Rebeca Andrade: “Só venci as Olimpíadas porque estava com corpo e mente equilibrados”
Primeira ginasta brasileira a ganhar medalhas olímpicas conta para Angélica que fazer terapia desde os 13 anos é tão importante para a vida e o sucesso dela que decidiu estudar psicologia
Os esportes olímpicos, muitas vezes, desafiam os limites do corpo humano. Saltos inimagináveis, ser o mais veloz do mundo, arremessos extraordinários… Por isso, os atletas de alto rendimento precisam de anos de treinamento e dedicação. Mas além de cuidar do físico, estar em dia com a saúde mental faz toda diferença. E para falar sobre isso, Angélica recebe a medalhista olímpica e futura psicóloga, Rebeca Andrade.
Primeira ginasta feminina a receber uma medalha nas Olimpíadas, Rebeca levou logo duas para casa em 2021. “Nós tivemos vários atletas talentosos dentro da ginástica, mas acho que consegui fazer uma preparação junto com toda a equipe multidisciplinar e meu treinador que foi diferenciada. Eu sabia que tinham várias pessoas torcendo por mim e o que eu mais queria mesmo era mostrar todo o meu potencial”, conta.
Eu tenho que fazer o meu melhor por mim, não só para deixar outras pessoas orgulhosas
Nas Olimpíadas de Tóquio, a saúde mental dos atletas foi um assunto bastante debatido, uma vez que Simone Bailes, uma das maiores ginastas dos Estados Unidos da atualidade, decidiu não participar de algumas provas, mesmo sendo considerada favorita. Esse é um tema que Rebeca leva a sério não é de hoje. Desde os 13 anos, a atleta faz terapia, o que lhe trouxe grandes aprendizados. “Não posso controlar o que o outro quer que eu faça. A única pessoa que eu posso controlar sou eu mesma”, declara.
Para chegar nesse pensamento, a medalhista revela que foram anos de trabalho com a psicóloga. A autocobrança para suprir as expectativas dos outros costumava deixá-la bem triste, até que conseguiu perceber o que estava ao seu alcance. “Se todo mundo quer que eu ganhe, ótimo, estão todos torcendo por mim. Mas eu tenho que fazer o meu melhor por mim, não só para deixar outras pessoas orgulhosas. Se eu não estiver feliz, não vale a pena”.
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Rebeca entrou na terapia porque fazia parte das iniciativas da equipe multidisciplinar do Comitê Olímpico. Deu certo com a psicóloga de cara, Aline, que hoje considera uma amiga, afinal já são 10 anos juntas trabalhando diversas questões. A atleta reflete como seria se não tivesse esse suporte: “Eu seria uma pessoa totalmente diferente. Teria mais medo, mais dúvida, mais inseguranças, porque, ao mesmo tempo que eu me conheci dentro da ginástica, me conheci na vida.”
Esse trabalho foi tão importante para Rebeca, que isso a estimulou a se inscrever no curso de psicologia. “Foi muito legal quando contei para a minha mãe, ela chorou, porque era o sonho dela virar psicóloga, mas eu não sabia”, lembra. Fora da sessão, a atleta gosta de fazer outras atividades para manter a saúde mental em dia, como, cantar, dançar, tocar teclado, ler livros e orar. Mas nada a acalma mais que conversar com a mãe. Por fim, Rebeca defende que não é possível separar corpo e mente – ela acredita que só conquistou as medalhas porque estava com os dois bem cuid