Lúcia Helena Galvão e a filosofia no cotidiano - Mina
 
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Lúcia Helena Galvão: “Ter bem-estar é saber que meu dia coincidiu com o meu propósito de vida”

Em papo com Angélica, a filósofa defende que aceitar as diferenças alheias e abrir mão de ser os donos da verdade é o caminho para uma convivência harmoniosa e construtiva

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Conviver em harmonia é um desafio. Nunca foi fácil, mas na era do cancelamento e da polarização, muita gente prefere se fechar na própria bolha para não ter que se relacionar com quem pensa diferente. Fica a dúvida se esse é o melhor caminho ou se estamos construindo muros onde deveríamos construir pontes. Para ponderar sobre isso, Angélica recebe a professora e filósofa Lúcia Galvão, que há mais de 30 anos reflete sobre os desafios da convivência.

Se a filosofia está no campo teórico, a especialista nos ajuda a trazer ela para a prática, dentro da vivência do dia a dia. “A filosofia nos ajuda a fixar uma direção, um propósito para a vida como um todo, e depois as reflexões necessárias para que a gente possa transitar por esse caminho”, diz. A partir disso, o ser humano irá saber lidar com os fatores externos e internos e as adversidades que vão aparecer. 

“A convivência serve para podar arestas, em mim e no outro, e é assim que a gente cresce”

Numa realidade em que todos querem ter razão, a professora fala sobre uma convivência que pode ser harmoniosa e sem conflitos. “Quando nós temos a humildade de saber que não sabemos tudo, a convivência com opiniões diversas é muito natural.” Abrir mão de ser dono da verdade dá chance de aprender algo novo, defende. “Quem quer aprender a verdade, vai colher tudo que pode ao longo do caminho. É muita presunção alguém achar que está completo”. 

Com as redes sociais, fica mais fácil se desfazer da opinião alheia, basta um click que você pode silenciar, parar de seguir ou bloquear uma pessoa que você não quer ouvir ou ler mais. Para Lúcia, a vida virtual oferece perigos quando não se dá abertura para algo novo e diferente. “Os impactos da convivência servem para podar arestas em mim e no outro, e é necessário, pois é assim que a gente cresce”. 

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A professora também fala sobre o conceito de propósito, que é o que nos dá discernimento e valores. Trata-se de uma busca individual de onde se quer chegar, porém baseada no princípio humanista, que considera também o outro. Ou seja, tentar nos tornar cada vez melhores para nós e para o mundo. “Para mim, ter bem-estar é saber que o meu dia coincidiu com o meu propósito de vida”, declara. 

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