Precisando resolver um problema? Pense como um personagem! - Mina
 
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Precisando resolver um problema? Pense como um personagem!

A técnica da dramaturgia aplicada é maravilhosa para lidar com aquele conflito que parece não ter solução. Porque se a arte imita a vida, bora botar a vida pra imitar a arte

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Aprendi muito do que sei e sou com a dramaturgia. E o texto de hoje é sobre algo que batizei caseiramente de… “dramaturgia aplicada”. Desde já posso garantir, apesar de não ter provas científicas, que essa técnica, de forma absolutamente desregrada e empírica, se provou muito eficiente para resolver problemas (meus e dos outros). Muitas vezes na vida, não sabemos como sair de uma situação. Até porque a vida não para de nos propor dilemas. Dos mais básicos aos mais complexos, o cotidiano é recheado de problemas de todas as naturezas: alimentares, éticos, afetivos, profissionais, familiares, financeiros… Como fazer todas essas escolhas da melhor forma? E mais: como acertar a longo prazo? A técnica da “dramaturgia aplicada” poderá lhe ajudar!  

O bom herói identifica seus aliados e seus inimigos

A trajetória do herói (ou seja, a história) se inicia como quase todos os nossos problemas. No começo, estamos muito bem e tranquilos até que acontece um obstáculo: conhecemos alguém novo que faz bater nosso coração, desconfiamos de uma possível traição, o joelho dói, ou notamos a infiltração. Como todos os heróis, nossa reação não é pular de cabeça na questão, mas, num primeiro momento, ignorar. E isso é normal, porque assumir a existência de um problema nos obriga a tomar uma atitude e essa atitude vai quebrar o equilíbrio no qual nossa vida estava instalada. 

Resistir é natural. Seguimos investindo numa relação que já sabemos falida, arrastamos um joelho podre por anos ou botamos um balde embaixo da goteira pra adiar a obra. Mas depois de tentar ignorar o chamado do problema, o que acontece? Ele nos afeta de forma direta e somos tragados pelo movimento. A infiltração pinga na cama, parte do teto cai; o parceiro conta do envolvimento amoroso paralelo, acontece o flagra da nova paixão; ou o joelho nos leva pro hospital. Seja como for, o fato é que, assim como o herói, somos jogados na ação e já não podemos resistir.

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Depois que o herói entra na aventura, surgem alguns personagens ou forças de ação pelo caminho, que podem ajudar ou atrapalhar. O mesmo vale para a gente. Talvez, ao notar que vem uma separação por aí, seu companheiro (ou companheira) compre o seu tão desejado cachorrinho – as forças que nos puxam para trás, muitas vezes, são fofas e peludas. Ou, quando decide enfrentar o tal regime alimentar, pode ser que abra uma loja do doce preferido bem embaixo do seu prédio… (Juro que já me aconteceu!). 

Mas, certamente, também vão aparecer pessoas ou coisas que vão te favorecer nesse momento de transição. E, atenção: o bom herói identifica seus aliados e seus inimigos – esse é um ponto muito importante onde podemos falhar por apego ao conforto. Acontece que, muitas vezes, nossos verdadeiros aliados podem ser desagradáveis. Desde aquela amiga que diz a verdade, até um professor severo ou uma chefe exigente. Assim como nossos adversários podem estar sorrindo, oferecendo conforto e carinho… Como no clássico do jovem que tenta sair de casa e enfrentar o mundo, mas a família o atrai de volta, com iscas de conforto familiar.

Quando vemos, numa série ou novela, a mulher que vive uma relação abusiva, mas pensa que ficar casada é uma opção por causa dos filhos, ficamos ansiosos para que essa personagem “tome coragem” e “lute” pela sua dignidade. Isso porque o lugar de espectador oferece clareza. Assim, conseguimos ver que a melhor coisa para aquelas crianças é ter uma mãe digna e feliz, e não pagar o preço violento de ter uma família pseudo-unida às custas da humilhação materna  Porém, quando se trata da nossa própria vida, assim como a heroína, muitas vezes ficamos confusos sobre como agir – e aí é preciso mudar de perspectiva.

Acho que deu pra pegar a técnica da dramaturgia aplicada, não? 

Olhe sua vida como um filme e pense em você como o personagem principal dessa trama! Daí em diante, faça sua história andar para a frente. Seus mestres vão te ajudar, mas, com certeza, você estará sozinho nas grandes batalhas. Porque o bom herói precisa andar com as próprias pernas. Os desafios serão muitos nesse seu filme e se, quase no final da história, vier mais um obstáculo… respire fundo e se lembre que é apenas mais desafio para testar sua força de vontade como herói.

Se você for o protagonista que você, como espectador, quer ver, com certeza está fazendo as escolhas certas! A jornada não é fácil, mas se fosse, você não precisaria ser um herói. E se ficar cansado no meio do caminho, lembre-se que todo bom herói encontra seu final feliz!

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