Alice Wegmann: “Encontrei a minha espiritualidade em um centro de umbanda" - Mina
 
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Alice Wegmann: “Encontrei a minha espiritualidade em um centro de umbanda”

A atriz conta como a religião tem sido um espaço de autoconhecimento e evolução, além de compartilhar como faz para manter os pés no chão trabalhando com sucesso na TV

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A espiritualidade pode entrar na nossa vida de maneiras diferentes, mas, geralmente, a gente acaba seguindo a mesma religião da família. Só que, em alguns casos, ela vem mais tarde, como um chamado. Seja como for, cuidar da nossa relação com o sagrado também é uma forma de autocuidado. Por isso, Angélica recebe a atriz Alice Wegmann, que recentemente se descobriu na umbanda, uma religião que combina  matriz africana com ritos indígenas, espiritismo kardecista e catolicismo.

Alice conta que, desde criança, tinha o hábito de rezar. Aluna de escola católica, ela seguia todo o protocolo, mas ainda não tinha noção da potência que a espiritualidade pode ter na vida das pessoas. “Sempre tive muita fé naquilo que fazia, tanto nos trabalhos profissionais, quanto no dia a dia. Minha mãe é uma pessoa super otimista, então isso me incentiva a acreditar e seguir em frente”, lembra.

 “Na umbanda, a gente busca ser melhor para a gente e para o outro” 

Foi quando encontrou no teatro que surgiu o interesse de querer expandir e conhecer outras religiões. “De início, rola um certo medo, uma apreensão para você não invadir nenhum espaço. É como se tivesse entrando na casa de uma pessoa, não dá para chegar fazendo bagunça”, conta. A atriz acabou se encontrando em um centro de umbanda, que conheceu através de amigos. “Ele engloba física quântica, budismo, catolicismo, coisas do candomblé. Mistura muitas crenças e, ao mesmo tempo, consegue unificar aqueles valores de alguma forma.”

Alice acredita que a busca pela espiritualidade ocorre de maneira cíclica, em um processo de eterno aprendizado.  O importante é encontrar acolhimento em algum grupo e respeitar os outros.  O problema é que as religiões de matriz africana ainda sofrem muito preconceito, incluindo ataques aos terreiros. “Na umbanda, a gente busca ser melhor para a gente e para o outro. Então o que isso faz de mal para os outros? É totalmente o contrário. A gente tem o intuito de se proteger, de limpar a alma, de não carregar sentimentos ruins junto com a gente”, defende. 

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Ciente de seus seus privilégios por ser uma mulher branca, Alice conta que, ainda assim, já sentiu preconceito por ser umbandista. “As pessoas têm muito medo. Talvez pela falta de informação sobre o assunto, acham que você sempre vai fazer uma macumba para desejar o mal de alguém – e não é isso”. 

A atriz, que atua desde a adolescência, também falou da sua relação com o estrelato. “Acho que o sucesso é uma coisa muito perigosa, porque, para você se deslumbrar, é um estalo”, diz.  Mesmo trabalhando na TV, fez questão de fazer faculdade para seguir em contato com jovens de outras realidades e manter o pé no chão. Frequentar o centro de umbanda também foi um jeito que encontrou de se equilibrar. “Você tá ali, na mesma situação de outras pessoas, querendo ajudar ou ser ajudado”, reflete. 

“A análise mudou minha vida, foi um grande antes e depois”

Para cuidar da saúde mental, a atriz também faz análise. “Mudou minha vida, foi um grande antes e depois, inclusive comecei a buscar a minha espiritualidade na mesma época”. Ela discorda que racionalidade e religiosidade são coisas totalmente opostas. “De alguma forma, existe um mergulho na gente, de autoconhecimento, de buscar evoluir. Em algum lugar, eles estão conectados com o objetivo de melhorar uma pessoa”, destaca. Ela finaliza dizendo que quanto mais a gente puder falar sobre o bem que a religiosidade faz, menos as pessoas irão ter preconceitos em relação a isso. 

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