O que é justiça climática e por que ela é urgente? - Mina
 
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O que é justiça climática e por que ela é urgente?

Enquanto se discute na COP27 formas de barrar o aquecimento global, é preciso levar em consideração que ele já está afetando gravemente a vida de milhares de pessoas ao redor do mundo. Populações vulneráveis que necessitam de atenção para ontem.

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Líderes globais se reúnem anualmente na Conferência da ONU sobre mudanças climáticas (COP27) para discutir sobre o futuro do planeta. E com futuro quero dizer que eles tomam decisões cruciais sobre a humanidade continuar existindo – ou não. Isso pode parecer forte demais, eu sei. Mas 97% dos cientistas já afirmaram que, se não mudarmos (e rápido) a maneira de se habitar neste mundo, o planeta sofrerá um aquecimento global entre 3 a 5 graus celsius. O que será o suficiente para acabar com todos os seres vivos do planeta Terra. 

Temos apenas dez anos para mudar o rumo das coisas ou será tarde demais

O assunto é urgente, mas ainda está na boca de poucos. Alguns pensam que temos vários outros temas urgentes para resolver, como é o caso da fome, do machismo, do racismo, da educação, da democracia, da corrupção… Mas a verdade é que temos apenas dez anos para mudar o rumo das coisas ou será tarde demais. 

O mais injusto nessa história toda é que milhares de pessoas já estão sofrendo as consequências do aquecimento global, e são justamente as que menos contribuem para que isso aconteça. São as que menos poluem, as que menos consomem e as que menos fazem uso do processo de industrialização. São, em sua grande maioria, mulheres, crianças, povos originários e indígenas, população negra, periférica e quilombola.

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Mulheres são responsáveis, em média, por 70% da comida que chega no prato de todo mundo. Muitas vezes também são chefes de famílias inteiras. Quando temos um desequilíbrio no clima com chuvas de mais ou de menos, são essas mulheres que têm suas funções e papéis impactados. Para além da perda financeira, já pararam para pensar que, em casos de secas, essas mulheres têm que andar muito mais em busca de água? E que isso implica em deixar suas crianças sozinhas por mais tempo? 

Aqui no Brasil assistimos com cada vez mais frequência chuvas acima da média que causam desabamento de morros e casas. Incêndios florestais que destroem pequenas plantações. Nas Ilhas Fiji, o governo está preocupado com o desaparecimento de ilhas inteiras por conta do aumento do nível do mar. Falar de justiça climática significa também falar sobre direitos humanos, empatia e equidade de sobrevivência. É cuidar do planeta, mas com olhos voltados para quem sofre. 

Esperamos que os países mais ricos, principais causadores dessa crise, até o fim desta semana assinem negociações e acordos que protejam os países mais vulneráveis. É preciso que eles levem em consideração que os primeiros afetados já estão com a saúde prejudicada, falta de alimento, casa, liberdade de locomoção. Aliás, passou da hora da população à margem estar no centro, ser ouvida de forma ativa e ter poder de decisão sobre o seu próprio futuro. Afinal de contas, se queremos de fato resolver o problema da crise climática, precisamos também melhorar a vida de todas as pessoas do planeta Terra. Ou será tarde demais. 

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