O vibrador, que é para ser apenas uma fonte de prazer, acaba se tornando origem de angústia para muitas mulheres por causa da desinformação. É o caso das pacientes da ginecologista e terapeuta sexual Sandra Portela. “Elas sempre me perguntam se podem acabar ficando viciadas pelo brinquedo e não ter mais interesse nos parceiros. O que eu digo é que ele pode até te fazer chegar ao orgasmo, mas não dá beijinho nem te chama de linda”, conta.
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No entanto, Sandra lembra que podemos ter compulsão por qualquer coisa. “Os vícios acontecem porque a pessoa está em uma situação não resolvida e supre isso de alguma forma”, diz. O mesmo vale para o uso do vibrador. Se o acessório for uma válvula de escape para questões emocionais, ele pode sim “viciar”, no sentido de se tornar uma muleta. Mas isso não é culpa do vibrador em si, mas da sua situação psíquica no momento.
E é por isso que precisamos estar sempre atentas aos sinais do corpo e procurar ajuda quando for necessário.
Síndrome da Vagina Morta
Também há uma espécie de lenda urbana chamada Síndrome da Vagina Morta, que seria a diminuição da sensibilidade por conta do uso do vibrador. Isso é conversa, já que não há evidências científicas que comprovem essa “síndrome”.
Pensando em trabalho, dívidas e outras “dores da alma”? Dá-lhe vibração!
O que pode acontecer é sentir a necessidade de aumentar a intensidade de seu vibrador quando estiver com a cabeça cheia demais no momento do prazer. “Como não percebo as sensações por estar com a mente desconectada do corpo, vou precisar de mais estímulos. Mais ou menos a mesma lógica de quando preciso de um som mais alto para deixar de ouvir o ruído da cabeça”, explica a terapeuta sexual. Pensando em trabalho, dívidas e outras “dores da alma”? Dá-lhe vibração para dar conta de tanta distração.
Tecnologia a favor do orgasmo
Porém é quase consenso entre especialistas que o nosso corpo se acostuma a chegar ao orgasmo da forma mais fácil (provavelmente usando um vibrador) e, por isso, é importante variar os estímulos. Bora ativar a criatividade? Você também pode usar um sugador de clitóris, aumentar e diminuir a vibração, explorar outras partes do corpo – como os seios – e o que mais você quiser fazer. Mas não se esqueça: há muita tecnologia a favor do orgasmo!
Inclusive, uma pesquisa do Cedar-Sinai Medical Center, nos Estados Unidos, sugere até que os médicos comecem a prescrever o uso regular de vibradores para mulheres, já que eles melhoraram a saúde do assoalho pélvico, reduzem dores na vagina e levam a melhorias na saúde sexual geral. Além de reduzir o estresse e melhorar o sono. Sim, é bom nesse nível.
Quem é “melhor de cama”?
E é claro que o parceiro não vai conseguir chegar naquela mesma velocidade que o vibrador ou o sugador e pode ser que, em comparação direta, a gente possa achar o acessório mais gostoso. Principalmente se ele ou ela for o tipo de pessoa muito focada em penetração. O sugador com certeza vai ser melhor de cama. “Mas uma boa parceria traz toques em outras partes do corpo, outras sensações que, mesmo sem aquela velocidade de vibração, vai suprir o estímulo”, afirma a terapeuta sexual.
A possibilidade da mulher ter prazer sozinha causa medo nos homens
Até porque a gente pode chegar ao orgasmo até sem a parte física, em um sonho ou apenas com toques que estão muito longe do clitóris. Por isso, não existe vibração intensa demais. O que existe é falta de informação, que alimenta o moralismo e mantém uma repressão à sexualidade feminina. “Se a mulher nunca se estimular, não vai questionar o homem se ele não conseguir lhe dar prazer”, fala Sandra. “A possibilidade da mulher poder ter prazer sozinha causa um medão. Porque o parceiro poderá ser cobrado e daí não vai dar mais pra focar apenas no próprio orgasmo. Mas isso se conversa e se aprende”.