Novelas, filmes e contos de fadas. Desde o berço consumimos conteúdos que nos dizem que devemos procurar um homem que nos complete em todos os sentidos, constituir família e ser feliz para sempre. Mas será que isso é mesmo o melhor para todas nós? Vários estudos conduzidos ao redor do mundo indicam que a amizade é a chave para a longevidade, felicidade, bem-estar e, até mesmo, nos torna mais aptos a sobreviver ao câncer.

Se eu pudesse dar apenas um conselho, seria: tenha amigas

E mais! Em seu livro Tudo sobre o amor, Bell Hooks defende: “Muitos de nós aprendemos, ainda na infância, que amizades nunca deveriam ser vistas como tão importantes quanto laços familiares. Entretanto, a amizade é o espaço em que a maioria tem seu primeiro vislumbre de amor redentor e comunidade carinhosa. Aprender a amar em amizades nos fortalece de formas que nos permitem levar esse amor para outras interações com a família ou com laços românticos.” É por isso que, se eu pudesse dar apenas um conselho, seria: tenha amigas.

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Sim, amigas, no feminino. A amizade entre mulheres é tão poderosa que por séculos fomos colocadas umas contra as outras. Quem nunca ouviu a frase “mulher não tem amiga, tem rival”? Interessa ao patriarcado que não criemos laços e redes de apoio, que acreditemos que cada uma de nós está sozinha lutando por aquilo que supostamente importa: a atenção e aprovação de um homem. Dessa forma, durante séculos, não dividimos nossas dores e não nos articulamos para garantir nossos direitos. 

Embora hoje já existam mais conversas sobre sororidade, ainda vivemos numa sociedade que gera nas mulheres a sensação de escassez: como vou ser amiga de uma mulher no trabalho se só uma de nós vai ser promovida àquela vaga? Como posso confiar em outras mulheres perante um bem tão escasso quanto o amor dos homens? Envoltas em desconfiança e julgamento, acabamos sendo privadas da oportunidade de nos unir e dividir um tipo de amor, carinho e cuidado muito especial.

A amizade entre mulheres é revolucionária

A amizade entre mulheres é revolucionária. Amigas que apóiam seus projetos. Amigas com quem você gosta de trabalhar. Amigas para conversar todo dia e também as que demoram para responder. Amigas da vida toda ou aquela amizade relâmpago na fila do banheiro. Amigas que são mães, irmãs e primas. Amigas bem mais novas e a bem mais velhas: são as que dão perspectiva. Amigas parceiras de viagem, de bar, de praia. Que cuidam, que divertem, que ensinam, mandam audiozão e atualizam seus memes. Que dão bronca, que dão presente, que dão carinho, que te dão sobrinhos para amar. 

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Se você é do time que acha que não dá pra fazer amigas depois de adulta, eu te digo que isso é uma baita mentira. Acontece que, depois de adultas, muitas investem toda sua energia nos relacionamentos amorosos e família. Mas lá fora há uma legião de mulheres se sentindo solitárias, como você. Vá ao encontro delas: numa aula, num esporte coletivo, num bloco de carnaval, no templo da sua fé, na pracinha onde as crianças brincam. Ofereça sua mão com vulnerabilidade e, como magia, outra mulher vai segurar.

Tenha amigas, seja amiga. É como diz o Emicida, “quem tem um amigo tem tudo, é um ponto pra escorar quando for absurdo, é um ombro pra chorar depois do fim do mundo”.