Sobre alcançar (literalmente) o topo do Everest
Primeira mulher negra latino-americana a alcançar o pico mais alto do mundo, Aretha Duarte conversa com Angélica sobre resiliência e superação
Não é à toa que muitas pessoas usam a expressão “subir a montanha” como algo relacionado a desafio, a superação, que deve ser perseguido até chegar ao cume. Fora do campo da fantasia, uma brasileira conseguiu chegar lá, no topo do Monte Everest, se tornando a primeira mulher negra latino-americana a completar os 8.490 metros do pico mais alto do planeta. E é ela, Aretha Duarte, que Angélica recebe na coluna desta semana.
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Crescida na periferia de Campinas, interior de São Paulo, a paulistana já foi catadora de latinhas muito antes de se tornar uma das maiores montanhistas do país. Quando bateu o desejo de subir a altíssima montanha, ela já trabalhava como guia de montanhas. O desejo veio em 2019, ao ver uma foto do Everest e sentir que tinha condições de chegar lá. “Eu tinha experiência física, técnica e emocional, mas não tinha um passe financeiro”, conta. O investimento necessário era de quase 400 mil reais.
Foi então que ela decidiu se voltar novamente para a reciclagem de resíduos. Aretha acionou sua família, amigos e informou nas redes sociais, conquistando uma grande rede de apoio. Ela ia em empresas e condomínios buscar plástico, papelão e cobre – e muitas pessoas também enviavam para a sua casa. Eram cerca de 500 quilos por dia, o que variava entre 100 reais e 1500 reais por dia, dependendo do material.
“Que as pessoas possam encontrar seu PIB e lapidar ele”
Se juntar dinheiro foi um desafio que precisava de determinação, escalar o Everest – literalmente – demandava ainda mais foco. “Não pensei em desistir nem antes, nem durante e nem depois. Essa resiliência tem a ver com a clareza do meu propósito de vida. Quando a gente ousa superar um obstáculo, a gente vê que vale muito a pena”, diz.
E, por fim, Angélica faz a pergunta que todo mundo quer saber: qual é a sensação de ter chegado ao topo do mundo? “Me senti realizada, empoderada e especial”, compartilha Aretha, que brinca que naquele momento ela chegou no seu PIB – Poder Interno Bruto – algo que acredita estar dentro de todo mundo. “Que as pessoas possam encontrar seu PIB e lapidar ele.”