Como a realidade virtual vem sendo usada no tratamento de fobias - Mina
 
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Medo de voar de avião ou falar em público? A realidade virtual pode ajudar

Conviver com fobias é um grande sofrimento, mas a tecnologia vem se provando aliada nos tratamentos.

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Os cuidados com a saúde mental vêm sendo ampliados não apenas porque a sociedade passou a reconhecer o quanto ela é fundamental para o nosso bem-estar integral. É também um reflexo do aumento crescente da taxa de pessoas diagnosticadas com algum transtorno mental nos últimos anos, incluindo ansiedade e fobias. Mas temos boas notícias! Esses pacientes agora podem contar com realidade virtual como um espaço para lidar com seus sentimentos a fim de trazer resultados para a vida real. 

“Você trata a ansiedade se sujeitando às situações que teme, mas de forma terapêutica”

O psicólogo José Carlos Tavares da Silva, especialista em Terapia Cognitiva Comportamental e membro da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP), explica que a ansiedade e o medo atuam juntos no desenvolvimento de fobias. Elas começam com pequenas manifestações e podem progredir de forma severa quando o indivíduo não encontra apoio para lidar com o que teme. 

Como a psicologia cognitivo comportamental busca ajudar o paciente a desenvolver habilidades sociais e a incorporar novas estratégias para resolver problemas no seu cotidiano real, ter a tecnologia como aliada nesse momento tende a acelerar o processo. “Você trata a ansiedade se sujeitando às situações que teme, mas de forma terapêutica”, afirma o psicólogo. 

Versão brasileira

A psicóloga Cristiane Maluhy Gebara coordenou o primeiro estudo nesse sentido, em 2014, pelo Programa Ansiedade (AMBAN) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Pacientes que sofrem de fobia social se submeteram virtualmente a situações sociais reais que mais lhes trazem desconforto (como aglomerações, encontros amorosos e falar em público) com a ajuda de um computador que apresentava imagens em três dimensões.

“Fiquei muito realizada com os resultados. Uma paciente entrou na faculdade de direito, outros conseguiram ampliar o leque de amigos, outro subiu de cargo na empresa”, conta Cristiane. Além de publicar sua pesquisa, ela desenvolveu o aplicativo SocialUp3D para ser usado em outros consultórios com o auxílio de um óculos 3D. A ideia é que o profissional consiga avaliar qual é a reação dos pacientes que acompanha quando estão em situações que costumam causar fobias para, assim, ajudá-los a desenvolver novas ferramentas para lidar com elas. 


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A psicóloga Juliane Verdi Haddad é uma das poucas profissionais credenciadas do tratamento no Brasil e já utiliza a tecnologia há alguns anos, tanto em seu consultório quanto à distância, em outros estados – já que o paciente pode baixar o aplicativo gratuitamente e adquirir um óculos de realidade virtual por R$ 90.. “Uma pessoa que tem medo de voar, por exemplo, pode se ver fazendo todos os passos da viagem: entrando no aeroporto, fazendo check-in, entrando na aeronave… Isso sem sair do consultório, e eu vou acompanhando o passo a passo”, relata. “Por mais que o paciente saiba que está dentro de um consultório e não em um avião, conseguimos enganar o cérebro”. 

Uma revisão de estudos publicada em 2021 pela revista científica Disability and Rehabilitation concluiu que as técnicas de realidade virtual realizadas em dezoito pesquisas foram eficazes contra fobias naturais, como medo de água e escuro, e em relação a animais e agulhas, por exemplo. Tecnologias nesse sentido seguem sendo desenvolvidas pelo mundo, grande parte menos acessível que o aplicativo SocialUp3D. É só o começo, mas tudo indica que os pacientes só têm a ganhar com essa aposta.

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