A melhor primeira vez que alguém pode querer - Mina
 
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A melhor primeira vez que alguém pode querer

Contrariando as estatísticas de primeiras transas desastrosas, Débora Pimentel, do @caradefofa, relata como perdeu sua virgindade esbanjando orgasmos

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Minha primeira vez foi um divisor de águas, pois, por muito tempo, ela foi a minha referência de sexo. Aconteceu quando eu tinha 25 anos, uma idade considerada tardia. Isso era até uma piada entre eu e minhas amigas que também ainda não tinham transado: “As velhas virjonas”.

Eu esperei tanto porque tinha muitos medos: de errar, de virar fofoca, mas principalmente minha insegurança com meu corpo. Por ter sido “acima do peso” grande parte da adolescência e depois obesa, eu sofri gordofobia o suficiente pra achar que não tinha chances de alguém se sentir atraído por mim. 

Depois da bariátrica em 2015, perdi 45 quilos e tudo mudou. Quem já passou por essa experiência deve saber como as pessoas começam a te tratar diferente. Era um “corpo novo”, mas minha cabeça ainda era de alguém que acumulou muitos mitos sobre sexo ao longo dos anos.

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Mas eu estava cansada de me privar e queria viver. Em 2017, me mudei para uma cidade nova e isso significava que era hora de me permitir. Conversei, flertei e foi assim que eu conheci o Colin, no Tinder. 

Estava frio, mas eu só sentia calor. Tive um orgasmo na mão dele e fiquei tonta

O primeiro date não teve nada de mais. Fomos num restaurante simples em um shopping, mas eu estava me sentindo incrível. O que me fascinou foram as trocas de olhares, o jeito que ele me espiava com curiosidade e algo novo pra mim: desejo. 

Na hora de ir embora, ele me levou até o Airbnb que eu estava alugando. Ficamos conversando perto da cerca até começarem a rolar beijos até ficarmos sem fôlego ali mesmo, e ele colocou a mão dentro das minhas várias camadas de roupa e me tocou.

Estava frio, mas eu só sentia calor. Tive um orgasmo na mão dele e fiquei tonta. Se aquilo era uma amostra do que vinha por aí, eu queria mais. Só não naquela hora.

No dia seguinte, almoçamos juntos. O tempo voou com a memória do nosso beijo. Era tudo encenação para onde queríamos chegar. Quando ele me convidou para ir ao seu apartamento, não hesitei. Confessei que era minha primeira transa mesmo, mesmo. Ele se apressou em confessar que também estava nervoso, pois há anos não conseguia gozar com outra pessoa e tinha receio de eu me sentir mal por isso. 

Nenhum cara com quem saí depois do Colin se mostrou tão fascinado como ele em me fazer gozar. Ele fez questão de me masturbar várias vezes. Eu nem sabia que era possível ter tantos orgasmos em sequência. Eu sabia me masturbar, não era como se eu nunca tivesse tido um orgasmo. Porém sozinha era difícil continuar depois do primeiro pico de prazer. Com Colin foi super fácil. 

Ele só parou depois que eu estava escabelada, suada e sem fala. Meu cérebro parecia ter recebido tantos choques elétricos que entrou em curto circuito. Tentamos a penetração por um tempinho, foi bom no início, mas logo ficou desconfortável pra mim. Paramos. Mais masturbação. “Não sei se consigo ter outro orgasmo”, eu dizia. “Duvido”, ele sorria e começava de novo. Eu ria feito uma idiota entre um orgasmo e outro. Tentamos a penetração mais vezes e eu estava mais confortável, queria retribuir todo o prazer. Terminou quando eu cansei e quis ir pra casa. Colin não pareceu se incomodar com isso: ele se divertiu e sentiu prazer também, apesar de não ter gozado.

Foram muitas decepções até eu entender que o que experimentei na primeira transa não era comum

Melhor ou pior, foi o que eu aprendi conversando com minhas amigas sobre minha primeira transa. Elas me disseram que não era comum ter tantos orgasmos com um homem. Que sexo era orgasmo por orgasmo. Ou, muitas vezes, orgasmo para o cara e nada para a mina. Fiquei indignada.

Até eu experimentar na própria pele o que elas falaram que era comum: homens pouco interessados no meu conforto, pouca masturbação, foco no orgasmo deles. Foram muitas decepções até eu entender que o que experimentei com o Colin não era o senso comum nas relações heterossexuais. Se eu manifestava que queria gozar mais, os caras com quem transei depois me fizeram sentir egoísta e até mesmo sonhadora.

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Todas nós merecemos conhecer até onde nosso corpo vai. Todas nós merecemos o protagonismo no prazer. É difícil quando tudo parece errado: nossa aparência; nosso desejo, muitas vezes determinado como insaciável por quem não quer tentar; nossa autoestima, minada por mitos muito bem calculados e perpetuados. Procurem seu potencial de prazer. A gente merece.

* Débora Pimentel é ilustradora, autora do perfil @caradefofa.

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