Afinal, o óleo de prímula funciona? - Mina
 
Seu Corpo / Reportagem

Afinal, o óleo de prímula funciona?

Queridinho para tratar a TPM e amenizar os efeitos da menopausa, o óleo de prímula tem se mostrado eficiente também para controlar escapes da menstruação, mas ainda faltam estudos sobre sua eficácia

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Se você sofre com sintomas decorrentes da Tensão Pré-menstrual (TPM) ou da menopausa, é provável que já tenha buscado tratamentos alternativos para lidar com os incômodos. Um deles é o óleo de prímula. Extraído das sementes da planta Oenothera biennis (Onagraceae), é rico em ácidos graxos essenciais, ômega- 6, incluindo o ácido gama-linolênico, itens benéficos para a saúde, já que possuem ação anti-inflamatória.

No entanto, apesar de ser muito difundido para resolver questões de saúde da mulher, não há evidências suficientes para se cravar sua eficácia para tudo que ele é indicado. Isso não significa que ela não funciona. Eduardo Motta, ginecologista Hospital Israelita Albert Einstein, afirma que existem pequenos estudos que observaram melhora de sintomas de TPM e relatos consistentes de controle nos escapes da menstruação em mulheres que utilizam o óleo de prímula, mas, segundo ele, ainda não há uma explicação farmacológica disponível. Ou seja: falta pesquisa sistematizada e em larga escala principalmente para as demais indicações.

O que sabemos até agora

A fama do óleo de prímula baseia-se no princípio de que a ingestão de alimentos ricos em ácido gama-linolênico auxilia na regulação do metabolismo das prostaglandinas (substâncias inflamatórias), atenuando assim os desconfortos da tensão pré-menstrual. 

Já na fase da menopausa, “seus efeitos terapêuticos são atribuídos à ação direta dos ácidos graxos nas células imunes, bem como seu efeito indireto na síntese de mediadores dos processos inflamatórios, que geralmente estão em desequilíbrio no climatério e no último ciclo menstrual”, explica a nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia. Assim, o óleo contribui para diminuir as sensações de calores, promovendo um maior bem-estar.

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Encontrado em cápsulas, a dose diária recomendada varia de 500 à 1000mg. Porém, vale lembrar, antes de começar a suplementação é essencial que você converse com um profissional médico que poderá indicar a dose ideal para a sua necessidade.

Efeitos colaterais e contraindicações

De acordo com Carolina Cunha, ginecologista e obstetra da Beneficência Portuguesa de São Paulo, os efeitos colaterais do óleo de prímula estão relacionados principalmente à ingestão de quantidades maiores do que as recomendadas, sendo comuns, nesses casos, dor de cabeça, náuseas e vômitos. Além disso, não é indicado para pessoas que usam anticoagulantes, têm alergia às plantas do gênero ou têm problemas de coagulação.

Eduardo Motta alerta para o consumo em excesso em mulheres grávidas e lactantes. “Apesar de necessários e serem normalmente consumidos na dieta, os ácidos graxos ômega-6 em quantidades mais altas podem impactar no crescimento da criança. Como não há dados de segurança para a suplementação durante a gravidez, é melhor não fazê-lo neste período”, recomenda.

O especialista também ressalta condições em que a substância não é indicada: quem possui doença pulmonar obstrutiva crônica (sob risco de comprometer a função respiratória); diabetes (pode se associar a aumento da pressão arterial); trombose (comprometimento da função de plaquetas); e quem já possui níveis elevados de triglicerídeos (possibilidade de elevar ainda mais). Ou seja, não é porque é um fitoterápico que pode ser consumido por qualquer um. 

O que são fitoterápicos?

Segundo a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), os fitoterápicos são produtos feitos exclusivamente de matéria-prima vegetal, que possuem seus efeitos comprovados, bem como seus riscos conhecidos. Apesar de natural, a fitoterapia também requer cuidados.

O ginecologista Eduardo Motta adverte que o consumo dessas substâncias deve estar de acordo com as condições clínicas de cada pessoa, havendo reconhecimento da interação com outros medicamentos que possam estar sendo utilizados e ter seu efeito reduzido pela ação do fitoterápico. “Medicações fitoterápicas fazem parte das possibilidades de uso terapêutico e devem ser utilizadas de maneira criteriosa, pois podem ter efeitos adversos, além dos eventuais benefícios”, diz.

“Estamos falando de uma infinidade de plantas e seus extratos, em diversas concentrações. A maior parte dos fitoterápicos são regulamentados como medicamentos, por apresentarem maior risco de efeitos colaterais e contra indicações, por isso, só devem ser consumidos após prescrição e orientação médica. Na dúvida, o ideal é consultar o médico de confiança”, completa a nutróloga Marcella Garcez.

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