Gabriela Prioli: “Em uma democracia, quanto mais gente tiver voz, melhor”
A advogada e apresentadora é a convidada de Angélica da semana para falar sobre seu talento em debater política, um tema tão fundamental para o bem-estar coletivo, sem arrancar os cabelos
Como manter a sanidade falando de política? Não parece fácil nos tempos de hoje, não é mesmo? Mas se falar sobre o tema é também falar sobre o bem-estar das pessoas, parece loucura pensar que o assunto pode causar tanta discussão nas redes sociais e nos grupos de família no WhatsApp. Para o papo de hoje, Angélica recebe a advogada e apresentadora Gabriela Prioli, que ficou conhecida por debater política com muita ternura – e sem perder a cabeça.
Ao contrário do que muitos pensam, Gabriela conta que política começou a fazer parte da sua vida mais recentemente, por causa do trabalho. Não era algo discutido em casa ao longo da sua formação, por exemplo. Ela confessa que enxergava seu interesse tardio pela política como uma desvantagem, mas que hoje em dia vê com bons olhos. “Acho que esse distanciamento me ajuda naquilo que eu faço, porque talvez eu não tenha criado tantos afetos e consigo olhar de uma maneira mais desapaixonada para o assunto”, pontua.
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A advogada acredita que esse calor recente para se debater política é reflexo de várias questões, mas que uma das principais é o fato de que algumas parcelas da população foram silenciadas por muito tempo. Agora que elas encontraram espaço de fala, acabam ocupando ele já exaustas, de uma forma menos amena. “Isso é compreensível e eu acho bom, porque quanto mais gente tiver voz na democracia, melhor será.”
Outro ponto é a dinâmica das redes sociais. “Elas são empresas que trabalham para lucrar. Quanto mais tempo você permanecer nas plataformas, elas têm mais dados para capitalizar. Então elas precisam de um conteúdo que engaje mais, por isso os conteúdos passionais ganham destaque”, avalia. Mas Gabriela acredita que ter consciência disso é a chave para lidar melhor com todo esse fluxo.
“Para a gente ter uma opinião sobre as coisas, a gente precisa entender essas coisas”
Falando em redes sociais, a Gabriela acumula mais de 3 milhões de seguidores. Muitos deles esperam que ela sempre tenha algo a dizer, uma opinião na ponta da língua (ou na ponta da tela), mas não é bem assim que funciona. “Para a gente ter uma opinião sobre as coisas, a gente precisa entender essas coisas.” Antes de comentar uma decisão do Supremo, por exemplo, é preciso ler, entender, refletir, mas as pessoas insistem que o tempo na internet é mais rápido que isso – porém ela não pega pilha. “Eu até tenho um meme que é alguém falando ‘Gabriela, comenta isso’ e eu correndo dizendo ‘sai pra lá maluco, toda hora isso'”, conta se divertindo.
No olho do furacão do debate político, além de colecionar seguidores, Prioli tira aprendizados. O primeiro é olhar para magnitude. “Quando você fica em primeiro nos trending topics [do Twitter], dá a sensação de que o Brasil inteiro está falando de você. Isso não é verdade”, conta. Muitas vezes, o número de menções é muito pequenininho comparado com o seu público.
“Se você ataca alguém que está em evidência, você automaticamente ganha destaque”
O segundo é pensar na dinâmica perversa que é criada nas redes. “Se você ataca alguém que está em evidência, você automaticamente destaque. Então isso é muito proveitoso para quem quer crescer nesse espaço”, ressalta. O ataque acaba sendo ferramenta para ganhar visibilidade. O terceiro ponto é a reprodução de informações sem checar a veracidade. “Já distorceram as minhas falas mais de uma vez e depois vieram professores e jornalistas discutir em cima de uma mentira. Isso é uma irresponsabilidade”, relata.
Gostou? Não para por aqui! Esse assunto é tão denso e necessário, que conversa de Angélica com Gabriela continua semana que vem.