O conceito de responsabilidade afetiva ganhou força recentemente nas redes sociais, quando as pessoas começaram a debater formas honestas de se terminar uma relação. Mas não é uma prática nova. Muito tempo antes da expressão ir parar nos trendings topics do Twitter, o autor francês Antoine de Saint-Exupéry escreveu no livro O pequeno príncipe a seguinte sentença: “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. De fato, o trecho escrito na década de 1940, em idos do século XX, abriu caminho para pensarmos o impacto das nossas atitudes sobre o outro. Só que, na época, o termo “responsabilidade afetiva” nem existia, muito menos conhecíamos seus inúmeros benefícios ao corpo, à mente e às relações humanas – sejam elas amorosas, ou não.
Responsabilidade afetiva é o segredo das conexões humanas
Recentemente, um estudo feito pelo laboratório de neurociência da Universidade do Colorado (EUA), identificou que a solidariedade e a compaixão – sentimentos fundamentais para que a responsabilidade afetiva seja colocada em ação – são processadas no mesmo lugar do cérebro encarregado dos atos de valor e recompensa, como a decisão do que comer ou de onde gastar o dinheiro, por exemplo. Então, quando a gente exerce essa empatia, além de fazer bem ao outro, também sentimos prazer. Essa troca acaba sendo essencial para que a gente possa conviver em sociedade. “É uma prática importante porque faz com que o humano se conecte às outras pessoas e exercite a maturidade emocional, uma vez que incentiva o autoconhecimento e o respeito às vontades alheias”, pontua Carla.
Ser responsável afetivamente é mais simples do que parece
Porém, em tempos em que a individualidade e o egoísmo predominam nas relações interpessoais, lidar com o outro (seja com seus defeitos, seja com suas qualidades) parece ser uma tarefa árdua que exige um esforço que nem todos estão dispostos a fazer. Mas a psicóloga insiste: ser responsável afetivamente é mais simples do que parece. “Perdi o prazo para inscrever meu filho em uma competição. Liguei para os responsáveis pelo evento e eles reforçaram que o prazo havia acabado, que entendiam a importância daquilo para a minha família, mas que infelizmente não tinha nada a ser feito”, compartilha a especialista. “O tom, a educação e a gentileza de quem me atendeu fez com que a dificuldade ‘do não’ fosse melhor compreendida e a situação não se tornasse ainda mais crítica. A forma como a gente escolhe se conectar com os outros, faz toda diferença, mesmo que o conteúdo, o não ou a dor sigam sendo os mesmos.
Responsabilidade não é reciprocidade
Vale ressaltar, porém, que há diferença entre reciprocidade e responsabilidade afetiva. Ser responsável afetivamente não é concordar com tudo que o outro diz, muito menos retribuir – em mesmo nível e grau – ao sentimento de terceiros. “Em um relacionamento amoroso, por exemplo, ser responsável com o outro é esclarecer para o parceiro o tipo de relação que você quer ter e o que consegue ter. E em muitos casos é difícil ser honesto e verdadeiro, porque existe uma idealização do que é o amor”, analisa a psicóloga Jaqueline Gomes de Jesus, membro do Departamento de Direitos Humanos da Fundação Oswaldo Cruz.
Além disso, há fatores sociais que tornam a prática da responsabilidade afetiva ainda mais trabalhosa quando estamos falando de relações românticas heteronormativas. Enquanto homens têm dificuldade de elaborar e entender os próprios sentimentos, muitas mulheres não conseguem dizer não ao parceiro e escutar seus desejos. “É preciso ter cuidado na hora de ‘criar um padrão’ do que é responsabilidade afetiva em relacionamentos amorosos heterossexuais. Não é raro que mulheres apaguem o próprio desejo em prol das vontades masculinas. Valeska Zanello, minha colega de profissão, tem uma frase que resume tudo o que disse: ‘mulheres são ensinadas a amar homens, enquanto homens são ensinados a amar várias coisas’.”
A família também precisa de gentileza
Diferente do que muita gente pensa, a responsabilidade afetiva não é algo exclusivo das relações amorosas. Também deve ser colocada em prática em relações familiares e entre amigos. “Apesar das pessoas sempre atrelarem afeto e carinho às relações românticas, nós sentimos essas coisas por colegas de trabalho, professores, familiares, amigos… Existem outras dimensões do afeto pelas quais somos responsáveis e, às vezes, nos esquecemos”, ressalta a psicóloga Jaqueline Gomes.
“Se coloco em prática a responsabilidade afetiva com membros da minha família, consigo ter mais compreensão dos nãos que eu recebo, dos sims e de tantas outras trocas complexas”, avalia Carla. Assim passamos a entender o porquê de certas atitudes dos nossos pais, por exemplo, e sentimentos como a rejeição ou como o controle são amenizados, explica a psicóloga. A gentileza e a empatia são fundamentais para que as relações familiares naveguem águas tranquilas e garantam uma boa conexão na hora da discórdia. Lembrando que discordar não significa brigar. E ser responsável afetivamente não significa passar a mão na cabeça, ao contrário: é ter uma conexão tão boa, transparente e sincera que até colocações duras e discordâncias são acolhidas.
“Se quero ser acolhido, também preciso acolher angústias do outro”
Ela destaca ainda a importância da responsabilidade afetiva entre amigos. Assim como em outras relações, a amizade funciona dentro de um sistema de trocas, de diálogos e de respeito. “Se eu quero ser acolhido, também preciso acolher angústias do outro. Se quero atenção, eu também preciso dar atenção – tudo isso, é claro, levando em conta os próprios desejos e limites”.
Para a psicóloga, amizade também exige lealdade e investimento. “Não dá para descartar os amigos quando você assume um namoro ou só chamá-los de vez em quando pra ir pro boteco. É preciso ter respeito aos sentimentos deles”, fala Carla. “Responsabilidade afetiva não é um sentimento; o que é sentimento, na verdade, é o amor. Responsabilidade afetiva é um princípio ético que melhora as conexões. Você não precisa amar alguém para ser responsável por essa pessoa, mas se existe qualquer nível de afeto e carinho, há de haver o respeito”, adiciona Jaqueline. Que a gente coloque isso em prática.
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