Gabi Oliveira: "Além de sonhar, precisamos colocar a mão na massa" - Mina
 
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Gabi Oliveira: “Além de sonhar, precisamos colocar a mão na massa”

Dona do canal de sucesso Gabi de Pretas, a comunicadora social conversa com Angélica sobre representatividade, autoestima e trabalho na internet

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Com tantas pautas importantes no mundo, ter a sua ouvida não é tarefa fácil. A criadora de conteúdo, ativista e comunicadora social Gabi Oliveira conseguiu isso com um vídeo publicado no Youtube intitulado “Tour pelo Meu rosto”, visto até o momento mais de 1 milhão de vezes. O segredo foi tocar na sua própria vulnerabilidade, dores e intimidade para falar de como é vista no mundo e como se vê, o que gerou empatia em muita gente.

Com uma carreira de 7  anos no YouTube com o canal Gabi de Pretas, ela reúne milhares de seguidores que acompanham seus vídeos sobre ativismo, entretenimento, beleza, cultura e, sobretudo, sobre ela mesma. Mas  não pense que parou por aí, a carioca e mãe da Clara Lua e do Mário, tem outro canal no YouTube para mostrar seus dotes culinários e também comanda o podcast Afetos, junto com Karina Vieira, onde fala de vivências e sociedade.  “Gosto de falar sobre muitas coisas e  nós somos pessoas múltiplas,  temos muitos interesses. Gosto de compartilhar esses interesses com a minha comunidade”, comenta. 

“A nossa relação com a beleza nem sempre  é linear”

Gabi costuma dizer que não tem tempo para desconstruir nada e sim construir. Ela relembra o seu começo na internet, quando tudo era muito novo e tinha pouco conteúdo sobre questões raciais no Brasil, mas diz que o cenário é outro. “Chegamos em um ponto em que temos que juntar quem está interessado em construir uma sociedade melhor, do que ficar tentado desconstruir quem não está.” 

No entanto, o que não mudou na internet nesse período foi a pressão estética, foco do primeiro vídeo da Gabi que viralizou, mas ela tem uma fórmula para lidar melhor com isso. “A nossa relação com a beleza nem sempre é linear. É importante que a gente entenda isso. Às vezes hoje a gente tá se sentindo um arraso e amanhã vai ser diferente. Mas o importante é mostrar para as nossas meninas que a beleza vai além daquilo que vemos no espelho”, compartilha.

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Sobre a responsabilidade de influenciar pessoas e ser honesta com o seu público, Gabi conta qual foi o dia em que mais se sentiu pressionada. “Sendo uma mulher negra, de pele escura e cabelo crespo, tive que abrir os caminhos nesse sentido. Existia uma certa resistência das empresas de beleza de trabalhar com pessoas com o meu.”  Quanto aos momentos bacanas, Gabi destaca seu diário de doação, em que relatava sobre o processo para conquistar a guarda dos seus filhos. “Eu recebo muitas mensagens de pessoas que estão na fila, acho isso bem gostoso”, conta. 

“Ser sonhadora, mas também colocar a mão na massa para a sociedade que a gente quer”  

Gabi também avalia a forma como a representatividade de grupos minoritários deve ser encarada. “Não é só ter uma pessoa negra, ou uma pessoa LGBTQIA+, naquele espaço. É preciso pensar em representação positiva. Houve um avanço, mas ainda falta muito.” Ela acredita que as mudanças que ocorreram têm muito mais a ver com uma amplificação dos espaços de mídia, com os streamings e o YouTube, do que com uma mudança real na mídia tradicional. “A gente quase não vê protagonistas negras em novelas que não sejam sobre escravidão.” 

Quando o assunto é autocuidado, a youtuber diz que dormir bem e estar com os filhos é o que a revigora. Ela também deixa um recado para as jovens que vivem no Brasil: “Elas se empenhem em construir possibilidades para os sonhos que elas têm. E não estou falando que basta sonhar que vai dar certo, porque nossa sociedade não foi construída para isso. Mas as meninas precisam desse otimismo para a mudança. Ser sonhadora, sim, mas também colocar a mão na massa para a sociedade que a gente quer.”  

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