Quem ainda não sabe sobre a anatomia do clitóris, preste atenção nas próximas linhas. E quem já sabe, sempre é bom recapitular. Isso porque o primeiro passo para você cuidar dele é entender seu tamanho e a sua importância. O único órgão do corpo feito essencialmente para nos dar prazer tem dez mil terminações nervosas.
Pode parecer pequeno olhando, assim, desavisadamente, mas é que ele fica meio escondido no prepúcio (aquela capa de pele) – e vai muito além daquela pontinha. As ramificações (corpo e bulbo) do clitóris são compridas e seguem pelos grandes lábios até o canal vaginal. “Ele abraça a vulva em toda sua extensão e toda região é impactada pelo número grande de terminações nervosas”, descreve a sexóloga Carolina Freitas, psicóloga do projeto Sexo sem Dúvida.
Sensibilidade altíssima
Quando rola a excitação provocada pelo toque ou fricção, há resposta por todo corpo. Nosso parquinho de diversão particular, da ponta do fio de cabelo até o dedão do pé, fica em estado de alerta, enquanto o clitóris recebe bastante sangue e cresce de tamanho, saindo do prepúcio e ficando para fora.
“Ele fica ereto, irrigado e totalmente exposto. Como a anatomia e o tamanho de cada um varia, cada uma de nós terá uma boa jornada para descobrir qual grau de intensidade, velocidade e quantidade de estímulo é bacana e prazerosa”, diz Carolina, que ressalta: “A pele no seu entorno é bem fina. Então, por sua delicadeza e sensibilidade, tem que cuidar”.
“O clitóris pode ficar sensível após a transa, mas o corpo se autocura”
Experimentar bastante e descobrir o estímulo ideal para seu clitórios vai ajudar a não deixá-lo mais sensível do que já é. Mas como não dá para ter controle total na transa, dependendo do grau de fricção – seja com língua, dedo, vibrador, outra vulva ou com parte do pênis na penetração – seu clitóris acaba sentindo as consequências.
“Pode-se ter uma leve sensibilidade após a transa e um super aquecimento no local. Eu digo que o corpo se autocura e, depois de um tempo, estará normal. Para ajudar no processo, aconselho lavar a vulva toda com água morna a fria e ficar um tempo sem calcinha”, ensina a sexóloga Paula Fernanda, especialista em tantra. Se a dor ou incômodo forem persistentes, hora de agendar ginecologista para investigar se há alguma lesão ou infecção.
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Lubrifique bem
Os lubrificantes são os melhores amigos do clitóris: protegem o órgão da fricção mais forte, ajudam a deslizar mais gostoso e melhoram a sensação na região. Válido, inclusive, para os vibradores sem penetração, ok? Bullets, coelhinhos, ursinhos, batons e sugadores devem ser usados com o auxílio desse tipo de produto para garantir o conforto do seu clitóris.
O mesmo vale para o momento a dois com ou sem vibrador. Não é só na penetração que o lubrificante é bem-vindo. Para todo tipo de fricção no clitóris, lembre-se desse carinho, inclusive no sexo oral.
Tá liberado vibrar
Sabe aquele papo de que usar vibrador clitoriano pode tirar a sensibilidade da região, atrapalhando o gozo sem ele? Nada disso, garante a ginecologista Aline Ambrósio, terapeuta sexual membro da International Society for Sexual Medicine (ISSM).
“Não há nenhum problema em usar, a não ser que machuque – o que a masturbação com as mãos ou um oral mais intenso também podem causar, principalmente com pouca lubrificação”. O estímulo recorrente não leva à diminuição da resposta sexual, mas, sim, ao autoconhecimento, que ajuda a impulsionar o gozo. Aquele cuidado da água morna e de ficar sem calcinha também vale aqui, ok?
Observe seu clitóris com um espelho
Cuidado com a pele íntima
A higienização do clitóris não tem muito mistério, mas é importante. Aline indica o uso de sabonete neutro, como os de glicerina, para fazer a higienização íntima. “Com delicadeza, deve-se tracionar a pele do prepúcio e deixar a água escorrer”, orienta. Uma vez ao dia basta, se não pode alterar o pH da vulva.
A limpeza da região é ainda mais importante depois do sexo. A médica também indica hidratar com óleo de coco para acalmar a pele e ajudar na recuperação após tanta fricção.
Frente a frente com o clitóris
Essa dica é antiga, mas fundamental: observe seu clitóris com um espelho. Esse é um ótimo jeito de conhecer melhor seus caminhos do prazer. Escolha um lugar confortável e coloque estrategicamente um espelho (se for de aumento melhor) em um ângulo que te agrade.
Aproveite para tocar a região, sentir a excitação das terminações nervosas ao redor do dele e em toda extensão enquanto se observa. “Quando você está olhando, aumenta seu prazer, pois há um maior estímulo cerebral causado pelo toque juntamente com o visual”, destaca Paula. Assim também fica mais fácil entender quais pontos te causam mais arrepios e onde é melhor ir com mais calma.
Outra dica é não deixar essa intimidade se perder. “Tem gente que fica com vergonha de tocar no próprio clitóris em situações que não são sexuais, como no chuveiro, ao se limpar ou quando vai se trocar. Assim, acaba perdendo boas oportunidades de se conectar com o órgão e deixar tabus de lado”, diz a especialista em tantra. Fica o recado: mimar seu clitóris deveria ser uma tarefa constante – daquelas que nem dá para reclamar.