Para além da pirâmide alimentar: como manter uma alimentação saudável - Mina
 
Seu Corpo / Reportagem

Para além da pirâmide alimentar: como manter uma alimentação saudável

Equilíbrio é tudo, principalmente na alimentação. Não é à toa que existem diversos guias para auxiliar nossas escolhas nutricionais. A pirâmide alimentar é apenas um deles.

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Todo mundo sabe que a alimentação saudável é um pilar fundamental para o bom funcionamento do corpo e da mente. Mas o que significa exatamente? Existe uma quantidade certa para cada tipo de alimento? Quantas vezes devemos comer por dia? A boa e velha Pirâmide Alimentar é um bom guia para responder a essas e outras perguntas – mas não é o único. 

​​O que é a Pirâmide Alimentar?

A Pirâmide Alimentar foi criada em 1992 pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e não demorou a se tornar conhecida mundialmente como ferramenta para ajudar a planejar as refeições diárias. Seu objetivo era promover equilíbrio e hábitos alimentares adequados, a fim de prevenir o surgimento de doenças como diabetes e pressão alta. Uma forma de nortear as políticas públicas e os profissionais de saúde para a educação nutricional da população.

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Segundo a nutricionista Roberta Horschutz Stella, mestre em Saúde Pública, a Pirâmide Alimentar foi uma forma gráfica escolhida para traduzir, através de termos claros e simples, conceitos básicos de alimentação. Ela é dividida em 7 grupos, sendo o primeiro a base da alimentação e o oitavo a ser consumido com mais parcimônia. São eles:

Grupo 1: Cereais, pães e tubérculos
Grupo 2: Hortaliças
Grupo 3: Frutas
Grupo 4: Leguminosas
Grupo 5: Carnes e ovos
Grupo 6: Leite e derivados
Grupo 7: Óleos e gorduras
Grupo 8: Açúcares

pirâmide alimentar
A tradicional pirâmide alimentar

O Prato: Alimentação Saudável

Apesar da pirâmide continuar sendo referência pelo mundo, atualizações são sempre necessárias. Em 2011, especialistas em nutrição de Harvard apresentaram um novo guia para refeições saudáveis e equilibradas, chamado ​​O Prato: Alimentação Saudável. Como o nome diz, ele é representado por um prato, que mostra as quantidades ideais de cada alimento, além de sugerir a inclusão da prática de exercícios físicos na rotina. 

Esse novo guia estaria livre de interesses da indústria e pressões políticas, para oferecer recomendações mais precisas. A ideia é preencher metade do prato com frutas e legumes, um quarto com grãos integrais e o outro com proteínas, como peixe, aves, feijão e nozes. Além disso, ele recomenda o uso de óleos vegetais e um copo de água, café ou chá.

o prato: guia para uma alimentacao saudavel
O prato: Alimentação Saudável, desenvolvido em Havard

Guia Alimentar Para a População Brasileira 

Roberta explica que, mesmo que a gente possa se inspirar nas recomendações norte- americanas, é importante que essa representação gráfica dos guias alimentares – e não somente as informações contidas nela – esteja de acordo com a cultura da população a que se destina. Esse processo de pesquisa deve levar em conta dados sobre a cultura, oscomportamentos e a situação da saúde local que fundamentam as dietas e as metas nutricionais. 

No Brasil, a repercussão da Pirâmide Alimentar inspirou a criação de um modelo local, que refletisse a nossa realidade. A primeira versão do guia brasileiro foi divulgada em 2006 e, oito anos depois, atualizada após uma reavaliação e um processo de consulta pública. Hoje Guia Alimentar Para a População Brasileira é um importante instrumento de apoio às ações de educação alimentar e nutricional no SUS (Sistema Único de Saúde) e também em outros setores. Ele leva em consideração nossos hábitos, como a presença do arroz e de feijão no ‘prato feito’ de todo dia, além de sugerir cardápios com ingredientes locais, como cuscuz de milho e mandioca. E ainda prioriza alimentos frescos, in natura, como frutas, carnes e legumes, e minimamente processados, como arroz, feijão e frutas secas. Ou seja, comida de verdade!

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É recomendado evitar os processados, como conservas de legumes, compotas de frutas, queijos e pães, mas principalmente os ultraprocessados, como macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote e refrigerantes. Há ainda explicações sobre como escolher, conservar e manipular os alimentos. São cinco capítulos bem explicativos sobre o que é alimentação saudável, mais outros com dicas e recomendações fáceis de seguir. Para Roberta, o maior ponto positivo está justamente em explicar as quatro classificações de alimentos: In natura e minimamente processados, Ingredientes culinários, Processados e Ultraprocessados. “É uma inovação, já que o guia se baseia no grau de processamento do alimento e não no tipo de nutriente presente nele.” 

Aqui algumas dicas fundamentais do guia para levar para a vida:

  • Priorize alimentos in natura (frescos) ou minimamente processados
  • Utilize óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar
  •  Limite o consumo de alimentos processados e evite alimentos ultraprocessados
  • Coma devagar e desfrute o que está comendo, sem se distrair com outra atividade (como televisão ou celular)
  • Sempre que possível, compre alimentos orgânicos e de base agroecológica, de preferência diretamente dos produtores
  • Cozinhe! Peça dicas e receitas a familiares, amigos e colegas, leia livros, consulte a internet, faça cursos
  • Planeje seu tempo para dar espaço à alimentação e ao preparo das refeições
  • Fora de casa, dê preferência a locais que servem refeições feitas na hora
  • Beba água
  • Faça exercícios físicos e movimente o corpo

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