Nascida e criada no Rio de Janeiro, Tatiana Machado era a caçula da família. A pequena ruiva era apaixonada por ser o centro das atenções e confessa que sempre foi aparecida. Leonina da gema, Tati sempre teve um pezinho na arte de se comunicar. E nunca ter sido podada pela família fez toda a diferença. Aliás, sempre foi estimulada a continuar sendo expansiva. “Ser uma criança comunicativa, representante de turma e ter feito teatro, me ajudou de forma positiva a ser diferente dos outros”, diz. Sua trajetória na televisão começou cedo, com participações no programa Gente Inocente, da TV Globo, ainda na infância.
Mas foi ao começar a fazer boletins nas mídias sociais do Big Brother Brasil, em 2017, que ela ganhou fama. Daí pra frente, foi só sucesso. Com carisma para dar e vender, Tati viralizou com a coreografia Tá OK de Dennis DJ e Kevin O Chris, no programa Encontro com Fátima Bernardes, da Globo. Seu molejo conquistou corações e mostrou que era uma ótima candidata ao Dança dos Famosos, no Domingão com Huck. Em 2024, ela foi e venceu. “Recebi milhares de mensagens das pessoas falando que estavam torcendo por mim e que se sentiram inspiradas a dançar. Foi emocionante”, diz.
Com sua pluralidade e facilidade em dialogar com públicos distintos, hoje, Tati integra o time de apresentadoras do programa Saia Justa, do GNT, e já tem conquistado o público com opiniões bem fundamentadas sobre temas contemporâneos. Ao lado de Bela Gil, Rita Batista e Eliana ela promete ser a referência que muitas mulheres fora do padrão nunca tiveram na TV.
“Pegava as roupas da minha mãe para brincar”
Em sua apresentação de formatura do primeiro ano, aos 6 anos, Tati mostrou o seu talento. Já sabia ler e escrever e adorava interpretar e contar histórias. “Nessa apresentação, eu era a professora. Tenho memória de que, nessa época, eu já era o que sou hoje”, diz. Após essa apresentação na escola, ela ingressou no teatro, onde ficou até os 14 anos. Em casa, a família apoiava e deixava ela criar. “Pegava as roupas da minha mãe para brincar, desfilava com os sapatos dela”, diz.
Mas nem tudo era mil maravilhas, logo Tati reparou que não era igual as outras crianças: tinha os cabelos ruivos. “Fui uma criança cheia de sardas, mas ser comunicativa, representante de turma e ter feito teatro me ajudou a ser diferente dos outros de uma forma positiva”, diz.
“Nunca menti pra minha mãe”
Durante a adolescência, seu avô foi sua melhor companhia. “Meu avô foi o grande amor da minha vida. Ele tinha a alma jovem, dançava funk comigo, topava todas as minhas loucuras e curtia assistir tudo que eu queria. Agora, vou trabalhar com a Eliana, assistimos muitos programas dela juntos”, conta. A jornalista cresceu em uma casa de vila no Leme, Rio de Janeiro, naquele clima de intimidade com quase toda vizinhança.
Perguntada sobre a relação com a mãe, ela revela muita parceria e tranquilidade. “Sempre tive uma relação aberta com ela, nunca menti pra minha mãe”, diz.
Na escola, ela conta que sentia a pressão estética silenciosa que atinge todas nós. Por ter uma condição genética que transforma machucados em manchas brancas na pele, Tati conta que recorria à maquiagem para disfarçar. “Já tinha as pernas grossas, e elas me envergonhavam, então passava base para cobrir as manchas brancas. Às vezes, no futebol, ficava a marca da maquiagem nas roupas. Mas nunca transpassei essa insegurança e não ouvi as pessoas dizerem algo”, diz.
“Hoje, todas as minhas inseguranças se tornaram motivo de orgulho”
Tati começou a namorar Bruno aos 19 anos, mas eles já se conheciam da escola. Nessa época, ela estava na faculdade de comunicação e já estagiava na área. “Lembro que, o Bruno me falava muito que eu o estimulava a buscar os sonhos dele, porque eu estava indo atrás dos meus” conta.
Bruno tem 1.80 de altura e Tati tem 1.50, mas ela conta que na relação isso nunca foi um problema. “Sempre fui muito segura de mim, e não deixava a insegurança com a altura transparecer”, diz. Mas fora dali, ela já teve questões. “Sempre fui amiga de mulheres muito altas, gatas e bem padrão, então ser baixinha já foi difícil, mas hoje, todas as minhas inseguranças se tornaram motivo de orgulho”, diz.
“Sei que sou uma representante por ser uma mulher gorda na TV”
Sua trajetória na TV Globo começou nos bastidores, em 2013, como estagiária de conteúdo no Gshow. Cobria os bastidores de programas como Domingão, Esquenta, Estrelas, TV Xuxa e outros. Entrevistava artistas e mostrava as curiosidades por trás das câmeras. Ganhou destaque quando começou a apresentar o Rede BBB em 2017, onde falava sobre os bastidores do reality para as redes sociais do Gshow. E ela considera sua participação no programa de Fátima Bernardes o reconhecimento de todo trabalho: “A cena dessa foto é a colheita do que eu já tenho plantado há tantos anos”, diz.
A consagração total veio aos 33 anos quando foi campeã da Dança dos Famosos e na sequência convidada para integrar o Saia Justa. Com esse destaque, Tati provou que ser uma mulher gorda não era algo limitante. “Sei que sou uma representante por ser uma mulher gorda na TV. Ainda não vemos muitos corpos como o meu ali. E se posso abrir esse espaço, farei isso”, diz.
Mas a apresentadora logo avisa que vai ficar limitada a falar sobre questões relacionadas ao corpo. “Meu lugar na Globo não é de uma mulher gorda falando sobre gordofobia, é de uma mulher gorda dançando sensual, falando baboseira. Uma mulher vivendo”.