Água é essencial para que cada célula do nosso corpo funcione plenamente. Somos 70% água, e ela não só hidrata tudo – tudo mesmo, das córneas aos fios dos cabelos, dos órgãos internos até os tecidos do cérebro –, como transporta os nutrientes que consumimos, o oxigênio e os sais minerais de que precisamos, e expulsa toxinas através da transpiração e do xixi.
Não à toa você pode sentir uma dorzinha de cabeça em um dia no qual bebeu pouca água. Não à toa, a pele, a respiração, o sono e a disposição se alteram quando se esquece de se hidratar. Até aí, estamos todos de acordo. Mas será que há de fato uma quantidade certa para se consumir por dia? Todo corpo precisa da mesma medida? Qualquer líquido entra nessa conta? E mais: há prejuízos em ter uma hidratação sistematicamente capenga? Prepare a garrafinha porque – sim – ela pode ser uma aliada.
Beba 35 mililitros de água para cada quilo do seu peso
Antes de mais nada, abandone a ideia tão propagada de que são necessários dois litros de água distribuídos em oito copos de 250ml em um dia. Há fatores únicos que influenciam nessa conta, como o tamanho, a idade e o histórico do corpo em questão, a temperatura externa e o suor. Alguém que acabou de fazer uma aula de hot yoga (a prática acontece em sala aquecida entre 38° e 40°) vai precisar de muito mais água do que alguém que passou as últimas horas no escritório com ar condicionado. A quantidade de água que você precisa por dia também depende da sua saúde. Pessoas com infecção urinária ou pedras nos rins vão tomar mais do que as que fazem uso de medicamentos diuréticos, por exemplo.
Dito isso, é importante frisar que faltam consensos na ciência quando o assunto é a quantidade ideal de água que um ser humano deve tomar por dia. Isso porque cada corpo é um corpo e os metabolismos variam demais de pessoa para pessoa.
Mina chegou a três recomendações que partem de diferentes fontes, todas médicas, mas que terminam em conclusões próximas e podem ajudar a resolver o dilema da hidratação: água por quilo, cor da urina e a sede. Vamos aos detalhes. A recomendação dada pela endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) Lorena Amato e seguida pelos médicos mais tradicionais, é a de que devemos ingerir 35 mililitros para cada quilo do nosso peso. Logo, uma pessoa de 70kg, por exemplo, precisaria beber 2 litros e 450ml. Fórmula e resultado precisos, certo? Vale para quem prefere seguir as coisas com rigor e método.
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Cerveja, vinho e drinks são líquidos, mas não entram na conta da hidratação
Se é fácil beber mais de 2 litros de água todo santo dia? Ninguém disse que sim. Se é ok substituir água por suco, chá, vitaminas e outros líquidos? É, e inclusive considere nesta conta frutas e legumes cheios de água como melão, melancia, laranja, chuchu, rabanete, tomate etc e etc. É certo que alimentos e preparações ricos em água também vão te hidratar. No entanto, fica o alerta: um refrigerante açucarado até contribuiu para a hidratação, “mas despeja na corrente sanguínea outros componentes, em sua maioria artificiais, sendo nem todos nutrientes”, destaca Lorena. Aqui, vale a boa e velha regra de que você é o que come, sabe? Bem, você é o que bebe também.
E um lembrete: cerveja, vinho e drinks são líquidos, mas isso não significa que valham como água na conta da hidratação. As bebidas alcoólicas são diuréticas e, se em exagero, tóxicas. Ou seja: “ A hidratação que proporcionam é comprometida pela inflamação que causam”, diz Lorena. “Por isso a premissa de intercalar água quando se toma álcool”, continua.
A segunda recomendação vem da nefrologista Andrea Pio de Abreu, da Sociedade Brasileira de Nefrologia, que diz que precisamos estar atentas à aparência de nosso xixi. “A urina de uma pessoa devidamente hidratada é translúcida e num tom de amarelo muito clarinho”, explica Andrea. “Claro que não esperamos isso do primeiro xixi da manhã. Como não há ingestão de líquidos no meio da noite, ela será mesmo mais turvo e amarelado. E tudo bem, desde que os próximos não sejam.”
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Por último, tanto Andrea quanto Lorena concordam que a sede é um termômetro preciso de quando você deve beber água. Ouça o seu corpo, só não espere ele gritar de sede. “A ideia de que se manter hidratado exige cálculos complexos e ajustes instantâneos para evitar consequências para a saúde é pouco prática e, honestamente, uma obsessão não justificada pelas informações que temos da ciência” defende Andrea. Segundo a nefrologista, em vez de tornar o seu consumo diário de água mais uma meta para se perseguir, tente o mais simples: “Beba água quando sentir sede. Simples assim”.