O que é CLT Premium? - Mina
 
Seu Trabalho / Reportagem

Motivos para amar a trend da CLT Premium

Os benefícios que deixaram muita gente com inveja são um recado para empresas e desanimados de um modo geral: existe um mundo melhor e nós queremos estar nele

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Você já deve ter ouvido falar da “CLT Premium”: a trend que começou no TikTok se espalhou por outras redes sociais, portais de notícia, café da firma e mesas de bar. Não há uma pessoa – contratada em regime CLT ou não – que não tenha parado para escutar esses relatos que expõe benefícios aos quais a maioria de nós não está acostumada.  

Como o tema foi gatilho para muito PJ precarizado e tem gente misturando benefício básico com premium, resolvi abrir essa conversa. E vamos começar pela inveja: não perca seu tempo achando que essas pessoas estão se vangloriando naquela vibe “o meu é melhor que o seu”. Alguns podem até estar, mas a verdade é que a exposição dessas formas respeitosas de tratar os funcionários pode (e deve) servir de inspiração para que aconteça um avanço no modelo de trabalho como um todo. 

Num mundo onde a gente se aflige com a possibilidade da IA roubar nossas vagas, benefício premium é um alento

Agora vem a parte do balde de água fria. Preciso avisar que tem muita gente chamando benefícios básicos, de premium. Licença paternidade, por exemplo, não devia ser considerada um diferencial, é simplesmente uma questão de justiça. Plano de saúde e vale alimentação também não merecem nenhum estardalhaço. É o que realmente foge às obrigações que me interessa.   

O que é premium de verdade

Em uma pesquisa rápida com meus seguidores, descobri que a Globo oferece sessões de terapia semanais, a Natura tem diversas folgas abonadas e faz emenda automática de feriados. Aí, sim vi vantagem. 

Uma matéria da Forbes mostrou que Basf, Locaweb e Stone oferecem incentivo, através de pontos, que ajudam a custear viagens de férias. E não são só as grandes corporações que conseguem oferecer condições melhores: a empresa À Brasileira Souvenirs oferece férias coletivas sem descontar das férias individuais (como é previsto por lei). Ou seja, a pessoa tem seus 30 dias de férias, mais os 10, 15 e quiçá 20 dias ao longo do ano nos quais a empresa inteira para de trabalhar. 

Mas nem só de realidades que parecem distantes vive essa Trend. Para muita gente, semana de 4 dias é um benefício de ponta. Como a gente já discutiu aqui, as pessoas ficam tão satisfeitas que produzem até mais. 

E tem benefício direcionado também: na Agência AKQA, além da licença parental de 6 meses (independente de ser pai ou mãe) os funcionários que têm filhos, têm direito a 5 dias extras de férias. E posso garantir: tudo isso conta na hora em que os funcionários recebem uma proposta ou pensam em sair. 

Porque é disso que estamos falando: empresas interessadas em diminuir a rotatividade e se dedicando a reter seus talentos. Num mundo onde a gente ouve que “ninguém é insubstituível” e se aflige com a possibilidade da Inteligência Artificial roubar nossas vagas, isso é sim um alento. 

Na semana passada viralizou também o relato de Déia Freitas, do podcast Não Inviabilize. Ela ajudou seus cinco funcionários a comprarem um apartamento cada. Esse aqui é tão premium que a gente pode dar outros nomes: “justiça social”, “divisão justa de renda” ou “a mentalidade empresarial que pode salvar o mundo”.

Os números nunca mentem

Os jovens que criaram a trend do “CLT Premium” tem mostrado que, conforme eles aumentam sua participação no mercado, empurram as empresas (e também seus pares de outras gerações) a repensarem o velho modelo que causa tanto desgaste. Lembremos que nas pesquisas feitas com a geração Z, flexibilidade e saúde mental aparecem como prioridades no trabalho. 

Para não achar que tudo é uma questão da empresa ser legal ou não, vale voltar num dado que já passou por aqui: empresas que investem em maior qualidade de vida para a sua equipe melhoram seus resultados financeiros

As pessoas também estão de olho em vagas dentro de empresas melhores. Uma pesquisa feita pela Infojobs mostrou que 86% das pessoas entrevistadas mudariam de emprego por condições de saúde mental e mais satisfação. 

Jamais subestime o poder de um ambiente de trabalho saudável

Se você foi dragado pela triste constatação de que sua empresa não liga muito para o bem-estar dos funcionários, respire fundo. Conhecer outras realidades empresariais alimenta nosso imaginário e mostra que podemos sonhar – e isso é ótimo. Jamais subestime o poder de um ambiente de trabalho saudável.

Essa trend e os exemplos que vieram a público com ela nos mostram que, com alguma intenção, é sim possível ter mais pra mais gente. Por isso, nunca duvide que as coisas podem ser melhores. Vai ter quem diga que “a conta não fecha”, mas a conta que não está fechando é o Brasil ser um país recordista em burnout e depressão. Bem-estar no trabalho não é luxo, é necessidade.

Não se deixe enganar, olhar para alimentação, descanso, tempo com a família e segurança dos funcionários para além do que é óbvio é interesse das corporações e dos patrões. Piscina de bolinha e escritórios descolados podem até soar como algo legal, mas sabe o que é premium mesmo? A intencionalidade de mudar coisas tangíveis na rotina e na realidade das pessoas. Se podemos ficar com algo dessa história, é a premissa de que os funcionários são, sim, importantes para as empresas – e isso muda tudo.

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