Por que as mulheres dormem pior que os homens? - Mina
 
Seu Corpo / Reportagem

Por que as mulheres dormem pior que os homens?

Pesquisas mostram que mulheres são mais afetadas do que homens pelas tarefas do dia e também pelos efeitos dos hormônios. Mas, calma, existem saídas para dormir melhor

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Sempre que vejo o meu gatinho dormindo profundamente, penso que gostaria de fazer o mesmo. Não é de hoje que o meu sono não é lá essas coisas. O que atormenta as minhas noites é o sono fragmentado. Chego a acordar uma, duas, três vezes.

Sou uma mulher de 53 anos, vivendo as oscilações hormonais da menopausa, e, invariavelmente, me sentindo sobrecarregada pelas múltiplas tarefas de trabalhar, cuidar do filho e da casa. Candidata perfeita para engrossar as estatísticas que mostram que nós mulheres temos mais distúrbios de sono que os homens.

Todas as pessoas estão sujeitas a ter problemas para dormir ao longo da vida. Dados do Instituto do Sono de São Paulo revelam que cerca de 70% dos brasileiros têm dificuldades para dormir. E as mulheres são mais propensas ao problema. Uma pesquisa realizada pela Fundação Nacional do Sono dos Estados Unidos, em abril de 2022, mostrou que quase 70% das entrevistadas alegaram ter tido problemas para dormir no mês anterior à pesquisa. Estudos realizados por pesquisadores da Universidade de Oxford (EUA) mostraram que o público feminino tem 40% mais problemas de sono que o masculino.

Mas, afinal, o que torna um pesadelo as noites de tantas mulheres?

Ter dificuldade para adormecer ou permanecer dormindo é comum, especialmente à medida que envelhecemos. Mas as mulheres são de longe as mais afetadas. A culpa é dos hormônios e da sobrecarga de tarefas. Insônia, sono fragmentado, sono insuficiente e apneia são os problemas que mais tiram o sono das mulheres.

O bem-estar da mulher tem uma íntima relação com o sistema hormonal dela. As variações hormonais que acontecem no ciclo menstrual, gravidez e menopausa afetam a qualidade do sono. Durante o ciclo menstrual, a irritabilidade e cólica podem atrapalhá-lo, por exemplo. Na gestação, os hormônios provocam sonolência durante o dia e fazem a mulher levantar várias vezes à noite para fazer xixi. 

“Após o parto, as demandas do recém-nascido, como alimentação e troca de fraldas, também podem interromper o padrão de sono das mulheres”, explica o psiquiatra Arthur H. Danila, Coordenador do Programa de Mudança de Hábito e Estilo de Vida do Instituto de Psiquiatria da USP. “É muito frequente haver uma piora da insônia nas mulheres após o nascimento dos filhos. Por isso, é necessário entender o estilo de vida e a rotina de sono”, alerta a Dra. Luciana Palombini, Especialista em Medicina do Sono do Instituto do Sono de São Paulo. 

Na menopausa a coisa piora e os distúrbios de sono atingem seis em cada dez mulheres. 

Isso acontece, sobretudo, por causa das ondas de calor e o aumento da vontade de fazer xixi, que provocam os despertares noturnos.

A noite de sono da mulher tem muito a ver com o dia que ela passou. Se ela levar para a cama as questões que não conseguiu resolver, isso vai interferir no sono dela. “As mulheres muitas vezes enfrentam múltiplas responsabilidades e podem estar mais propensas a sofrer com estresse crônico, ansiedade e depressão. Esses fatores psicossociais interferem na capacidade de relaxar e contribuem para a insônia’, diz o psiquiatra.

Um problema que não deve ser negligenciado

Conforme foi o seu dia, vai ser sua noite. E conforme foi a sua noite, vai ser seu dia. Quando o sono não é suficiente e reparador, no dia seguinte você vai se sentir cansada, sonolenta, mal humorada, irritada e com as capacidades de concentração, memorização e tomada de decisão afetadas. “Esses efeitos podem interferir no desempenho acadêmico, profissional e atividades diárias”, alerta Arthur H. Dalila. Sem falar nas consequências para a saúde. Luciana Palombini explica que “os problemas de sono podem levar a um maior risco de doenças como infarto, hipertensão arterial, derrame cerebral, diabetes e obesidade.”

A má qualidade do sono pode gerar ainda ansiedade e depressão, completa o psiquiatra. “A falta de sono adequado aumenta a sensibilidade emocional, tornando as mulheres mais propensas a ter reações exageradas diante das situações estressantes. Também contribui para sentimentos de fadiga e exaustão emocional, afetando negativamente a qualidade de vida e os relacionamentos interpessoais”.

Dicas para dormir bem:

1-Estabeleça horários para dormir e acordar.

2-Crie um ambiente aconchegante, silencioso e escuro.

3-Evite bebidas estimulantes, como café e álcool, perto do horário de dormir.

4-Cuide da higiene do sono. Tome um banho quente, leia um livro, faça um relaxamento ou ouça uma música tranquila.

5-Limite o uso dos dispositivos eletrônicos. A exposição à luz azul dificulta a chegada do sono.

6-Controle o estresse com exercícios físicos, yoga e meditação.

7-Evite o uso de remédios para dormir, que podem causar dependência.

E, por fim, considere buscar ajuda. “É importante buscar ajuda de um profissional de saúde qualificado, como um médico especialista em sono ou um psiquiatra. Esses profissionais podem avaliar e tratar os distúrbios do sono de forma adequada, utilizando abordagens terapêuticas personalizadas”, recomenda o psiquiatra Arthur H. Dalila.

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