Escritórios 'menopausa-friendly' evitam prejuízo nas empresas - Mina
 
Seu Trabalho

Escritórios ‘menopausa-friendly’ evitam prejuízo nas empresas

Existem pessoas e países no mundo pensando em como criar ambientes de trabalho que acolham mulheres na menopausa. No Brasil isso parece que é "pedir muito", o que não sabem é que estão perdendo dinheiro.

Por:
3 minutos |

A discussão é importante e, para muitos especialistas, não recebe a atenção que merece. O climatério – que começa por volta dos 40 anos e vai em média até os 65 – coincide com o período em que muitas mulheres estão chegando ao ápice de sua vida profissional e assumindo cargos de liderança. 

Na América Latina, organizações como a “No Pausa” promovem a discussão, e no Brasil diversas iniciativas estão surgindo para “popularizar” o assunto – não só quando envolve danos financeiros. Na opinião da Dra. Jewel Kling, médica e professora de medicina que estuda a menopausa na Clínica Mayo, no Arizona, o primeiro passo para evitar que a menopausa seja um fator de discriminação pessoal e profissional é aumentar a conscientização pública ao redor desta fase da vida.

“As pessoas dizem: ‘Sim, eu sei que fogachos e suores noturnos estão associados à menopausa, mas não esperava que problemas de sono, alterações de humor e irritabilidade fossem parte disso’”, comentou em entrevista ao The New York Times. “Se não sabemos o que é a menopausa, como vamos abordá-la ou cuidar dela?”, levanta o ponto.

Tão boas quanto os homens médios

Para Silvia Ruiz, jornalista, autora da coluna Ageless e sócia da Re.Age este ainda é um “tópico sensível” no mercado de trabalho brasileiro. “Se muitas empresas já se assustam com a licença-maternidade, imagina trazer este outro ponto para elas? A desigualdade de gênero no âmbito profissional só aumentaria”, acredita. 

De fato, o cenário brasileiro é ainda mais complexo que os internacionais. Segundo o estudo “Estatísticas de Gênero – Indicadores sociais das mulheres no Brasil” do ano de 2024, do IBGE, apenas pouco mais da metade das mulheres estão no mercado de trabalho no Brasil, e a diferença aumenta com a idade: quando falamos de cargos de gerência, apenas 27,1% deles são ocupados por mulheres com mais de 60 anos. 

“O mais curioso”, reforça Silvia Ruiz, “é que mesmo com todas as dificuldades, com as turbulências hormonais, com a falta de memória, com o medo de não performar como antes, ainda somos tão produtivas quanto os homens”, diz citando uma frase dita pela neurocientista PhD Lisa Mosconi, que há pouco lançou o livro “O Cérebro e a Menopausa: a Nova Ciência Revolucionária Que Está Mudando Como Entendemos a Menopausa”

“Quando conversei com a Lisa sobre o assunto, ela me disse uma informação que nunca esquecerei. Durante a menopausa nós apenas ‘descemos’ ao nível dos homens. Sim, os homens, que são a maioria dos CEOs e ocupam a maior parte dos cargos de liderança nas empresas no Brasil, estão no mesmo nível em testes cognitivos que mulheres na menopausa”, conclui Silvia.

Isso significa que você não precisa se culpar por estar nessa fase da vida, ou ter pesadelos com o tema. Sonhar com um ambiente de trabalho “menopausa-friendly”, por enquanto, é o que nos resta, mas começar a falar sobre o assunto e divulgar informação de qualidade é o começo. 

Mais lidas

Veja também