Conferências, capas de revista, artigos e estudos: o ano é 2030 e todo mundo quer saber quem são as consumidoras e trabalhadoras da Geração A (também conhecidas como Alphas). A chegada das jovens nascidas nos anos 10 ao mercado de trabalho e ao poder de consumo está abalando as estruturas.
Desde 2025, o Brasil enfrenta uma crise que impacta todas as áreas dependentes da tecnologia (ou seja, todas as áreas): há cada vez mais vagas abertas e cada vez menos profissionais para preenchê-las. Embora o país tenha algumas expoentes no mundo da tecnologia e ciências, como a astrônoma Larissa Paiva, o fato é que a ampla maioria das jovens brasileiras se encontra em vulnerabilidade econômica e profissional. Elas não foram preparadas nem estimuladas para preencher as vagas que hoje temos disponíveis.
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Isso não as impediu de sonhar alto na busca por um bem-estar que é entendido com demanda coletiva. O desejo de ter um impacto positivo em suas comunidades é grande e elas se organizam politicamente para demandar o direito à segurança, oportunidades e outros direitos.
Há muito pelo que lutar: ainda estamos longe da igualdade de gênero. Mulheres seguem sendo as principais responsáveis pelas tarefas domésticas, não atingimos a paridade salarial e a participação política (embora siga crescendo) não chega a 50% dos cargos.
Nossas meninas não estão sendo preparadas para as profissões STEM
Se a Geração Z é pautada pelas escolhas éticas em seu consumo, as Alpha levam isso a outro patamar. Elas já cresceram sabendo que eram prejudicadas por estereótipos de gênero e nunca aceitaram a existência de papéis, jogos ou brincadeiras “de menino ou de menina”. Sua infância foi marcada por violência cotidiana em casa, na rua e na escola. Hoje, lutam por um mundo mais igualitário e esse desejo de justiça permeia todas as suas relações.
As mulheres do futuro
Esse é um exercício de previsão baseado no relatório Meninas Curiosas, Mulheres de Futuro – uma parceria entre a consultoria 65|10, a plataforma educativa Força Meninas e o Studio Ideias em que mapeamos os principais obstáculos ao futuro profissional das meninas brasileiras e como vencê-los.
Na mais extensa pesquisa sobre o futuro profissional das meninas brasileiras, descobrimos que elas não estão sendo preparadas para as profissões STEM (ciências, tecnologia, engenharia e matemática). Pelo contrário: estão sendo desestimuladas a seguir esses caminhos. Isso impacta o amanhã delas e de todos nós.
A maioria das meninas não conhece mulheres que trabalham em profissões STEM. Elas também declaram mais que os meninos ter dificuldade em matemática, embora essa seja uma das matérias que entendem ser das mais importantes na escola, principalmente para se organizarem financeiramente.
82% das crianças que realizam trabalho doméstico são meninas
Os estereótipos de gênero afetam a forma que elas passam seu tempo: segundo o IBGE, 82% das crianças que realizam trabalho doméstico são meninas. Embora elas terminem mais todas as etapas do ensino, a evasão escolar desse grupo está mais relacionada a gravidez e casamento que a dos meninos.
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Dentro desse cenário, elas sonham com profissões que consideram ter impacto no mundo à sua volta – médica, empresária, juíza, policial –, mas, infelizmente, essas não são as carreiras que terão mais vagas abertas nos próximos anos.
Violência de gênero, estereótipos, aprendizado deficiente em matemática, falta de encorajamento, oportunidades e referências. São muitas as barreiras que as meninas enfrentam hoje para garantir que tenham um futuro de segurança, conforto e tranquilidade. Se não agirmos agora para mudar esse quadro, o futuro não será feminino.