Será que sexo realmente faz bem para a pele? - Mina
 
Seu Corpo / Reportagem

Será que sexo realmente faz bem para a pele?

Transar é gostoso e promove uma série de benefícios, mas ainda não há consenso sobre o impacto na nossa aparência. Fomos investigar o que se sabe até o momento sobre a relação entre sexo e saúde da pele.

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“Oi, meninas, tudo bom? No vídeo de hoje, vou revelar o meu segredo de skincare para vocês: orgasmos – muitos orgasmos”. Será que essa fala ousada teria realmente cabimento se fosse dita em um tutorial de beleza? Afinal, segundo a crença popular, o sexo influencia na vitalidade da pele. Você provavelmente já ouviu por aí que alguém estava com “o brilho de quem transou”.  Mas o que dizem os especialistas? Fomos investigar.  

#AfterSex

Um estudo conduzido pelo psicólogo clínico David Weeks em 2013 concluiu que quem faz sexo com frequência aparenta  ser “mais novo” do que quem não segue uma rotina sexual. O pesquisador britânico passou uma década interrogando milhares de homens e mulheres entre 40 e 50 anos e, segundo sua análise pessou, os entrevistados que pareciam mais novos relataram fazer sexo cerca de três vezes por semana – 50% a mais do que o restante dos participantes do estudo. Para David, isso acontece porque o sexo libera hormônios que deixam a pele mais elástica, entre outros efeitos.

Na mesma época, lá pelos primórdios do Instagram, em 2014, uma hashtag polêmica movimentou a rede social. #aftersex reunia fotos de casais (ou não) posando para a câmera logo após o sexo. Em todas as imagens era evidente o “glow” no rosto dos envolvidos e muita gente entrou na brincadeira só pra ter uma imagem com bochechas coradas no feed do app.

A ginecologista Mariana Rosário explica que esse efeito do pós-sexo acontece por causa da liberação do estrógeno, hormônio sexual feminino, durante a relação. Entre outras funções, ele impacta na manutenção do colágeno, responsável por manter a estrutura, a firmeza e a elasticidade da pele.   

Outros hormônios liberados pelo corpo durante a transa são a ocitocina, a dopamina e a serotonina, diretamente ligados ao nosso bem-estar. Simultaneamente, o nível de cortisol (hormônio que regula o estresse) é reduzido, o que tem impacto direto na nossa pele, já que ele está associado a condições inflamatórias. “Pacientes com acne, rosácea ou melasma podem ter, sim, benefícios de saúde – e de aparência – graças a orgasmos”, defende a médica. 

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Isso sem falar no aumento da circulação sanguínea causado pelos movimentos durante o coito, que garantem aquele vermelhinho “tchan”. É o que acredita a sexóloga Cláudia Renzi. “Atividade sexual é como se fosse uma atividade física. Libera esses hormônios e ainda aumenta o fluxo sanguíneo, o que faz com que o nosso organismo tenha maior facilidade de receber nutrientes e substâncias que impactam a aparência”.

A discordância 

Já para a médica Danielle Aguiar, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia, transar com frequência não garante uma pele impecável. “Nunca receitei sexo como tratamento para uma paciente que se queixava de problemas estéticos”, pontua. Na opinião da dermatologista, outras variáveis – como o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, a exposição solar e alimentação rica em açúcar – impactam mais na saúde da pele do que a mulher fazer ou não sexo.

A médica aponta também que não há provas científicas o suficiente que comprovem essa relação. “Sem dúvidas, o que de fato melhora a qualidade da pele é ter uma vida regrada e equilibrada. Boa alimentação, bons pensamentos, atividade física com moderação. O principal é o uso do filtro solar e evitar a foto exposição exagerada”, defende a dermatologista.

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Nóia dá rugas

Enquanto estudos seguem sendo conduzidos nesse sentido e ainda não há um veredito final sobre o tamanho do impacto da prática sexual na saúde da pele, o importante é não transformar sexo em um fator desencadeante de estresse quando, na verdade, ele deve ser o contrário. A psicóloga Lorena Muniz (criadora da página @sexoamorepsique) acredita que é preciso olhar para as relações sexuais de maneira menos romantizada e, assim, tirar a pressão ao redor do ato. 

“O risco de relacionar sexo à estética é assumir que você não precisa cuidar de mais nada na sua saúde e na sua vida porque você está transando regularmente. Isso não é uma realidade e pode tornar o sexo algo mecânico”, enfatiza. Já imaginou ficar tão noiada a ponto de transar apenas pela busca de resultados estéticos? Não faz o menor sentido. A busca pelo prazer anda de mãos dadas com o relaxamento – e disso, sim, seu organismo todo pode se beneficiar. 

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