Aplicativos de amizade para fazer novas conexões - Mina
 
Seus Relacionamentos / Reportagem

Match de amizade: estes apps facilitam a busca por novas conexões

Não é impressão: fazer amigas na vida adulta pode ser mais difícil, sim. Mas, ainda assim, tá cheio de gente procurando boas companhias nos apps de amizade pra trocar figurinhas, marcar programas em grupo e criar conexões afetivas

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O universo dos relacionamentos e do sexo casual se transformou com os aplicativos de paquera. Entre as muitas mudanças provocadas por eles, destaca-se a praticidade para conhecer gente nova. Quer transar? Conhecer um novo amor? Flertar por esporte? Só baixar o Tinder, o Bumble, o Happn, ou outros similares, arrastar para o lado e ser feliz a cada “match”. O que faz muita gente pensar: não seria incrível se existisse algo parecido para fazer amigos? Afinal, às vezes queremos novas companhias para além do interesse amoroso. Pois bem: a boa notícia é que existe – e nós testamos.

Muitas das mulheres que conversamos estavam buscando reativar a vida social após o término

O Bumble tem a função “BFF” para quem está em busca de novos amigos. Já o Tinder permite colocar “novas amizades” como interesse, porém é apenas um selo que aparece no seu perfil. O Patook é 100% focado em amizades e tem até detector de flerte, enquanto com no MeetUp você pode facilmente se juntar a uma comunidade que se encontra, por exemplo, às sextas à noite para treinar inglês ou aos domingos à tarde para praticar yoga – o foco dele é propiciar vivências coletivas. Nos cadastramos  nesses e em outros apps relacionados e nos deparamos com uma quantidade enorme de mulheres buscando amigas para “sair e compartilhar planos”, “conhecer novos restaurantes”, “fazer compras” ou, simplesmente, “sentar, tomar um coquetel e falar da vida”. 

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Muitas das mulheres que conversamos estavam buscando reativar a vida social após o término de relacionamentos. Outras vivendo em uma nova cidade/país, retornando às cidades de origem ou querendo ampliar os contatos porque trabalham de maneira remota. Também encontramos aquelas que acabaram de revelar sua sexualidade ao mundo e procuram ser aceitas por outras mulheres lésbicas, trans, bi ou pessoas não-binárias. De todo modo, a grande maioria dessas mulheres não tem filhos, nem vive um relacionamento amoroso. 

Minhas amigas são o amor da minha vida”

“As mulheres que geralmente buscam os apps para estabelecer conexões de amizade são aquelas que não se submeteram (ou em algum ponto de suas vidas romperam) à ideia do amor romântico. Elas passam, então, a questionar como vão estabelecer vínculos e os aplicativos são uma possibilidade”, avalia Taynah Marillack, psicóloga e mestre pelo Programa de Psicologia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Para ela, tirar os relacionamentos amorosos do centro da vida dá espaço para investir em outros formatos de relação. “Falo em investimento porque, geralmente, absurdos vindos de homens são tolerados, mas há pouco espaço para poder errar nas amizades”.

Bastante gente se queixa da dificuldade de fazer amigas depois de adultas. Um dos motivos tem a ver com o fato de que, em determinado momento da vida, muitas passam a priorizar namorados, maridos, esposas e afins. “Uma das características da relação monogâmica é, justamente, que ela vai dinamitando as suas outras relações. A ideia de que o casal tem que estar no topo da hierarquia dos afetos e, no segundo nível, estariam os familiares e as amizades é bastante presente”, explica Mar Bastos, jornalista que traduziu o livro Desafio Poliamoroso, por uma nova política dos afetos, de Brigitte Vasallo. “O bom é que essas hierarquias são desmontáveis, podemos experimentar novas maneiras de nos relacionar”.

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Tinder das amigas

Tem tantas mulheres buscando novas amizades que iniciativas para conectá-las umas com as outras vão além dos aplicativos. Mirian Goldenberg, antropóloga e autora de livros como A revolução da bela velhice, por exemplo, criou um “Tinder das amigas” em seu perfil do Instagram. Funciona assim: ela posta uma imagem convidando as suas seguidoras a interagirem entre si e elas atendem prontamente, comentando a publicação e seguindo umas às outras.

“Eu sozinha ando bem, mas com vocês ando melhor”

Mirian teve a ideia porque recebe muitas mensagens de seguidoras desabafando sobre a solidão, principalmente quando a antropóloga posta fotos com as amigas. Por se tratar de um público acima dos sessenta, muitas estão viúvas ou os amigos faleceram, o que deixa o quadro mais complicado, mas os posts da antropóloga têm ajudado. “Centenas delas já se encontram, marcaram viagens. Fico super emocionada, porque fazer com que as mulheres se sintam menos sozinhas e sofram menos com o envelhecimento é um propósito de vida para mim”, relata.

A deliciosa iniciativa tem irmãs mais velhas. Existem vários perfis criados por feministas latinoamericanas com a mesma proposta. O maior deles, @tinderdeamigas, é argentino, tem mais de 29 mil seguidores e há 3 anos conecta pessoas com afinidades semelhantes. “Todos são bem vindes, menos machistas”, sugere a descrição. Que iniciativas como essas se multipliquem! Afinal, a vida fica muito mais colorida quando estamos acompanhadas de outras mulheres para nos amparar e compartilhar bons momentos. É como diz o lema feminista “eu sozinha ando bem, mas com vocês ando melhor”. 

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