Manuela Dias: “Desejo que você faça menos coisa em 2024” - Mina
 
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Desejos pro seu próximo ano

Manu Dias está partindo para uma novela nova e vai dar uma pausa na sua escrita mensal aqui na Mina, mas antes deixou um texto afetuoso e cheio de boas reflexões para inspirar o seu 2024

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Que você faça menos coisas em 2024

A ideia de otimizar a vida, usar nosso tempo no limite, aproveitar as potências ao máximo, estressar as ideias e desempenhar sempre ao máximo, está nos deixando maximamente esgotadas. Então, desejo, para seu ano de 2024, que você faça menos coisas. E que não precise fazer tudo no seu máximo. Vamos guardar o esforço extremo apenas para situações especiais. 

Que você seja mais distraída

Às vezes, vale a pena não perceber tudo. Eu, por exemplo, nasci com uma espécie de patologia: espírito de Sherlock Holmes. Mesmo sem querer, vejo o detalhe das coisas, escuto, fico sabendo, percebo, noto. Pode parecer balela retórica e você pode pensar que eu ando pela vida com uma lupa em busca de pistas e vestígios, mas não. Pelo contrário, estou sempre envolta em pensamentos e projetos, ideias, diálogos, textos, demandas ainda sem nome, mas os detalhes saltam da paisagem na minha direção e, antes que eu possa perceber, já notei o que, em 80% dos casos, era melhor ter passado despercebido! Um dia, uma querida ex-sogra me disse, do alto de sua sabedoria: ”De vez em quando, é tão bom ser distraída”. Demorei, mas entendi e passo a dica adiante.  

Que você veja mais os seus amigos – ao vivo

“Amizade é o sal da vida”. Jorge Amado já deu a boa. Esse tipo de amor que chamamos amizade tem o melhor custo-benefício entre todas as relações pessoais. Menor índice de cobrança. Não existe traição, é possível ter muitos amigos. Não tem vencimento. Exige uma manutenção baixíssima. Tanto que podemos ficar anos sem ver um amigo que o reencontro ativa todo afeto adormecido. Porém… Não é porque as amizades sobrevivem com pouco que devemos deixar nossos amigos à míngua, levando uma vida de mangueira japonesa – que passa a vida com sede, para dar manga a qualquer gota de água derramada. Bora se ver mais ano que vem. Os amigos são a família que a gente elegeu.

Que você trabalhe um pouquinho menos

No dia a dia, abrimos mão de tudo pelo trabalho. Suportamos tudo, dormimos menos, deixamos de nos cuidar e de ver os amigos, sacrificamos qualquer coisa para cumprir prazos e superar as metas. Muitas vezes, precisamos que alguém adoeça ou que nós mesmos fiquemos doentes para entender que muitas coisas são mais importantes que o trabalho. Claro que vamos cumprir os combinados, mas é preciso pensar antes de combinar para ver o que você está colocando em jogo (ou em risco). Você não vai ter outro 2024 para viver depois de trabalhar o ano inteiro que vem por aí.  

Que você tenha mais contato com a Natureza

Pode ser mar, montanha, trilha, praia, uma horta em casa, um vaso na janela ou na estante. Já está cientificamente comprovado que a relação com a Natureza abaixa os níveis de cortisol em menos de meia hora. No estudo das seis Zonas Azuis – lugares com maior longevidade na Terra –, todos têm como ponto de convergência o hábito da jardinagem. 

Que você leia mais livros 

Ler faz bem, a ciência comprova. Olha que doido: ler 6 minutos abaixa em 68% os níveis de estresse. Ou seja, bate mais rápido que um ansiolítico. Sem falar que ler ajuda a vencer na vida: segundo pesquisa da Pró-livro, 35% dos brasileiros conhecem alguém que venceu na vida graças ao hábito da leitura. E se você sente que é difícil entender os outros, ler pode te ajudar. Ler aumenta a empatia e nos ajuda a entender como os outros pensam e sentem. Além disso, ler protege seu cérebro contra doenças neurodegenerativas como Alzheimer. Ou seja: faz bem, é barato e o livro nem precisa carregar a bateria!

Que você compre menos 

Estamos instaurados em uma crise climática sem precedentes. Enchentes, secas, calor extremo, tsunamis. Ao que parece, tudo que ia acontecer, já está acontecendo. Podemos passar a vida fingindo que o caos climático não tem nada a ver com nosso dia a dia, mas tem. Todos os plásticos que passam pela nossa mão acabam no mar ou em aterros sanitários. A produção desenfreada de roupa gera o descarte de um Coliseu por dia de roupa “velha”. Sendo que eles produzem porque nós compramos. Então, eu desejo, do fundo do meu coração, que você compre menos em 2024. Comprar não vai diminuir nenhuma das suas angústias. Comprar roupa nova está ficando cafona pacas, chique é repetir o look. E além de tudo, ainda pode sobrar dinheiro. 

Que você coma menos carne em 2024

Atualmente, usamos 70% dos nossos recursos hídricos com gado. Cada quilo de carne de boi custa 15 mil litros de água doce. Não existe a menor possibilidade de, com o aumento da população, a humanidade seguir comendo carne diariamente, sem acelerar o colapso climático. Além disso, olha que doideira, ao contrário do que te falaram, carne não é saudável! A famosa proteína da carne tem um altíssimo custo inflamatório para o seu corpo. Se quiser saber mais, procure ver o documentário “Dieta dos Gladiadores” ou pesquisar outras fontes seguras de informação. 

Com esses desejos encerro esse primeiro ciclo de parceria aqui no Mina. Agradeço à Lia Block, Fernando Luna e Angélica o convite, a belíssima receptividade, liberdade e parceria. Agora, outros projetos me chamam.

E muito, muito obrigada a você que dedicou seu tempo a ler meus textos. Desejo que 2024 seja um ano revolucionário na sua vida! 

Todo amor, Manu

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