São inúmeros os fatores que impactam a libido feminina: estresse, problemas de saúde, questões emocionais e por aí vai. Mas um outro motivo ainda pouco comentado é a alimentação. Sim, o que comemos também se reflete na cama. E porque a gente nunca falou disso? Veja, foi preciso antes normalizar a conversa sobre prazer feminino, depois estudar o assunto e ainda, naturalizar essa conversa nos consultórios. Mas é fato, hoje médicos também têm olhado para a dieta das pacientes quando elas chegam ao consultório com queixas de baixo desejo sexual.
“A queda na libido é reflexo de várias coisas, entre elas não levar uma vida mais saudável. É aí que entra a alimentação. Se você está em uma fase ruim com a comida, não tem como o tesão ser alto”, diz a ginecologista natural Débora Rosa.
No corpo está tudo conectado
De acordo com Débora, para a lubrificação vaginal acontecer, a mulher precisa receber um grande aporte de sangue na genitália. “Quando você come alimentos de difícil digestão, é como se o sangue fosse todo destinado a cumprir a função de absorver a comida. Isso atrapalha o processo de deixar a mulher excitada”, garante. Essa seria a principal ligação entre libido feminina e má alimentação.
Além disso, uma alimentação regrada (e com o consumo de nutrientes ricos em magnésio, triptofano, manganês e zinco) pode ajudar a regular níveis hormonais – como a serotonina, por exemplo, que está diretamente relacionada ao aumento ou diminuição do desejo sexual. “Adotar uma dieta saudável melhora a disposição e a alegria – e muitas vezes são essas as razões para a queda na libido. E olha que quando mencionamos ‘dieta saudável’ nem estamos falando de incluir alimentos afrodisíacos (aqueles que estão relacionados ao aumento da circulação sanguínea na região dos órgãos); basta seguir uma rotina mais equilibrada que tudo pode mudar”, acredita Luna Azevedo, especialista em nutrição comportamental.
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A deficiência de Vitamina D na alimentação também faz com que a mulher sinta ainda mais os sintomas da tensão pré-menstrual (TPM), o que, por sua vez, prejudica a libido. Nos homens, já foi comprovado cientificamente essa correlação: pacientes com deficiência de vitamina D apresentam queda nos níveis de testosterona e, com isso, do desejo sexual, segundo um estudo austríaco publicado no Journal of Clinical Endocrinology.
Bebida também impacta na libido
Quando falamos que “gozamos o que ingerimos” não estamos nos referindo apenas à comida, claro. O álcool e outras bebidas também impactam diretamente o desejo sexual feminino. Um estudo do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA) mostrou que, enquanto o uso abusivo de álcool diminui a excitação e a capacidade da ereção nos homens, nas mulheres há diminuição fisiológica da excitação genital.
Mas o álcool não pode ajudar a dar aquela descontraída? Para a médica Débora Rosa, o segredo está no equilíbrio. “Em pequenas doses o álcool pode ajudar a tirar a vergonha, ajudar na paquera e aumentar a libido, é claro, o problema está no excesso”, alerta. “Às vezes o que consumimos pode afetar o sono, às vezes o humor e, às vezes, o desejo sexual. Reparar nisso é um caminho de autoconhecimento”, completa.
Um cardápio para aumentar o apetite (sexual)
Luna Azevedo concorda com Débora e adiciona: “Alimentar-se significa muito mais do que consumir nutrientes; com uma dieta equilibrada, a pessoa pode ter uma disposição consideravelmente maior e encontrar melhorias, não só com relação a libido, mas também na questão psicológica. Uma dieta adequada pode representar para o paciente uma forma de autocuidado, assim como fazer terapia”. Abaixo, alguns alimentos que, de acordo com a nutricionista, podem aumentar a libido. O segredo da receita não está na quantidade, mas sim no modo de preparo: sem pressão e sem noia, com carinho e com autocuidado. Confira:
Canela: possui cumarinas naturais e manganês, que ajudam a impedir o estreitamento dos vasos sanguíneos e auxilia na função sexual.
Cacau: fonte de triptofano, dopamina e feniletilamina, e ajuda na produção de serotonina (neurotransmissor que promove o bem estar), melhora o humor e a sensação de prazer.
Raízes do gengibre: contém grandes quantidades de manganês, que podem melhorar a produção de testosterona e o desempenho sexual.
Alecrim: aumenta o fluxo sanguíneo, favorece a produção de neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem-estar. Seu aroma também é considerado estimulador do apetite sexual.
Morango: tem cor estimulante, na cromoterapia, o vermelho é utilizado para restabelecer a vitalidade, melhorar o funcionamento do coração e ativar a circulação sanguínea.
Romã: tem um aspecto afrodisíaco característico e promove aumento na produção de óxido nítrico no corpo, capaz de ajudar na vasodilatação e consequentemente tem efeito positivo na libido.
Nozes: fonte de arginina, que estimula o óxido nítrico e ajuda a promover maior circulação sanguínea na região dos órgãos genitais.
Pimentas: fonte de capsaicina, promove o aumento dos batimentos cardíacos e da circulação sanguínea, auxilia na excitação e desejo sexual.
Existem alguns fitoterápicos que podem ajudar, como: Maca peruana, Tribulus terrestris, Ginseng, extratos secos. Mas é importante a procura de um profissional adequado para a prescrição.