"Ali onde eu gozei, qualquer um gozava" - Mina
 
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“Ali onde eu gozei, qualquer um gozava”

A atriz Livia la Gatto conta como foi sua primeira transa com uma mulher e descreve a incrível sensação de descobrir uma nova possibilidade de prazer

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3 minutos |

Essa é a história da primeira vez que eu transei com uma mulher. Ela começa em um rolê bem hétero, daqueles em que os homens tocam em suas bandas de reggae/ska/forró/dub para as mulheres olharem, aplaudirem, dançarem e assim os beijarem. Não vou mentir que minha pretensão para a noite não passava muito longe disso. Aquele papinho mais do mesmo, aquela figurinha carimbada pra noite não passar em branco e quem sabe uma transa melhorzinha numa sexta à noite. Essa era a expectativa. 

A realidade era eu, já na fila pra ir embora, às 2 da manhã, me esquivando de um xaveco genérico de um esquerdo-músico percussionista branco de dreads. Foi nessa mesma fila que ela pegou na minha mão e me pediu um beijo. Do nada. Beijei na diversão, na zuera, na onda da catuaba quente. E o que se deu foi que não consegui parar de beijar aquela garota nos 15 minutos seguintes.

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Lembro da sensação de só existir a gente no mundo, lembro dos fogos de artifícios em todos os lugares e também de algumas pessoas passando por nós para pagar suas comandas. Fomos pra casa dela. Nessa hora eu já estava no mood do sim pra tudo que aquela mulher quisesse fazer. Um misto de apaixonada com chapada. 

Era um misto de ‘não sei o que fazer, mas sei exatamente’ 

No segundo seguinte já estávamos na cama dela, que gentilmente me conduzia para muitos prazeres. Era tudo muito diferente, o toque, o beijo, o perfume, a respiração, tudo. Um misto de “eu não sei o que fazer, mas sei exatamente”. 

Naqueles 23 anos, que eu tinha na época, nunca tinha gozado daquele jeito. O sexo oral que ela fez em mim abriu as portas das possibilidades de se gozar litros. Foi a primeira vez que eu gozei assim. Eu nem sabia que meu corpo era capaz de fazer isso. Na minha cabeça, eram as Cataratas do Iguaçu no meio das minhas pernas, mas no mundo real foi o famoso laguinho da felicidade mesmo.

Acordei ao lado daquela garota maravilhosa, segura de si, musa que me fez gozar como nunca e fui pra casa completamente confusa e feliz. Sim, eu estava apaixonada. Sim eu gozei muito e, sim, alguma coisa tinha mudado pra sempre na minha cabeça. Lembro de pegar um buzão e de ter vontade de contar pra todo mundo que sentava do meu lado: “Cara eu transei com uma mulher maravilhosa!”; “Senhora, você sabia que eu acabei de ter uma transa incrível?”

Pra mim mudou tudo e até hoje reverbera

Uma semana depois, ela se mudou pro Uruguai e nunca mais nos falamos. Na verdade, foi só aquele dia mesmo. Aquela noite. Uma noite perdida no ano de 2008 que abriu muitas possibilidades de troca, de carinho, de corpos. Sei que pra ela não fez muita diferença na vida, mas pra mim mudou tudo e até hoje reverbera.

* Livia La Gatto é humorista, atriz e professora de teatro formada pela ECA USP. Apaixonada pela comunicação que faz sorrir, que tira do eixo e revoluciona . Adepta ao humor ativista.

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