“Que foi? É esse tipo de situação que me desestabiliza”. Foi com essa frase e o semblante seríssimo enquanto o jornalista Chico Barney ria da sua fala que Alana Azevedo, mais conhecida como Alanitcha nas redes sociais, ganhou de vez o coração dos twitteiros e de muitos apaixonados por memes. 

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Você já deve ter visto o vídeo em que ela aparece indignada por ter sido banida do BBB, alegando que o Boninho estava com medo de perder o lugar para ela e anunciando que montou a sua própria emissora, a Globe. O que muita gente que riu junto com o Chico Barney em janeiro de 2021 não sabe até hoje é que era tudo uma grande brincadeira de improviso – combinada com o jornalista, por sinal. 

“Minha mania de pobre favorita é voltar com o potinho de comida da casa da minha mãe”

Mas Alanitcha não é mulher de um meme só. Depois desse primeiro momento viral, outros vídeos humorísticos criados pela fluminense de Volta Redonda também estouraram, como o que ela simula os Stories de uma pessoa que é “fiel a ficante” e o que ela finge receber Chris Martin, vocalista do Coldplay, em casa durante a longa temporada da banda no Brasil. 

Já para conhecer a criadora de conteúdo para além dos personagens, a dica é escutar o podcast Helena, o podcast da pronto (sim, uma referência às novelas de Manoel Carlos) em que ela compartilha histórias pessoais com sua prima Raíla Azevedo de peito aberto e com muito bom humor. Além de ler o nosso papo a seguir, é claro.

O que as Helenas do Manoel Carlos te ensinaram sobre bem-estar? 
Eu fui uma criança noveleira. As novelas têm um espaço grande na minha vida e meu caráter foi moldado pela TV aberta. Na infância, eu e minha prima refazíamos os diálogos numa brincadeira, nos imaginando num restaurante caríssimo. 

Naquele imaginário de que a Helena era aquela mulher chique, bem sucedida, dona do próprio negócio que sai às 14 horas para ir ao pilates, hoje posso dizer que o que tenho de Helena em mim é o bendito “do” pilates. Me sinto próxima, entendeu? Tomar um cafezinho da tarde ali… Tudo bem, faço o pilates por causa da escoliose na coluna, sim. Mas ninguém precisa saber disso.

Amo minha família, mas…
…acho importante estabelecer limites da opinião do outro sobre mim, principalmente na produção de conteúdo. Às vezes, não entendem que é uma brincadeira, um personagem. Minha mãe mesmo diz que falo muito palavrão. Hoje até brinco com isso. 

Quando vou falar qualquer besteira no podcast, insiro a frase “o que Jesus acharia disso?”, justamente para não dar um peso maior na minha vida. Se dependesse  da minha mãe,  não falaria um palavrão e ela pergunta:  “Por que você não faz um conteúdo de Chico Xavier?”. 

Seu podcast tem um episódio sobre mania de pobre, qual é a sua favorita? 
Voltar com o potinho de comida da casa da minha mãe, adoro. Uma outra coisa também é repassar as suas roupas. A roupa que era da sua prima e fica pra você, esse movimento é uma contribuição com a moda, né? Ah, Havaianas também é outra mania de pobre, ele consegue manter o chinelo por mais tempo com um preguinho ali. 

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Qual é o melhor clichê para terminar uma relação? 
Tem os clássicos… O meu favorito “ruim” é o “não tô com tempo pra nada, meu trabalho está me consumindo”, porque, de um lado, tem ali a tua responsabilidade de não conseguir demonstrar seu afeto, deixando uma lacuna aberta, mas falta uma sinceridade, porque… será que não dá mesmo para encaixar a pessoa? Acho que, normalmente, é uma desculpa. 

Agora um clichê “bom” é o “vamos preservar o que a gente construiu até agora”. Clássico dos famosos, porque é como dizer “não estamos desfazendo do nosso amor, só seguindo caminhos diferentes”, dá até um quentinho no coração. Acho até respeito, mas aí depois de duas semanas, a gente descobre que rolou traição, nossa! Por isso, brinco  que não sou uma detetive dos relacionamentos, sou uma antropóloga do pós-modernidade.

Bem-estar de suburbano é…
Aqui em Volta Redonda somos famosos pelo nosso podrão, aquele lanche de fim de noite. Vem com um “ovinho” de codorna, presunto, ervilha… É, assim, uma obra de arte em forma de hambúrguer e eu acho que as pessoas daqui são muito apegadas a ele. Meus amigos que foram morar em São Paulo morar falam: “nossa, que saudade de sentar ali na Praça Brasil e comer um podrão e beber um guaraná”.  

“No começo, virar meme me deixou muito ansiosa, mas fui entendendo meu lugar e pisando devagarinho”

Qual é o mal-estar de virar um meme?
O lance da Globe foi um meme que  acho que deu uma bugada na cabeça de muita gente e até hoje recebo mensagens perguntando quando vou fundar a Globe e fico: “ai meu Deus, vou ter que carregar isso pelo resto da minha vida”. O meme me abriu muitas portas para o que faço hoje, mas, no começo, fiquei muito ansiosa, tive espinhas. Fiquei com medo disso tirar a minha privacidade, de exigirem muito de mim e também de ficar refém do algoritmo, mas aos poucos, fui entendendo meu lugar e pisando devagarinho.

Meu riso vem fácil quando… 
…estou  com pessoas que me fazem bem. E nem é contando piada, nem nada. Também quando lembro de momentos da minha vida, principalmente da infância, revendo fotos. Sempre rio ou choro porque é muito intenso. 

Um tweet para Elon Musk?
Nossa, ia falar assim: “Meu filho, vai arrumar algo para fazer com seus bilhões e deixa a gente em paz, entendeu? Deixa o Twitter em paz!” Porque ele comprou para destruir. Era um lugar com bônus e ônus, sim, mas era uma plataforma que usava pela dinâmica do funcionamento, mas com tanta tanta mudança, fico meio triste.