A expressão “marmita de casal” virou fantasia de carnaval pelo Brasil todo, acumula mais de 316 mil visualizações em hashtag no TikTok e, ao que tudo indica, chegou para ficar. Afinal, em tempos de celebração ao relacionamento aberto, tem muitas pessoas solteiras por aí se aventurando com gente comprometida ou, nesse caso específico, se metendo no meio de casais. E isso pode acontecer de forma romântica, indo mais pra linha de um trisal ou só sexualmente mesmo, uma coisa mais ménage. E não se engane, se um dia a expressão teve ares preconceituosos, hoje ela é vista como um apelido carinhoso e bem humorado.
+ Leia também: O beijo grego abriu um portal para mim
+ Leia também: Chegar ao orgasmo no sexo exige treino: dicas para garantir o seu
Bianca*, 27 anos, já foi “marmita de casal” algumas vezes e adora a experiência. “Sempre fui muito aberta a experimentar coisas novas na minha vida sexual, e essa é uma delas. Gosto da ideia de ter um relacionamento não-monogâmico e ser a terceira pessoa na relação é uma forma de fazer isso sem deixar de lado o romantismo e o afeto”, avalia.
“Gosto de experimentar essa intimidade com mais gente”
Fã de trios, Juliana Mesquita, 44 anos, já esteve tanto no papel da marmita, quanto no do casal. “Gosto de experimentar essa intimidade com mais gente”, compartilha, frizando que esse tipo de relação é tão antigo quanto qualquer outra, mas a novidade está nas pessoas começando a assumir publicamente. Bissexual, ela comemora quanto tem a oportunidade de dividir a cama com uma mulher e um homem ao mesmo tempo. “Fico feliz para qualquer lado que olhe”.
Mas nem tudo são flores. Bianca diz que algumas pessoas têm dificuldade em entender como funciona esse tipo de relação, o que gera alguns estresses. Mas, ainda assim, enxerga como uma experiência enriquecedora. “Me ajuda a me conhecer melhor psicologicamente quanto fisicamente. Amo me explorar.” Já Luana*, 38 anos, não achou tão empolgante assim. Experimentou o papel de marmita por alguns meses com um casal, e acabou percebendo que, pra ela, essa não era a melhor forma de relacionamento.
+ Leia também: Sabe qual é o melhor amigo do homem?
+ Leia também: Elas vivem sem sexo: por que estas mulheres escolheram o celibato
“Não me sentia tão valorizada quanto as outras duas pessoas (o casal). Era como se eu fosse apenas um nada, algo que eles podiam usar quando queriam e descartar quando não queriam mais”, lamenta. Fora que o casal começou a brigar bastante, e Luana não se sentia bem em ficar no meio. “Acho a experiência válida, mas preferiria não ter passado por aquilo. A meu ver, não dá certo. As pessoas se dizem preparadas para um terceiro elemento no relacionamento, mas, na realidade, não estão.”
Combinado é mais gostoso
Só com essas três histórias já deu para ver que, como tudo no universo dos relacionamentos, ser “marmita de casal” é uma experiência muito particular, não é mesmo? De todo modo, o importante é ter em mente que todas as partes envolvidas precisam estar de acordo: metade 1 do casal, metade 2 e a querida marmita. Consentimento e respeito em uma via triangular. Como em todo tipo de relação, a comunicação aberta e honesta é essencial para que ela funcione. É preciso estabelecer limites claros, entender as expectativas e desejos de cada um e estar disposto a negociar e ajustar a relação de acordo com as necessidades de todos.
“Observe antes de agir – a relação estabelecida é a prioridade”
Se embrenhar na cama e no romance com um casal pode abrir um universo de possibilidades de prazer e afeto, mas é importante lembrar que também pode ser emocionalmente desafiador. É preciso ter coragem e se aventurar com responsabilidade, sempre lembrando que o amor não é uma coisa limitada: ele é multifacetado e pode ser compartilhado de diversas formas e intensidades, assim como o tesão.
Expert no assunto, Juliana tem dicas preciosas para quem quiser embarcar na experiência. “Desapego para começar. Caso te interesse só um dos dois, observe antes de agir – a relação estabelecida é a prioridade –, mas olhos no olhos resolve muita coisa. Caso tenha tesão nos dois: corra pro abraço, se joga e aproveita!”.
* Nomes foram trocados a pedido das entrevistadas