Comida é algo muito pessoal, porque cada um tem um gosto. Eu sei. Mas em tempos de crise, saber tirar o melhor dos alimentos é fundamental. Isso envolve alguma criatividade, um pouco de dedicação e informação. E a gente está aqui para isso! Fizemos uma lista com alimentos nutritivos, razoavelmente em conta e que podem ser usados de muitas maneiras. Eu não sou a Paola Carosella e nem Rita Lobo, mas minha alegria é viver entre a horta, o forno e o fogão e, principalmente, pensar receitas que fogem do óbvio. Porque ser saudável gastando pouco não basta, é preciso ser uma delícia também. Tomara que vocês encontrem aquela pitada de dica que faltava na sua cozinha. 

Ovo no centro do palco

Ele é o coringa da cozinha, ainda mais em tempos de carnes a valores exorbitantes. Hiper temperado ou só com um salzinho, o ovo salva qualquer situação de emergência. Fora isso (vamos aos dados) ele tem um alto valor nutricional, possui vitamina A, B2 e B12, tem baixo teor calórico e favorece para o desenvolvimento da massa muscular. O bom é que ele vai bem na salada no verão ou no lámem, no inverno. Aliás, adoro o que eu chamo de “lámen preguiçoso”: só o caldo, macarrão para yakisoba, o ovo cozido inteiro e um legume que esteja para vencer na geladeira.  

Dica da cozinheira: Use o ovo como o ator principal dos pratos – e não só no formato de omelete, claro! Experimente fazer uma moqueca de ovo e se impressione com como ele orna com dendê. Outro prato ensopado maravilhoso é o ovo no purgatório. Claro que a Rita Lobo tem a receita dela. Salivei só de pensar.  

Batatas para vencer sempre 

Pratos que contém batata em destaque, no geral, significam aconchego. Comum, doce, baroa, casca rosa, lavada… a família é imensa. E sabe qual é a melhor para a saúde? Todas! Elas são complementares, então tenha sempre algum tipo em casa. Vamos aos benefícios: a batata doce tem um índice glicêmico mais baixo, além de ser rica em antioxidantes, o que contribui para a redução do desenvolvimento de doenças crônicas. A batata comum é rica em minerais essenciais como magnésio, ferro e potássio e nos garante 25% da quantidade de vitamina C que precisamos por dia. A batata baroa (ou mandioquinha) já se destaca por ter bastante fibras e zinco, ajudar na digestão e fortalecer o sistema imunológico. Agora atenção: a temperatura fria da geladeira transforma o amido da batata em açúcar mais rápido. Para que elas durem por mais tempo, guarde em um saco de papel em local fresco. 

Dica da cozinheira: batata & queijo – qualquer que sejam eles! Uma combinação ultra acolhedora. Experimente: dar uma pré cozida na batata doce, esmurre um pouco e coloque para assar com queijo gorgonzola e deixe gratinar. Coma sozinha ou acompanhada de carnes ou saladas de folhas verdes. Quer ousar? Adicione manga ou figo no prato.

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Tomate, nem verde, nem frito

Essencial no preparo de molhos, saladas, entradas, caldos, acompanhamentos. É uma delícia cru com sal ou açúcar (SIM! Pode provar). Eu não vou dar dica de molho, porque tenho certeza que você já faz um delicioso. Mas, se precisar, vai de Paola Carosella que é garantido. E se eu puder dar algum pitaco no seu molho, qualquer que seja a receita, é: jogue algumas canelas em pau inteiras no cozimento e nunca mais seja triste. 

Dica da cozinheira: Tomates assados! Essa receita é maravilhosa porque é coringa. Serve tanto como um patê, como de acompanhamento para carnes ou para botar no macarrão. Meus filhos gostam de comer puro mesmo! Em uma travessa de vidro, coloque quantos tomates quiser, todos lavados e cortados ao meio. Ponha azeite em abundância, alguns alhos descascados e inteiros, sal  e os temperos que gostar. Coloque para assar em fogo alto e deixe por cerca de uma hora – o tempo vai depender da quantidade de tomates na travessa. Dica para o ponto certo: o tomate solta bastante água, está pronto quando estiver quase seco.

Cenoura muita além da saladinha

A cenoura é um elemento mágico na cozinha e extremamente benéfica à saúde. Se cozida, melhor: os estudos mostram que nosso corpo absorve mais o betacaroteno nesse estado. Aliás, ele é um tipo de vitamina A, que protege os olhos. Também melhora a digestão, previne o envelhecimento precoce e o câncer, fortalece o sistema imunológico e mantém o bronzeado. Não consigo imaginar um caldo sem cenoura. E crua, claro, dá aquela crocância no sanduíche e na salada. 

Dica da cozinheira: Já pensou num suflê de cenoura? Eu já e a Rita Lobo também! Além de ser uma delícia como aperitivo, é um jeito irresistível de consumir betacaroteno.

Acém, o melhor amigo dos carnívoros

Todas as carnes andam com preços pela hora-da-morte, mas o acém, que foi por muito tempo considerado carne de segunda, pode render pratos deliciosos. Ele é um corte de  carne que precisa de mais tempo de cozimento para ficar bem macia (chega a desfiar sozinha). Também é mais gordurosa, por isso não é adequada para bifes, porém é exatamente essa gordura que a deixa mais saborosa. Moída, vira hambúrguer, porpetas, recheio de tortas ou um escondidinho de batata. Em pedaços, faz um belo caldo ou molho. Na verdade dá para fazer quase tudo com acém.

Dica da cozinheira: Cozinhe na pressão (meia hora) com cebolas inteiras ou em grandes cortes – ela dissolverá ao longo do cozimento – vinho ou vinagre ou laranja (ou os três), folhas de louro e, para dar um toque especial, canela em pau. Em uma segunda etapa, refogue bastante cebola em rodelas, tomates (pode caprichar, ele ajuda a formar mais molho). Se gostar, ponha pimentões e salsinha, misture a carne já pré-cozida e deixe cozinhar no fogo baixo até que tudo esteja bem desfiado (cerca de 1h30). Caso necessário, vá adicionando água. Sim, demora um pouquinho, mas suja só duas panelas e você pode dividir em porções e congelar. Vai bem como no molho de macarrão, com batatas, dá para rechear tortas ou servir só com uma saladinha.

Cebola, meu amor

Há registros do uso da cebola na culinária da Ásia Central há mais de 5 mil anos. Hoje é praticamente impossível imaginar uma cultura que não use essa hortaliça. Ela é rica em vitamina C e complexo B. Estudiosos ainda destacam sua ação antioxidante e anti-inflamatória. Muito mais que um tempero! Como resistir a uma deliciosa sopa de cebola? Também tem essa versão francesa, tem menos ingredientes, mas leva queijo gruyère. Uma curiosidade: na antiguidade, as cebolas eram vistas como objetos de adoração e símbolo de eternidade devido a sua anatomia – tanto que enterravam algumas  junto aos faraós do Egito.

Dica da cozinheira: Bata cebola, alho e salsinha no liquidificador até formar uma pasta. Congele em cubinhos de gelo e vá tirando para temperar os pratos do dia a dia. Você tem pets? Cuidado: a cebola é altamente tóxica para cães e gatos, não deve ser usada nem como tempero nos alimentos deles.

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Repolho ri por último 

A maior vantagem do repolho é que ele dura bastante tempo na geladeira, bem mais que os outros legumes, e fermentado (em conserva) não precisa nem de geladeira. Tem efeito anti-inflamatório e melhora a digestão, graças às fibras solúveis. No preparo, ele é bem versátil, dá pra fazer de charutinho no estilo árabe à salpicão, sopa, suflê, torta… Neste site, achei 18 receitas diferentes! 

Dica da cozinheira: Fermente seu repolho, é bem fácil e delicioso. Um branco de aproximadamente 500g cortado em tiras finas, 1/4 de xícara de vinagre branco, zimbro (não conhece? Dá um Google!) e sal a gosto. Em um recipiente com tampa, faça camadas repetidas de repolho, sal, zimbro, e vinagre branco até finalizar os ingredientes. Pressione bem cada camada, feche o recipiente e deixe em temperatura ambiente durante o período de 8 a 10 dias para que a fermentação ocorra. Certifique-se sempre de que o soro formado com o preparo esteja cobrindo todos os ingredientes do recipiente para garantir a fermentação de todo o repolho, e pronto! Agora, cozinhe esse chucrute com bacon, mostarda amarela, vinho branco, molho de soja, orégano, mais zimbo ou o que mais te apetecer e seja feliz!