Você sabia que o olfato pode distinguir até 10 mil cheiros diferentes enquanto o paladar, outro sentido muito desenvolvido no humano, consegue avaliar apenas cinco gostos distintos? Ao todo, temos acima de 25 milhões de células capazes de capturar os mais diversos odores. O olfato também está diretamente ligado ao sistema límbico: parte do cérebro onde as memórias ficam armazenadas e de onde as emoções surgem. Por isso, certos odores despertam sensações, desde lembranças que são ativadas até dar uma abaixada na ansiedade.

Os benefícios químicos dos aromas estão sendo usados para criar cosméticos cada vez mais elaborados 

Não é à toa que os cheiros vêm sendo tratados como protagonistas na busca pelo bem-estar. Enquanto a aromaterapia usa da essência das ervas para ajudar a lidar com distúrbios, amenizar dores e a induzir sensações de relaxamento e animação, a indústria da beleza também vem se apossando dos benefícios químicos dos aromas para criar cosméticos cada vez mais elaborados, os chamados neurocosméticos. 

Os cheiros e os neurocosméticos

De maneira resumida, os neurocosméticos são cremes, óleos, séruns e afins que contêm substâncias ativadoras de neurotransmissores (como serotonina, dopamina e adrenalina) e neuromediadores (que possuem a capacidade de prolongar ou reduzir o efeito de um neurotransmissor). Como o olfato é um dos principais sentidos para causar essa reação cerebral e liberar essas substâncias, os cheiros se tornaram importantes aliados desse tipo de produto. 

Especialista em aromacologia (ciência que estuda a relação entre cheiros e emoções) e autora do livro Aromacologia: uma ciência de muitos cheiros, a engenheira química Sonia Corazza explica como um creme perfumado consegue trazer efeitos positivos para o organismo. “Qualquer cosmético que contém compostos fragrantes pode afetar o sistema límbico cerebral. Com a formulação correta, um neurocosmético é capaz de afetar desde as suas emoções até a qualidade da pele graças ao disparo de neuromediadores”, resume.

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Uma pesquisa conduzida pela Firmenich, empresa suíça de perfumaria com mais de 125 anos de tradição, responsável pelas fragrâncias dos produtos da Mina, mostrou que o contexto do consumidor também faz toda a diferença para determinada fragrância estabelecer benefícios emocionais. Ou seja, um mesmo cheiro não atinge todas as pessoas da mesma maneira. Questões culturais e o contato com determinados aromas ao longo da vida influenciam na forma como cada pessoa reage a certos odores. Lembra da questão da memória atrelada ao sistema límbico? Então. Por isso, a empresa fez todo um trabalho para desenvolver mapas emocionais para perfis diversos de acordo com os países e regiões.

A aromaterapia é pop 

Um pouco mais difundida, a aromaterapia vem conquistando cada vez mais adeptos nos últimos anos e a projeção é de que o setor cresça globalmente mais 8% até 2027, segundo dados da da pesquisa Coherent Market Insights Aromatherapy Market. Sua base são os óleos essenciais, extraídos de plantas, folhas e frutos. “São substâncias ricas em compostos que melhoram o bem-estar. Ainda, apresentam efeitos que amenizam sintomas de doenças, desconfortos do corpo e ajudam no equilíbrio emocional”, explica Ana Paula Rosa, diretora de produtos na RESPIRA.  

“As combinações de óleos essenciais proporcionam tratamentos precisos”

No total, existem cerca de 30 mil espécies que produzem óleos essenciais – e nós só conhecemos 10% delas. Fora isso, também é possível fazer diversas combinações entre esses compostos, o que amplia ainda mais a gama de produtos. Mas é preciso cautela, levando em conta o princípio ativo de cada composto para fazer misturas, além da associação harmônica de aromas. Denise Dias, também da Respira, frisa: “As combinações proporcionam tratamentos adequados e precisos para questões relacionadas à saúde, bem-estar e beleza. Com elas, ganhamos um número infinito de possibilidades, por isso o conhecimento técnico é fundamental para conseguir mesclar os substratos de maneira equilibrada.”