O dilema do amigo-passivo - Mina
 
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O dilema do amigo-passivo

O que fazer com aquela pessoa que nunca te procura, mas adora seus convites? Entenda o que fazer com os amigos-passivos

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As séries, filmes e Hollywood de maneira geral fizeram com que a gente criasse uma imagem idealizada de amizade. Não faltam amigas inseparáveis e vizinhos hiperconectados para lembrar que ter amigo é maravilhoso. E muita gente faz a lição de casa, cuida das amizades com amor e dedicação. Mas a pergunta hoje é: o que a gente faz com aqueles que nunca tomam a iniciativa de nos procurar? Aqueles que, se você não for atrás, parece até que a amizade acaba. Quando insistir e quando desistir dos passivões?

O amigo-passivo não é nenhum monstro, inclusive pode ser você

Atire a primeira pedra quem nunca se sentiu em uma amizade “desbalanceada” – daquele tipo que só você convida para sair, só você dá sinal de vida, só você propõe atividades e programas. O fenômeno social do “amigo-passivo” está entre nós e o dilema de quem lida com essas amizades deve ser respeitado.

É uma questão porque há amor e você sabe que pode confidenciar os seus segredos para aquela pessoa. Você sente que é incrível estar na companhia dela e vocês sempre terminam os encontros com aquela sensação de “vamos fazer mais isso”, mas nunca fazem, a não ser que você convide, cutuque, procure e faça questão de marcar. 

Todos nós já encontramos um amigo passivo pelo caminho ou até mesmo já fomos esse tipo de pessoa para alguém. Sim, porque o amigo-passivo não é nenhum monstro e pode ser você. 

Localizado em uma área cinzenta dos relacionamentos, esse tipo de amizade, na maioria das vezes, levanta dúvidas sobre o nosso próprio comportamento e gera questões que não são fáceis de resolver.

Avalie o contexto

Na opinião da psicóloga Gabrielle Menezes, a dinâmica dessas relações pode gerar ansiedade e angústia no “amigo-ativo”. “Essa frustração pela expectativa pode causar impactos na nossa saúde mental. Reconhecer qual a hora de parar de insistir na amizade é crucial, principalmente se esse esforço unilateral gera um desgaste”, diz. 

Para a psicóloga, antes de insistir ou não nessa amizade, é preciso avaliar o contexto. Essa pessoa não quer marcar ou não tem tempo pra isso? Para identificar em qual categoria o seu amigo está, é bom reparar se essa dinâmica de relação só acontece entre vocês ou se é a forma como essa pessoa se relaciona com todo mundo. Também é preciso avaliar se esse “amigo passivo” está a fim de viver bons momentos ao seu lado ou se ele só vai te “deixar com os momentos ruins”, quando ele precisa de você. 

Ser um amigo-ativo não significa estar sempre disponível 

Nessa hora, abrir o jogo é fundamental. Porque se não está legal pra você, merece atenção. “Conversar sobre suas necessidades pode esclarecer a situação, mas é essencial identificar se a outra pessoa está aberta a isso”, exemplifica Gabrielle.  

Cuidado com a idealização

Aqui vale lembrar que Hollywood trabalha com alta idealização das amizades. Todo mundo sabe que o que acontece nas nossas séries favoritas raramente é replicado na vida real. Bom, espero que você saiba que é quase impossível alugar um apartamento em Nova Iorque com o salário que ganha escrevendo uma coluna de sexo – sendo que grande parte do ordenado você gasta com sapatos caros – tal qual acontece em Sex And The City. Mas será que a gente tem esse senso “de realidade” quando o assunto é amizade?

Ainda falando sobre Sex And The City, sabemos que o que faz a série ser tão legal e divertida é a amizade entre as protagonistas. Quatro pessoas com personalidades totalmente distintas que estão sempre juntas, o tempo todo, para o que der e vier. 

Ok, é importante a gente dar valor às amizades e celebrá-las (ainda mais a amizade feminina), mas sabemos que na vida real não é bem assim e, infelizmente, muita gente se sente frustrada por não viver amizades como a de Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda, cheias de encontros, jantares e compromissos em comum. O audiovisual parece ser bom em criar expectativas irreais no amor e também nas amizades.

Deixando as idealizações hollywoodianas de lado, vale lembrar que ser um amigo-ativo não significa estar sempre disponível para o outro, mas sim, incluí-lo na sua vida para que ele se sinta valorizado – nem que isso só aconteça através de mensagens de texto. Para construir laços de amizades saudáveis, é preciso desligar a TV e prestar atenção na vida real. 

Encontrando o equilíbrio 

Os fatores que fazem com que uma pessoa se torne um amigo-passivo são muito variados. A falta de referências de amizades saudáveis, o estresse do dia a dia, o trabalho, a família, etc. Aliás, antes que alguém aí comece a se culpar: é normal e comum estar mais ausente de vez em quando, em fases difíceis da sua vida. Nessas horas, vale dar um toque nos seus amigos, avisar que a companhia deles é valiosa, mas que agora você está focada em outras prioridades e demandas da sua vida. Esse tipo de aviso faz com que a pessoa perceba que você pensa nela e se preocupa, só não pode agora.

Como os relacionamentos amorosos, as amizades também precisam de cuidado. E é por isso que o amigo-passivo costuma causar incômodo. 

Mas, ter um “amigo-passivo recém-diagnosticado” não significa necessariamente brigar, excluir o telefone, bloquear no Instagram ou atravessar a rua quando passar por ele. Muitas vezes, só de entender que aquela amizade está capenga já te acalma e faz com que você pare de tentar com tanto esmero. Tudo nas relações é sobre encontrar um equilíbrio, compreensão, respeito e suporte. 

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