Perdi o medo de ser mãe, mas ainda não decidi se quero ter filhos

Ter ou não ter filhos? Eis a questão. Dandara Pagu está passando por essa reflexão e decidiu se abrir sobre isso em sua coluna para virar uma terapia coletiva, e assim conseguir expressar as delícias e as dores dos seus pensamentos. “Sofri muito quando era criança, o que me fez pensar que, por isso, eu não deveria ter filhos”, desabafa.

Mais velha de 12 irmãos, Dandara foi criada por sua avó, já que a mãe não tinha condições financeiras para isso quando ela nasceu. “Ela teve uma criação violenta de alguma forma, e acabou reverberando em mim”, diz. Por outro lado, sempre via sua mãe muito sozinha cuidando dos outros filhos. Isso tudo refletiu em um medo muito grande de não dar conta de educar uma criança e uma sensação de que ter filhos atrapalharia a sua independência.

“Hoje em dia, com 34 anos, não penso mais assim. Ter encontrado um parceiro que me passe uma confiança me ajudou a ter mais fé de que a maternidade não precisa ser tão solitária quanto a da minha mãe”, compartilha. Em um sobe e desce de emoções, uma hora bate uma vontade imediata de engravidar, em outra ela pensa que é melhor juntar dinheiro antes, e por aí vai. “Eu sigo nesse quero, mas não quero. E ainda tem o recorte racial para mim, que é proteger meu filho de diversas violências”, reflete. “Mas fico feliz que hoje sinto menos medo de ser mãe”. 

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De todo modo, Dandara ainda não tomou uma decisão, mas destaca que a decisão da maternidade tem que ser inteiramente da mulher, desconsiderando as pressões sociais que existem da família, do casamento, da sociedade. “Seja pelo seu desejo, até mesmo para ter amor, paciência e discernimento para criar esse ser para o mundo. Mas também respeitar quem decidiu não maternar.”