Vamos à luta! - Mina
 
Seu Corpo / Reportagem

Vamos à luta!

Originadas em ambientes de guerra, as artes marciais ajudam você a se defender trazendo bem-estar para o corpo e a mente

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“Chuta de cima pra baixo e quebra o joelho dele” é uma frase que você pode ouvir em diferentes treinos de artes marciais. São técnicas de agarramento, derrubada e golpes no combate corpo a corpo, desenvolvidos em diferentes partes do mundo, com o objetivo de se defender e atacar. 

Além disso, a prática de Aikido, Karatê , Kung Fu, Hapkido, Jiu-jitsu, Judô e Taekwondo ensina como se livrar de um oponente, desenvolver suas habilidades físicas e mentais.

“O judô te dá uma reação incrível para desviar de golpes e com isso você se sente segura. Nunca precisei usar, mas sei que se precisar estou pronta, tenho essa tranquilidade para vida” conta Beatriz Souza, atleta do Esporte Clube Pinheiros e medalha de prata no Mundial de judô de 2022.

Habilidades desenvolvidas no tatame são usadas em ambientes profissionais e pessoais

Não é preciso ser atleta para sentir a mudança nos reflexos e reações: “O Kung Fu beneficia a percepção do movimento do corpo. Quando você internaliza o reflexo, isso transborda para a vida. Você enxerga melhor o que está acontecendo ao seu redor”, segue a Jiaolian (treinadora) Priscila Norat, que desenvolveu uma aula específica para mulheres na academia HuangShan, em São Paulo.

As aulas de judô, taekwondo e kung fu têm momentos focados em técnicas de autodefesa, e mais da metade das alunas busca isso ao entrar na academia. “A aula (voltada ao público feminino) segue o conteúdo tradicional, mas procuro aplicar exemplos de situações do dia a dia, de como se livrar de um assédio, uma encoxada ou de uma perseguição”, explica Priscila. 

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Além do instinto mais aguçado, “há uma melhora na agilidade, na coordenacao e na explosão” explica o mestre de taekwondo Luis Gustavo Cinquini, que dá aula na unidade Paulista da academia Competition. “Quando falo de defesa pessoal, ensino às mulheres a terem um pouco mais de maldade, é para chutar no pênis de um agressor mesmo.”

Artes marciais ensinam autodefesa e autoestima para as mulheres

Kyra Gracie, oito vezes campeã mundial e quarta geração do clã brasileiro que fez a história do Jiu-Jitsu, divide em seus Instagram técnicas para se defender em diversas situações. Taekwondo e kung fu usam torções e chutes, o judô o peso do corpo, o jiu-jitsu as imobilizações. 

Equilíbrio físico e mental

Todos os mestres e professores são unânimes em dizer que as linhagens de artes marciais podem ser praticadas em qualquer idade, com qualquer biotipo. Com 25 anos, a atleta Beatriz Souza compete na categoria Pesado e diz que o esporte mudou sua relação com o corpo: “sempre fui a maior da sala, não queria chamar atenção. Hoje eu penso, ‘sou grande e linda’ e aprendi que tenho músculos e força. O judô me fez amar meu corpo e meu jeito”.

No tatame do mestre Luís, quem chega nas graduações mais altas aprende também técnicas para se defender de facas e armas. Antes disso, porém, ele ensina como se portar na rua em uma situação de perigo. “A defesa pessoal começa pelo olhar, pela forma como você se comporta diante de uma ameaça.”

O cenário de luta é um ambiente imprevisível, é preciso ter um plano A, B, C…

Além de melhorar a concentração, aliviar o estresse e sentir-se mais segura, outro benefício importante das artes marciais é que as habilidades desenvolvidas no tatame também podem ser usadas para se colocar em ambientes profissionais e pessoais. “Tudo o que se faz em dupla trabalha com a compreensão da energia do outro. E para entender o outro, você tem que saber quem você é e até onde vai, física e filosoficamente falando”, diz Priscila. 

Mesmo vivendo do esporte, Bia Souza tem no Randori – a luta de treinamento do judô – sua válvula de escape: “você está quebrada da semana e vem treinar, está ali pronta, atenta para não causar lesão… Você percebe o instintivo, a questão da sobrevivência, de não querer cair, de reagir a uma ação”.

Qual é a sua?

Aikido – Arte marcial tradicional japonesa, pratica-se de mãos nuas e com armas como o bastão, a espada e a faca de madeira. AI (harmonia/união), KI (energia/espírito), DO (caminho).

Karatê – Arte marcial japonesa, pratica-se de mãos nuas. KARA (vazio), TÊ (mãos). Originou-se no século XVIII na ilha de Okinawa. Ao longo do tempo, diferentes mestres desenvolveram suas próprias técnicas.

Kung Fu – Surgida mais de mil anos antes de Cristo, na região entre China e Mongólia, tem a influência dos monges na sua origem. Suas técnicas incluem mãos nuas e uso de armas como bastão, facão, leque e até bengala.

Hapkido – Arte marcial que se origina quando a Coréia deixa de ser uma colônia da China. Usam técnicas de mãos nuas e com armas, combinadas com contenção de respiração e concentração e controle do corpo, obtidas em templos budistas.

Jiu Jitsu – O uso mais antigo da palavra data de 1532 no Japão. Em 1904, um mestre japonês de Jiu Jutsu chega ao Brasil, e um de seus estudantes é Hélio Gracie. Hélio desenvolve mais técnicas de luta no solo e “full contact”, e dá origem ao BJJ “Brazilian Jiu Jitsu, conhecido pelos desarmes e imobilizações.

Judô – O Jiu-Jitsu japonês de 1532, arte que usa do próprio corpo para ataque e defesa, é a origem do judô, ‘fundado’ em 1882 no Japão pelo mestre Jigoro Kano, com código de conduta moral que inclui a cortesia, coragem, honestidade e amizade. É considerado um esporte olímpico desde 1964. JU (suave) DO (caminho).

TaeKwonDo – Arte marcial originada na Coréia, no período em que essa era dividida em três reinos. O nome, porém, só é criado após a Segunda Guerra Mundial, na Coreia do Sul, da união de vários estilos marciais. Mãos nuas e chutes voadores são sua

característica. É esporte olímpico desde 2000.

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