / Reportagem

Como as cores podem influenciar suas emoções

Estudos indicam que as cores das roupas que usamos, e até da casa onde moramos, podem melhorar nosso humor e a sensação de bem-estar.

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Olhe em volta e repare nos objetos que estão no ambiente. Você vê almofadas coloridas ou em tons neutros? E a roupa que está vestindo, são peças com cores vibrantes ou mais sóbrias? Muitas vezes, e de forma inconsciente, a paleta que escolhemos para decorar um cômodo da casa ou participar de reunião importante pode influenciar o seu humor, bem-estar e a maneira como as pessoas te enxergam. 

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As cores são objeto de estudo há muito tempo e seu uso para fins terapêuticos remonta ao Egito Antigo. A cromoterapia é um exemplo disso, pois utiliza cores e luzes de diversas maneiras para promover o equilíbrio e o bem-estar físico e emocional. Elas podem ser incorporadas ao ambiente, em um banho de imersão, durante a meditação ou mesmo nas roupas, sapatos e acessórios em tonalidades específicas.

“A cor pode afetar o humor, os sentimentos e as emoções, quer você esteja consciente ou não” 

“Cada cor contém um padrão de frequência, de onda de energia eletromagnética, que interpretamos através da retina”, explica Sophia Hansen, cromoterapeuta certificada e graduada pela Universidade de Harvard. “A cor que você percebe faz parte do espectro visível da frequência da luz, que é naturalmente refletida por um objeto e pode afetar significativamente o humor, os sentimentos e as emoções, quer você esteja consciente disso ou não”, acrescenta. 

Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma terapia complementar, a cromoterapia pode ser aplicada no tratamento de doenças como depressão, estresse, fadiga muscular, fibromialgia, além de auxiliar na melhora da circulação sanguínea e do sono. Essa terapia também indica que as cores têm poder.

Psicologia das cores

A relação entre nossas sensações e reações já foi abordada por psicólogos, cientistas, filósofos, artistas, arquitetos, estilistas, publicitários, entre outros profissionais. Um campo de estudo que se dedica a essa investigação é a Psicologia das Cores, que explora o impacto emocional que diferentes tonalidades têm sobre as pessoas, e como elas afetam o comportamento. A presença de cores na natureza tem relação direta com a vitalidade. Um estudo realizado em 2015 pela Universidade de Rochester, em Nova York, por exemplo, mostrou que quem está muito triste pode ter sua percepção alterada, enxergando menos cores ao seu redor.

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Já a investigação científica da psicologia das cores é relativamente nova. “Pouco trabalho teórico ou empírico foi conduzido até agora sobre a influência da cor no funcionamento psicológico, e o trabalho que foi feito até aqui foi conduzido principalmente por preocupações práticas, não pelo rigor científico”, observaram os pesquisadores Andrew Elliot, da Universidade de Rochester, e Markus Maier, da University of Munich Mesmo assim, especialistas fizeram descobertas importantes sobre a Psicologia das Cores e seu impacto no humor, sentimentos e comportamentos.

“A cor é “o elemento de primeiro impacto que reconhecemos no outro”

As cores na parte vermelha do espectro, conhecidas como quentes, incluem vermelho, laranja e amarelo, e podem despertar emoções que vão de sentimentos de calor e conforto, até as mais intensas, como raiva e hostilidade. Por outro lado, as tonalidades do lado azul do espectro, como azul, roxo e verde, são conhecidas como cores frias. Essas geralmente são descritas como calmas, mas também podem evocar sentimentos de tristeza ou indiferença. 

Um estudo de 2020 que pesquisou as associações emocionais de 4.598 pessoas, de 30 países, descobriu que a grande maioria associa certas cores a emoções específicas:

Preto: tristeza (51%)
Branco: alívio (43%)
Vermelho: amor (68%)
Azul: sentimentos de alívio (35%)
Verde: contentamento (39%)
Amarelo: alegria (52%)
Roxo: prazer (25%)
Marrom: nojo (36%)
Laranja: alegria (44%)
Rosa: amor (50%)

Os pesquisadores sugeriram que tais resultados indicam que a relação cor-emoção parece ter qualidades universais. Esses significados compartilhados podem desempenhar um papel importante no auxílio à comunicação. Quando compramos itens, nossas preferências de cores podem dizer algo sobre a imagem que estamos tentando projetar. De roupas até carros, as escolhas podem funcionar como uma declaração sobre como queremos ser percebidos pelos outros.

Dopamine style

O Relatório Global de Tendências de Moda e Beleza, da Afterpay, descobriu que os Millenials compraram 47,8% mais cores e estampas vibrantes em 2021 do que em 2020. E essa tendência vem se firmando nos últimos tempos. No ano passado, no Pinterest, as pesquisas por “roupas vibrantes” aumentaram 16 vezes, em comparação com 2021, e mais gente está de olho em peças fúcsia, azul elétrico e multicolorida. 

As marcas estão apostando em tons fortes para “acender” as roupas de inverno, que tradicionalmente aparecem em tons sóbrios. Há quem queira preencher o cinza da rotina — ou da alma — com mais brilho e cor. E isso é capaz, sim, de mudar a forma como algumas pessoas enxergam e lidam com o mundo. Aquele casaco de lã pink ou laranja, dois tons em alta no momento, consegue dar um up em qualquer humor. 

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No TikTok, um termo ganhou destaque: o “dopamine style” – ou “dopamine dressing” –, e diz respeito ao uso de roupas coloridas e vibrantes para melhorar o humor e a sensação de bem-estar. Como o nome sugere, o ‘estilo dopamina’, se refere ao neurotransmissor conhecido como hormônio da felicidade, por provocar sensação de prazer, recompensa e alegria. 

A psicóloga de moda estadunidense Dawnn Karen, apelidada de “The Dress Doctor” pelo The New York Times, cunhou o termo em seu livro, Dress Your Best Life (vista sua melhor vida, em tradução livre). “Isso não é um remédio, mas já vi pessoas muito tímidas vestirem uma roupa colorida e se tornarem fabulosas e livres”, pontua, em sua publicação. Mas ela deixa claro que não existe uma regra, como na cromoterapia: “Para mim, roxos, estampas de leopardo e monocromáticos ousados fazem a diferença, porém, cores, padrões e texturas provocam emoções diferentes em cada pessoa.”

Para a especialista em imagem, comportamento e coloração pessoal, Adriana Masili, professora da faculdade de Belas Artes e do Senac, a cor é “o elemento de primeiro impacto que reconhecemos no outro”. “Quem disse isso foi [o psquiatra suíço] Carl Jung, que falava que a cor tem significados dependendo do contexto em que está inserida. Primeiro vem a conexão com nós mesmos e, em seguida, com a roupa que vestimos. As cores são capazes de trazer sensações, reagimos imediatamente a elas, por isso fazem parte da comunicação não verbal. Nosso jeito de vestir tem muito a ver com intuição. Dependendo do nosso estado, de euforia, alegria, tristeza, acabamos intuitivamente escolhendo cores que representariam o que estamos sentindo.”

Os Millenials compraram 47,8% mais cores e estampas vibrantes em 2021 do que em 2020

Essa influência das cores, explica Adriana, é comprovada por inúmeros estudos desde Leonardo da Vinci e mostra que elas são capazes de passar sensações. “A cor tem três dimensões: pode ser quente ou fria, opaca ou luminosa, clara ou escura. E estão associadas a sentimentos. É fato que reagimos a cores quentes com alegria e a cores frias com introspecção; a luminosas com euforia, e opacas com mais seriedade. Tons mais claros transmitem suavidade e delicadeza e escuras, mais sobriedade”, diz a professora, ensinando que para melhorar o humor o amarelo é indicado por ser uma cor solar, que propicia criatividade e alegria.

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Apesar dos estudos e das teorias sobre o tema, ainda não há consenso científico sobre o efeito exato das cores na psiquê humana – principalmente porque essas associações são complexas, subjetivas e, de alguma forma, individuais. A resposta emocional de alguém diante de determinada cor pode ser relacionada a fatores que vão de experiências pessoais até acontecimentos históricos e culturais. 

De toda maneira, são fortes os indícios de que determinados tons impactam nossas emoções. No dia em que você estiver se sentindo sem carisma, experimente vestir algo vibrante, saia esbanjando energia e perceba o astral a seu redor. 

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