O domingo foi de boas histórias, novos aprendizados, momentos de relaxamento e muita troca na primeira edição do Festival Mina Marie Claire, que aconteceu no Instituto Principia, em São Paulo. Angélica, Ana Canosa, Astrid Fontenelle, Dandara Pagu, Camila Fremder, Rafaela Azevedo foram alguns dos nomes que passaram pelo palco do evento, que teve como meta colocar o bem-estar no centro das discussões.
Na abertura, Fernando Luna, cofundador da Mina, explicou que o bem-estar vai muito além dos rituais diários de autocuidado. Ele também está na forma com que a gente encara as relações, sejam elas amorosas, familiares ou de amizade, o trabalho, a saúde física e mental, a vida sexual e outros aspectos da vida. “É preciso desmistificar os tabus em relação ao sexo, abrir a discussão sobre o autoprazer, a menopausa, questões muito importantes hoje”, completa Maria Rita Alonso, diretora de redação da Marie Claire.
Do anti aging para o pró aging: beleza e envelhecimento saudável
No primeiro papo do dia, tivemos as modelos Luiza Brunet, ativista pelo direito das mulheres, e Raissa Santana, Miss Brasil 2015, e a dermatologista Mariana Velloso falando sobre autoestima, autoconhecimento e processo de envelhecimento com mediação da Paola Deodoro, editora sênior da Marie Claire.
“Nossa expectativa de vida agora é de 100 anos, pretendo viver até os 150. Por isso, sempre me cuidei de dentro para fora”, destacou Luiza. Alimentação de qualidade e atividade física regular são cuidados que ela não abre mão. A ativista também se abriu sobre o processo de menopausa, que veio junto com um relacionamento difícil. “Foi difícil, mas hoje me sinto maravilhosa”.
Raissa contou que não teme o processo de envelhecimento do corpo, tem até curiosidade de ver como ficará de cabelos grisalhos e a pele com as marcas do tempo. No entanto, estar em paz com a sua aparência é algo recente para ela, que passou por uma adolescência complicada. “Achava que eu sofria bullying, só depois entendi que era racismo”. Hoje, ela é referência para que outras meninas pretas consigam enxergar a própria beleza.
Será que a nóia é sua mesmo?
Depois tivemos a nossa head de conteúdo Lia Bock batendo um papo descontraído com a escritora, roteirista e podcaster Camila Fremder, que foi acompanhada do pequeno Arthur, seu filho de 5 anos. No comando do babadíssimo podcast É nóia minha? há 5 anos, Camila contou que entendeu que diversas das nóias que ela tinha nos relacionamentos, em relação a sua aparência e na maternidade não vieram de dentro, mas de fora.
“Teve uma época que eu fazia escova progressiva porque a moda da época era cabelo escorrido sem nenhum fio para cima – e meu cabelo é liso. Olha que absurdo”, compartilhou. “Nas trocas com meus convidados, aprendi que a gente precisa conversar sobre o que incomoda. E que, no fundo, está todo mundo birutinha tentando melhorar”.
Nasceu uma mãe, e agora?
Em seguida, Daniela Tófoli, diretora de núcleo da Editora Globo, mediou um papo entre a jornalista Bárbara dos Anjos Lima, dos podcasts Estamos bem? e Podcast é a mãe, a ginecologista Heloisa Brudniewski e a psicóloga Cintia Aleixo, especialista em maternidade, que disse: “A relação mãe e filho não é algo que se encaixa automaticamente. Ela é construída ao longo do tempo”.
Bárbara contou a história do seu parto para mostrar como a vida dá um jeito de surpreender quando a gente tenta planejar tudo nos mínimos detalhes, principalmente em relação à gestação. “Tive o cuidado de montar a playlist perfeita para o nascimento do meu filho. Música por música. Mas, na hora, tudo que eu queria era ficar em silêncio”.
Longevidade não é qualidade: como viver mais e melhor
Como cuidar da saúde não só para viver bem agora, mas para viver mais e melhor no futuro? Foi esse o fio que conduziu a entrevista que a apresentadora Astrid Fontenelle fez com a médica Sley Tanigawa Guimarães, coordenadora da pós-graduação em Estilo de Vida no Hospital Israelita Albert Einstein. “A medicina do Estilo de vida é para trazer mais vitalidade e satisfação para nossa vida. Não são regrinhas para serem cumpridas, mas informações que todos devem ter para viver bem”.
Vibrador, muito prazer
Nossa colunista Dandara Pagu também marcou presença falando sobre como os vibradores contribuíram para a sua descoberta do prazer sexual. “Antes eu achava que vibrador é coisa de gente carente que não consegue ninguém para transar”, confessa. No entanto, dar uma chance ao brinquedinho foi importante para que ela conhecesse melhor o próprio corpo, além de a ajudar a superar um trauma.
Por isso, hoje, ela estimula outras mulheres a dar uma chance ao sex toy. “Se libertem, porque se dar prazer é maravilhoso. Orgasmo é saúde. Quem já gozou sabe o quanto ele te fortalece e te renova como pessoa”, disse. “Mas é importante lembrar que cada pessoa é única e tem suas próprias preferências. O mais importante é que cada um se sinta confortável e seguro na sua sexualidade”.
Monogamia é só uma das possibilidades
Na sequência, tivemos a psicanalista, escritora e podcaster Camila Voluptas, contando sua história: de mulher conservadora e religiosa a fundadora da maior sociedade secreta de swing do Brasil. “A Monogamia é apenas uma das possibilidades e dentre tantas eu estive em quase todas”, disse. “É engraçado pensar que podemos amar amigos de maneiras diferentes, parentes de maneiras diferentes, mas quando nos deitamos na cama de alguém, temos que amar apenas essa pessoa para o resto de nossas vidas”, provocou.
Grita que passa: uma prática de kundalini
Depois, foi a vez da professora Ju Menz conduzir alguns minutos de uma prática de Kundalini. Ela colocou a plateia para respirar, se alongar, rebolar e colocar o estresse para fora na base do grito.
O que é padrão?
Também tivemos a criadora de conteúdo de beleza Gui Takahashi compartilhando um pouco da sua trajetória como mulher trans e asiática em um mundo onde existe uma série de padrões restritivos impostos. “A boa notícia é que, mesmo fora de muitas estruturas sociais, me encontrei. Porque ser de verdade, de corpo e alma, é libertador. E isso me faz ser muito mais feliz do que já fui um dia”, disse.
Gui também fez um convite: “vamos alargar os espaços para que a gente também consiga conviver, aceitar e amar pessoas diversas, divergentes. Para quebrar esse contrato social invisível que ninguém assinou, mas todo mundo segue e tanto nos faz sofrer, que é a ideia do padrão. Seja o padrão de corpo, o padrão estético, o padrão racial, o padrão de beleza”.
Pocket King Kong Fran
Em seguida, a palhaça Rafaela Azevedo apresentou parte do seu aclamado espetáculo King Kong Fran, recebendo muitos aplausos. Ao final, ela respondeu perguntas da plateia e disse que sua fórmula do sucesso é simples: devolver aos homens o desconforto que as mulheres costumam passar. “Na peça, eu apenas pego frases que, nós, mulheres ouvimos e reproduzo com os homens – e soa agressivo. Mas é isso que a gente passa todos os dias”, disse.
Terapia em grupo: relacionamentos
Deixamos o microfone aberto pro público perguntar o que quisesse para a psicóloga e terapeuta sexual Ana Canosa, do podcast Sexoterapia. “Tenho ficado um pouco incomodada com a rigidez da nossa desconstrução. Nós estamos reconstruindo a ideia de amor romântico, as desigualdades de gênero, o machismo, o patriarcado, e a gente tem feito um trabalho importante, mas nem tudo é sobre patriarcado, nem tudo é sobre monogamia”, disse na abertura. Foi muito especial ver tanta gente se abrindo sobre temas tão especiais para receber os comentários da especialista.
Meu Cabelo, Minhas Regras
Por fim, Angélica, cofundadora da Mina, conversou com a criadora de conteúdo Rob Freitas e a dermatologista Calu Franco sobre cabelo e autoestima. “Tive filho, entrei na menopausa, tive covid e meu cabelo foi indo embora. Sempre tive muito cabelo, desde pequenininha, e quando me vi perdendo os fios, foi assustador”, disse a apresentadora, que também comentou sobre mudanças capilares. “Fiz uma live com o cabelo branco na pandemia. Quando fui ver, estava uma comoção. Depois cansei e não quis mais, pintei. E é assim, né? Cada um faz o que quer e o que vai te fazer bem”.