Tabata Amaral: “Tabu a gente quebra falando”
Angélica recebe a deputada federal, que tem se articulado desde 2002 no Congresso por iniciativas no combate à pobreza menstrual
menstruação, um processo natural que acontece todos os meses com metade da população mundial, ainda é tabu. Isso somado à pobreza de grande parte dos brasileiros faz com que itens básicos de cuidados menstruais estejam fora do alcance de muita gente. Sabia que 1 em cada 4 meninas brasileiras deixa de ir à escola quando está menstruada por causa da falta de absorventes? Angélica recebe a deputada federal e cientista política Tábata Amaral para falar sobre o tema.
A cientista política está por trás de um projeto para distribuição de absorventes em postos de saúde, escolas e penitenciárias, a fim de diminuir a chamada pobreza menstrual, que também engloba a falta de conhecimento e de saneamento básico. “Moramos em um país tão pobre que, com a perda de renda, a primeira coisa que saí da cesta básica não é o arroz, não é o pão, é o pacote de absorvente”, diz.
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Por mais incrível que pareça, tem muita menina que acredita que a menstruação é uma punição por ter feito algo errado, entre outros mitos. Outra questão é a vergonha de ter a menstruação vazada, o que é bem comum no início do fluxo. “Tem muitos levantamentos que mostram o quanto essas meninas sentem prejudicadas no aprendizado e o quanto isso atrapalha na jornada. Ou seja, a gente precisa falar sobre isso e educar os meninos também”, destaca.
“Ouvi relatos de mulheres que tiveram que tirar o útero porque a gente não quer falar de absorvente”
A pauta está na agenda da deputada desde 2020. Foi só quando ela apresentou o projeto para a distribuição gratuita de absorventes que ela escutou relatos de pessoas próximas sobre o que já fizeram para driblar a falta de produto adequado para reter a menstruação, como miolo de pão, folha de caderno e pano velho. “Também tive acesso a relatos de pessoas que usavam essas soluções, em sua maioria sujas, e tiveram que retirar o útero e se tornaram inférteis porque a gente não quer falar sobre absorvente”.
No entanto, Tábata comemora, pois sente que a conversa avançou em dois anos. Está muito mais fácil falar sobre menstruação e sobre os cuidados que ela demanda. “Ver o quanto a gente já conseguiu avançar nesse tabu me dá muita esperança de que a gente vai conseguir driblar todos os tabus que ainda precisam ser enfrentados”, declara.