Letrux: "Só comecei a me achar mais bonita depois dos 35 anos, quando me libertei de regras malucas” - Mina
 
Seu Corpo / Arquivo Pessoal

Letrux: “Só comecei a me achar mais bonita depois dos 35 anos, quando me libertei de regras malucas”

O que os outros pensam dela nunca impediu que a poeta e cantora performática Letrux explorasse seus talentos. Do alto dos seus 1,85 metros de altura, ela conta como foi lidar com as mudanças no corpo ao longo da vida

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Carioca da gema, a multiartista Letícia Novaes, mais conhecida como Letrux, sempre teve um amor genuíno pelos palcos. Cantora, compositora, poeta e atriz, ela é um dos grandes destaques no cenário da música independente contemporânea.

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Seu segundo álbum, Letrux Aos Prantos, foi lançado em março de 2020, mas só agora, com a vacinação avançada, a musa performática terá a chance de apresentá-lo em um show. São treze faixas densas e repletas de ironias do cotidiano, incluindo feats com Liniker e Luisa Lovefoxxx.

No embalo do retorno aos palcos, ela conta como foi a relação com seu corpo ao longo da vida. Através de cinco fotos, fala sobre amor-próprio, dores, descobertas e as esquisitices que a fazem tão única desde pequena. 

A artista brinca que gostava de fazer graça com os acessórios da mãe

“Aos 8 anos, eu já era considerada alta demais”

Letícia brinca que toda criança de 8 anos é meio esquisita. No seu caso, tinha um agravante: ela já era considerada alta demais. Puxou o pai que tem quase dois metros de altura. Caçula de dois irmãos, teve uma infância privilegiada, em que o acolhimento era primordial, sempre estimulada a ser quem quisesse. “Fiquei muito alta naquela idade e sempre gostei de coisas diferentes. Peguei esse óculos da minha mãe e já fui criando uma personalidade”.  

Caçula, Letícia brincava com os irmãos

“Tive uma infância livre, em que minha estranhice era acolhida”

Aos 10 anos, Letrux se sentia muito livre, curtiu uma infância na companhia dos irmãos, sem camisa e se sujando sem culpa. A mãe percebeu que a filha não era muito das bonecas, mas lhe passou o amor por brincos e colares. Ela conta que nessa época ainda conquistava crushes: “O menino mais bonito da sala gostava de mim, aquela coisa inocente de criança”. Na adolescência a coisa mudou.

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“Todo meu corpo era ridicularizado”

Aos 16 anos, a mais alta da sala passou a sofrer ataques dos colegas. Não recuou, foi representante de turma, fez teatro e tentava a todo custo não se deixar abater. Mas ficava constrangida de compartilhar em casa tudo que acontecia. “Eu tinha vergonha de falar pra minha mãe que a filha dela era vista como feia no colégio, sendo que eu achava minha mãe muito gata.” Letrux nunca foi tímida, mas viveu algumas experiências um pouco mais tarde que suas amigas. “Fui tão violentada pelo bullying, que atrasei todas as experiências de sexo, drogas e rock’n’roll. Porque na época, tinha essa pressão, mas eu achava até engraçado as pessoas não me paquerarem”, conta. 

Letícia tinha o cabelo abaixo do peito quando resolveu passar pela transição capilar

Parei de alisar o cabelo. Foi libertador”

Desde de muito nova, Letrux não curtia o volume do seu cabelo e fazia de tudo para disfarçar. Ela lembra que, na época, “até quem tinha os fios lisos alisava”. Aos 33 anos, a artista teve um estalo e se questionou sobre a motivação para seguir com aquilo. “Cortei bem curtinho. Foi libertador.” Há dez anos, os cachos reinam em sua cabeleira vasta, que faz todo sentido pra si.

Apaixonada por estar no palco e em evidência

“Comecei a me achar mais bonita depois 35 anos”

Essa foto é deste ano, feita no retorno aos palcos que aconteceu na Casa Natura, em São Paulo. E ela traz uma das características que Letrux acha mais forte em si mesma: “o sorriso dessa foto sempre me acompanhou, desde a infância.” Para ela, estar no palco também é uma forma de estar em casa. E foi há 5 anos, aos 35, com a frequência nos palcos e com a chegada do sucesso que o olhar sobre si mesma mudou. 


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