O Pierrot está aos prantos e, dessa vez, não é pelo amor da Colombina. A culpa é do Carnaval. Ou melhor, da provável falta dele. Pelo segundo ano consecutivo, a pandemia está dando o tom da festa. Ano passado, ficamos em silêncio absoluto, sem bloco, sem desfile, sem brilho e sem vacina no braço. Mas agora estamos imunizados – mais de 72% da população com a segunda dose, indo para a terceira – e… ninguém entendendo muito bem como vai ser a farra. Se vai ter farra.
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Os desfiles foram adiados para abril. As festas privadas ganharam força, nos fazendo sentir em 1980, quando os bailes em clubes eram o babado. E a galera dos blocos de rua tem feito coro com o Pierrot, numa choradeira ritmada por estarem proibidos de circular. Fora a turma do fique em casa, que ainda não se sente segura em pôr o corpo para jogo. E a grande dúvida segue pairando no ar: vai ter Carnaval ou não?
Sentimos dizer que a gente não sabe a resposta. Nossa única certeza é que tem muita gente sentindo falta da maior festa do planeta. O jeito é se apegar às duas coisas que ninguém pode tirar da gente: nosso brilho e criatividade. Então, convidamos alguns foliões profissionais para contar porque o Carnaval faz tão bem pra eles. Sim, carnavalizar fez bem! E pra dar o toque de purpurina que a ocasião merece, vem no combo um ensaio exclusivo e maravilhoso pra exibir os lookinhos amados.
Renata Corrêa, escritora e roteirista
“O Carnaval, para mim, é uma limpeza espiritual e o verdadeiro começo. Nunca gostei de Ano-Novo. Em fevereiro, depois de ocupar a minha cidade, dar e receber amor, sinto que estou pronta para enfrentar a vida real.”
Antonio Schuback, stylist
“As duas coisas que eu gosto no meu cotidiano é me arrumar e viver a rua, no sentido de emendar um programa no outro. Se saio de manhã, volto só de noite para a casa, às vezes troco de roupa rapidinho e volto para a rua. Gosto muito dessa rotina e o Carnaval é muito isso. Você não sai da rua, interage com todo mundo, as pessoas reconhecem a sua fantasia. Então o Carnaval é a junção de tudo que mais gosto resumido num grande evento que dura uma semana inteira.”
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Babi Thomaz, apresentadora e creator
“O Carnaval me faz bem porque é quando o Brasil se une num só corpo. É quando a gente se permite brincar, brilhar e se libertar da normose do cotidiano. É sobre recarregar a sua alma enquanto brasileiro e celebrar nossa ancestralidade enquanto nação.”
Natasha Pasquini, artista
“Carnaval pra mim é estado de espírito, um modo de ser e estar no mundo. Carnaval me faz bem porque é a concretização de um trabalho artístico que se constrói ao longo do ano. É ver a tríade sonhar-fazer-realizar se fechar. Me faz bem porque pulsa encontros e encantos. Porque faço das ruas o palco para tantas criações. Posso brincar de ser bicho, ser gente, ser brilho, ser tudo e ser nada. Carnaval me faz bem porque experimento outros modos de caminhar e atravessar a cidade. Porque ativa minhas memórias de criança suburbana dos anos 90, aquela que queria ser a globeleza. E conta não somente sobre minhas vivências, mas de vivências de muita gente pobre, preta e periférica que veio antes e sempre acreditou na alegria como possibilidade de supraviver. E isso é mais do que sobreviver.”
Carol Barreiros, publicitária
“O Carnaval é um momento de se expressar e mostrar nossa personalidade e criatividade por meio das fantasias, dos brilhos e dos acessórios. Sinto falta da liberdade que ele traz, de andar na rua fantasiada, estar com os amigos e curtir os espaços da cidade acompanhada de uma cervejinha gelada e música! É um momento para sermos exatamente quem somos. É a melhor época do ano! Espero que em 2023 as coisas estejam melhores e o Carnaval de rua volte com tudo!”
Lia Bock, editora-chefe da Mina
“O carnaval me faz bem porque é na rua, é todo mundo junto e tem uma vibe de ‘pode tudo’ que me encanta. Sou uma pessoa muito festeira e da pista, então sinto que o carnaval é (tipo) o Evereste das festas, o ponto mais alto, a catarse absoluta. Horas e dias da dança e suor. Nasci para isso! De uns anos pra cá, ele tem um significado ainda mais legal, porque conheci meu marido num bloco, desses que a gente beija antes de saber o nome. Pois então.”