É cada vez mais frequente, principalmente nas famílias pretas e de baixa renda, os jovens conquistarem a tão sonhada ascensão em suas carreiras, tornando-se os primeiros a trabalhar em grandes empresas. Como consequência desse feito, acabam atingindo determinados salários, o que gera uma forte cobrança sobre eles, afetando-os emocionalmente, mentalmente e fisicamente.
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Embora a trajetória tenha sido de muita dedicação para chegar onde chegou, e ter a satisfação pessoal pelo sucesso conquistado, essa nova posição pode ocasionar uma série de inseguranças e responsabilidades, desencadeando sentimentos negativos relacionados a essa ascensão, tais como:
Proporcionar tudo à família não é um problema, mas não deve se tornar obrigação
Culpa
Por acessar alguns eventos, lugares e coisas que a sua família nunca chegou nem perto.
Medo
De perder tudo, o tempo todo. Quando se olha ao redor e não vê nenhum dos seus, ou pessoas parecidas com você em sua posição, a tendência é cair na insegurança – hoje conhecido como síndrome do impostor – a ponto de pensar: “Será que eu sou tudo isso? Ou será que foi sorte?”
Peso
De ser a salvação da família. Querer proporcionar tudo o que é possível a todos e colaborar para o bem-estar de quem sempre te apoiou, não é um problema, principalmente quando se atinge uma melhor condição financeira. No entanto, tal condição se torna um problema quando é atrelada à ideia de obrigação ou quando passa a prejudicar o seu próprio bem-estar.
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Autocobrança
Se sentir responsável por tudo o que acontece na sua família e se cobrar uma alta performance, excedendo os próprios limites, pode acabar gerando um adoecimento mental e levar ao esgotamento: o burnout.
Para entender as relações familiares, é preciso muito autoconhecimento e terapia, assim como para reconhecer que o nosso sucesso é resultado não só do esforço dos nossos pais, mas também é fruto do nosso próprio empenho e dedicação.
Conversar de forma gentil e paciente, explicando porquê está pesado, mostrando exemplos e situações que são mais comuns ao cotidiano da família, e dizendo claramente porquê isso o afeta tanto, é um caminho para tentar chegar a um equilíbrio.
“Um sobe e puxa o outro”: não deixe que esse caminho fique pesado para você
Nem sempre o jeito como enxergamos e fazemos as coisas é o certo, então, é preciso tomar cuidado para não interferir no destino do outro; e não atrapalhar o seu livre-arbítrio. Nós devemos estar abertos para ajudar, ser apoio, estender a mão e abrir caminho para quem nos apoiou e para quem vem na sequência, mas sempre em um lugar de respeito e estabelecendo uma margem de “segurança” tanto para você quanto para o outro.
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O papel de cada um
Uma das maneiras mais comuns de aprendizado é por meio do exemplo. Quase todo mundo sabe como se comportar em uma igreja, pois a maioria das pessoas tem referências de quem as frequenta, independente de sua religião. Sabemos, de certa forma, que roupa devemos usar, que atitude podemos ou não ter. Da mesma forma, acontece quando falamos de educação, carreira ou de empresas. Há uma série de regras que só aprendemos observando. Quanto mais referências temos, maior a nossa capacidade de se espelhar e realizar esses caminhos. A gente fica sempre querendo puxar e levantar todo mundo, mas às vezes não cabe somente a nós esse papel.
O seu lugar na sua família é de extrema importância e digno de orgulho, mas é preciso sabedoria para conduzir esse caminho com leveza. Mais do que aporte financeiro, o seu familiar pode estar apenas precisando de alguém que o apoie tanto quanto te apoiaram (ou não). Já pensou nisso? Portanto, cuide-se! E não se cobre tanto!