Mari Krüger desmistifica pseudociência - Mina
 
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Mari Krüger: “Contra a pseudociência, vou de shot de senso crítico” 

A bióloga, DJ e criadora de conteúdo Mari Krüger conta pra gente qual é a pior música que já pediram na balada, o que pensa sobre inteligência artificial e qual é seu bem-estar inconfessável

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Sabe aquelas verdades que são passadas de gerações pra gerações e a gente nem se questiona? Pois Mari Krüger desmistifica todas, como, por exemplo, a de que jamais devemos nos sentar no vaso sanitário público.  Moradora da cidade de São Paulo há 6 meses, a gaúcha tem mais de 400 mil seguidores no Instagram e é lá que ela causa rebuliço ao passar pela peneira da ciência muita coisa que circula pela internet, pelos conselhos da vovó e pelos stories dos coaches de produtividade. 

Formada em biologia, Mari cria conteúdo para as redes sociais fazendo alertas sobre diversas pseudociências. Todos os personagens são carregados de humor, em especial o anjo da guarda inconformado e os órgãos do corpo – sempre revoltados com as decisões dos humanos. Roteiro, cenário, figurino e edição dos vídeos: é tudo feito por ela e pelo namorado. 

Mas o sucesso nas redes não fez com que ela largasse seu trabalho com DJ. Mari continua sendo ovacionada em grandes festas e, inclusive tem um recado pra vocês: “Gostaria de utilizar esse espaço para falar: não peçam música ao DJ, ele não é seu Spotify”, brinca. 

“Gosto que mais biólogos estejam criando conteúdo pra mostrar o quanto essa profissão é ampla”

Em um papo descontraído, Mari conta o que ela ama odiar, qual é seu bem-estar inconfessável e o que pensa sobre inteligência artificial. Confira a seguir.

Bióloga, atriz, DJ e criadora de conteúdo nas redes sociais: que receita é essa? E como você equilibra esses patinhos?
Não equilibro. Mas atualmente meu namorado trabalha comigo, costumo dizer que a empresa Mari Kruger sou eu e ele. A criação de conteúdo na internet exige muito, a gente faz o roteiro, capta, edita… e tenho ele trabalhando comigo em todos esses processos. A parte de DJ se tornou praticamente um hobby porque escolho muito bem em quais eventos vou tocar, já que, de segunda a segunda, trabalho com a internet. 

Quais alertas seu anjo de guarda te daria sobre destruir as certezas das pessoas sobre saúde na internet?
Ele me aconselharia a fazer terapia. Falo brincando, mas é verdade porque as pessoas na internet se sentem muito corajosas. Elas te dizem coisas ali que jamais te diriam frente a frente. E como mexo em verdades quase absolutas que são passadas de geração em geração, e que para muitas pessoas funcionam, elas se sentem ofendidas. Mas meu anjo da guarda está vendo que estou fazendo terapia e que parei de dar importância para os comentários. 

Qual o melhor como shot contra pseudociência? 
Acho que é o shot do pensamento crítico, de questionar. Gosto de trazer sempre o: será? Tudo que promete muito precisa ser questionado. Todas as coisas que resolvem tudo para todo mundo, precisam ser questionadas. Nesse dia vai ser bem mais difícil de ser enganado na internet.

Quando a gente pensa em biólogos, vem à mente gente que adora sapo e mora perto do mato (preconceito que chama, né?). Qual o tamanho do prazer de desconstruir isso?
Acho muito doido o quanto esse ‘biólogo do meio do mato’ construiu uma ideia no imaginário das pessoas de que o biólogo não pode falar de saúde e sobre seres humanos. A biologia é um estudo da vida.  Quem me dera eu não tivesse precisado acordar às 07h da manhã para abrir cadáver na faculdade, porque foi muito traumático e tive que passar por isso. Gosto da ideia de que mais pessoas da biologia estejam online criando conteúdo para mostrar o quanto essa profissão é ampla.  

Qual a pior música que já te pediram pra tocar na balada?

Tem rolado um movimento das pessoas pedirem Lana Del Rey – nas últimas três festas me pediram. Mas mesmo os remixes de eletrônica que existem dela não combinam muito com meu set. E gostaria, inclusive, de utilizar esse espaço para falar: não peçam música ao DJ.  Porque ele faz uma pré-seleção das músicas, porque ele pensou muito naquilo. As pessoas têm a mania de achar que o DJ é o nosso Spotify e não é. 

Qual a pior invenção “saudável” que já criaram?
Vou de enema de café. É basicamente usar um caninho para inserir o café pelo orifício de baixo [anus]. As pessoas acreditam que isso limpa o intestino, que ajuda a emagrecer. E ele está sendo feito tanto de forma caseira, como em clínicas, custando cerca de 20 mil reais. Tenho um vídeo maravilhoso sobre isso

“Sim, eu crio conteúdo falando pro povo não ficar no celular antes de dormir e faço o contrário”

Qual seu bem-estar mais inconfessável? 
Gosto muito de assistir aqueles vídeos de ASMR de maquiagem, que a pessoa fica passando o pincel na câmera ou no microfone. E gosto de ver antes de dormir! Sim, eu crio conteúdo falando pro povo não ficar no celular antes de dormir porque faz mal pra caramba e faço ao contrário. Mas juro que também assisto quando estou muito estressada, super me ajuda. 

Uma coisa que você AMA odiar 
Busco tretas na Internet e fico meio viciada naquilo porque penso que vai ser um ótimo material pro meu conteúdo. Quero saber a fundo o que a pessoa está falando sobre isso e vou alimentando meu ódio, mas aí boto na desculpa que é estudo de trabalho. Depois crio o personagem perfeito porque tenho os trejeitos certinhos da pessoa.  

Uma (ou algumas) saudade de Porto Alegre.
Porto Alegre tem evoluído, mas costumo dizer que tem os problemas dos dois mundos, tem as pessoas com cabeça fechada como se fosse uma cidade do interior, mas tem também as questões da cidade grande, como violência, trânsito e afins. O que sinto saudades mesmo é da minha família e dos meus amigos, mas como estou aqui só há seis meses e fui muito pra lá pra trabalhar como DJ, ainda nem deu tempo para sentir muita saudade. 

Qual é o pior lado do Google?
Pra mim, o pior lado do Google é que a gente não consegue encontrar a verdade com tanta facilidade. Aliás, costumo dizer que a geração Z já nem busca informação no Google, vão direto no TikTok. É por isso que defendo que pessoas ligadas à ciências precisam ocupar as redes sociais.

Inteligência artificial: medo ou animação?
Estou mais animada do que com medo porque acredito muito no poder da informação através da internet. E a desinformação já está aí, né? A inteligência artificial não necessariamente te dá a resposta correta, mas a que apareceu mais vezes, então estamos numa evolução de uma galera mais crítica, mais questionadora para que a gente consiga fazer um novo Google.  Estou otimista que a gente consiga ter mais informações verdadeiras, mas é impossível não estar assustada, sou da geração que viu tudo isso nascer – quando nasci não existia celular ou internet – e, em meses, a inteligência artificial já faz essa loucura.

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