Suor nas mãos, a perna inquieta durante uma prova, dificuldade de concentração pela espera de um evento importante. Quem nunca? O brasileiro é o indivíduo mais ansioso do mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 18,6 milhões de pessoas sofrem de ansiedade no país.
Diferenciar uma ansiedade comum do transtorno de ansiedade é importante para buscar um tratamento
De acordo com o Ministério da Saúde, o transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é uma situação caracterizada pela preocupação excessiva e crônica sobre diferentes temas, associada à tensão aumentada.
“A diferença entre a ansiedade normal para o TAG é que o segundo tem um sofrimento muito importante a ponto de interferir nas atividades habituais”, diz Francine Nunes Moreira, médica formada pela Faculdade de Medicina do ABC, psiquiatria pela Unifesp.
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Acenda o alerta
Diferenciar uma ansiedade comum do transtorno de ansiedade é importante para buscar um tratamento adequado e poder viver uma vida que não paralise o indivíduo. “Quando começa a interferir na vida cotidiana e também na relação com o sono (dormir demais ou de menos) e na alimentação, a ansiedade abre um leque para várias comorbidades. Ela sai do âmbito da normalidade e vai para o patológico”, diz o psicanalista Alexandre Patrício, criador do podcast Psicanálise de Boteco e autor de livro homônimo.
Sintomas do transtorno de ansiedade
Entre os sintomas mais comuns estão as palpitações, falta de ar e taquicardia, considerados suficientes para acender o alerta para procurar um tratamento. “Uma sudorese fria, ondas de calor, náusea, dores de cabeça, formigamento, tudo isso são sintomas que podem acontecer na ansiedade”, explica Francine.
Além dos citados pela médica, veja quais são os outros sintomas:
- Inquietação
- Fadiga
- Irritabilidade;
- Dificuldade de concentração
- Tensão muscular
- Palpitações
- Falta de ar
- Aumento da pressão arterial
- Sudorese excessiva
- Dor de cabeça
- Náuseas
- Aperto no peito
- Dores musculares
Tratamento para ansiedade
Se mais de um sintoma te acompanha quando o assunto é ansiedade, é o momento de buscar um tratamento, entendendo qual terá mais sentido dentro da sua individualidade. Segundo Alexandre, tudo depende do grau de sofrimento.
“Se a ansiedade está muito avançada, a medicação é uma das saídas, mas dependendo do grau, a terapia, a análise, já consegue dar conta, mas vale lembrar que o tratamento também precisa estar atrelado a uma prática de exercício físico.” Uma das ferramentas que também auxiliam quanto aos sintomas da ansiedade é a prática de meditação guiada.
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Faça as pazes com a ansiedade
Zerar a ansiedade infelizmente não é possível, mas conviver com ela de forma menos agoniante pode ser um caminho. “A pandemia aumentou a incidência de ansiedade, porque as pessoas percebiam que não tinham controle, e tudo que escapa do nosso controle gera ansiedade”, comenta Alexandre. Como, então, podemos fazer as pazes com a ansiedade?
Um dos pontos é entender a causa da ansiedade, quais são as situações em que os gatilhos são gerados. Segundo Francine, se atentar a esse detalhe faz toda a diferença. “Se estou muito ansiosa em relação ao trabalho, será que tem algo que posso modificar? Nesse ponto, a ansiedade pode falar de alguma questão que esteja acontecendo, mas que ainda não é perceptível.”
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Como ajudar quem tem ansiedade
Viu um amigo, familiar, até mesmo um desconhecido tendo uma crise de ansiedade e não sabe o que fazer? Essa é uma dúvida de muitas pessoas que convivem com um ansioso.
De acordo com Alexandre, o principal passo é oferecer acolhimento e validar os motivos que levaram a pessoa a ter uma crise, seja por ela ter sido causada por uma prova que vai acontecer ou por uma viagem a trabalho. “Quando você invalida a dor de alguém, você causa um sofrimento maior e ela se sente culpada. Para quem convive com alguém que tem ansiedade, a dica é ouvir de forma disponível.”