Fafá de Belém: “Cada vez que eu recebia um não, a minha curiosidade sobre a vida aumentava” - Mina
 
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Fafá de Belém: “Cada vez que eu recebia um não, a minha curiosidade sobre a vida aumentava”

Sem economizar gargalhadas, a cantora conta para Angélica sobre como faz para encarar a vida e o envelhecimento com leveza

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Como encarar a passagem de tempo? Envelhecer é processo que todo mundo encara, mas para as mulheres têm um peso maior e uma simples pergunta sobre a idade pode causar um climão. Para falar sobre bem-estar e envelhecimento, Angélica recebe a cantora Fafá de Belém, que, com sua risada inconfundível e muito bom humor, leva o envelhecimento com leveza.

Quem acompanha sua carreira de sucesso, não imagina que Fafá recebeu muitos nãos na vida. Não era considerada a mais bonita, nem a mais comportada. Seu foco não era o casamento, como se esperava das mulheres na época, o que ela mais queria era trabalhar. “Cada vez que eu recebia um não, a minha curiosidade sobre a vida aumentava. Cada não era um incentivo para eu ir para frente.” 

“Romper estereótipos é falar com outras mulheres que é possível ser feliz depois dos 40 anos” 

Um dia ela soltou uma gargalhada na frente de uma tia e ouviu que, assim, ela nunca daria certo na vida, pois não arrumaria um marido. Mesmo criança, Fafá teve a perspicácia de responder que ela não precisava de homem para ser alguém. “A festa parou, é claro, e a gargalhada passou a ser um escudo, uma manifestação para cortar o assunto. Quando eu vejo uma coisa engraçada, eu não consigo rir baixo. Já fui tirada de teatro, tomei uma sapatada”, diz, às gargalhadas, claro.

Entre tantas pressões que a mulher sofre, rir baixo e falar baixo é uma que se impõe sobre todas nós. A cantora destaca que também há uma cobrança para a eterna juventude, para um corpo esbelto. Fafá, que tem os cabelos bem brancos, diz que romper estereótipos é uma forma de enfrentar o mundo. “Significa liberdade, libertação e falar com outras mulheres que é possível ser feliz depois dos quarenta anos.” Esse modo de encarar a vida é um reflexo da sua criação. “Tive um pai muito amoroso e uma mãe muito interessante. Ela sempre falava para eu realçar o decote, isso me dava uma liberdade de brincar com o meu corpo e usar roupas que vestem a minha alma”, diz. 

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Num país que está entre os que mais realiza procedimentos estéticos para frear as marcas do envelhecimento, Fafá conta como lida com a passagem do tempo no corpo. “Eu não uso botox, por exemplo. Uma vez fiz e fiquei com a cara de um político assustado. Faço massagem facial e rio muito. Dizem que rir mexe com tantas musculaturas do rosto que previne rugas”, relata. Porém, confessa que, quando era criança, achava que aos 30 estaria morrendo. 

“Com o tempo, a experiência ganha da praticidade”

E quem pensa que assumir os cabelos foi tranquilo, está enganado. Fafá relata que sempre recebia mensagens de uma senhora mandando ela pintar o cabelo, até que uma delas foi mais agressiva, chamando a cantora de ridícula e dizendo que ela parecia uma vovózinha. “Respondi: mas eu sou uma vovózinha. Quem tem problemas com a idade é você. Se você não sabe, eu tô on. Com o tempo, a experiência ganha da praticidade”, compartilha. 

No fim do bate-papo, Fafá fala da sua espiritualidade, que é um dos seus pilares para seguir em firme e forte. “A fé é aquele sentimento que te faz ir em frente quando tudo diz não. É aquele movimento interno que faz lutar contra tudo porque você acredita naquela verdade”. 

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