Sair da consulta anual à ginecologista te dá aquela sensação de alívio, como se, com os resultados de exames dentro da normalidade e a lista do “to do” zerada, a saúde estivesse em perfeita ordem? Calma lá! Saiba que fazer um check-up médico não é o único indicativo nem garantia de que você está morando em um corpo saudável, com uma mente sã. Além disso, para a realização de muitos diagnósticos, acabamos sendo expostas a algum tipo de dano, como o da radiação emitida por uma tomografia ou ressonância magnética.
Saúde é bem-estar físico, mental e social, e não só a ausência de doenças
Não há dúvidas de que realizar exames é importante para prevenir possíveis doenças, ainda mais se tratando da saúde da mulher (e de pessoas com útero), no caso da endometriose, síndrome do ovário policístico, câncer do colo do útero, entre outras. A detecção precoce de um tumor, por exemplo nas mamas, traz mais chances de cura de um câncer. Só que a prevenção de enfermidades é diferente da promoção de saúde, e esta requer algumas mudanças de hábitos.
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Em entrevista à Mina no ano passado, o médico Drauzio Varella deu o seguinte exemplo: “Uma pessoa de 40 anos, barriguda, bebe mais do que devia, é sedentária, quer fazer exames para compensar os excessos e ter uma vida saudável. E ainda diz: ‘Tô ótimo, fiz todos os exames’. Cansei de ver gente morrer com os exames normais. As pessoas têm a ideia de que fazer exames cria uma conta impagável. E se o médico pede 50 exames, ele ainda vai sentir que está sendo muito bem tratado. Isso cria uma falsa segurança”.
Como saber se uma pessoa é, de fato, saudável?
Em 1946, a Organização Mundial da Saúde (OMS), definiu a saúde como “um estado de bem-estar físico, mental e social, e não só a ausência de doenças ou enfermidades”. Tudo bem que, se depender desse conceito, muitos de nós seríamos reprovados, com essa vida corrida que levamos. Esse ideal de saúde pode parecer algo inatingível, mas ele dá um norte e tira a pessoa da visão rasa de que ter saúde é igual a não ficar doente.
Para a doutora Silvia Kawakami, especialista em Medicina Integrativa do Hospital Municipal M’Boi Mirim, de São Paulo, em parceria com o Hospital Albert Einstein, o que mais prejudica a nossa saúde é a falta de consciência dos sinais do corpo, que quando observados, indicam o que nos faz bem e mal. “O que vemos hoje é muita gente fazendo o contrário. Querem amortecer as emoções com comida, redes sociais, álcool, cigarro, relacionamentos superficiais e remédios. Além de se desconectar do corpo e da mente, esses hábitos levam a comportamentos de risco para a saúde”, pontua. “Uma hora as consequências chegam, diminuindo a qualidade de vida, a presença, a produtividade. Somos obrigados a parar da pior forma possível: internação, burnout, depressão”, acrescenta a médica.
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Melhorar a qualidade de vida e, assim, prevenir doenças
Popular nos Estados Unidos, onde é praticada há cerca de duas décadas, a Medicina do Estilo de Vida chegou ao Brasil há alguns anos. O conceito é ajudar as pessoas a adotarem comportamentos saudáveis para melhorarem a qualidade de vida e, assim, prevenirem doenças. Apesar de ainda não ser uma especialidade reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina, a prática vem ganhando adeptos no país. A médica Sley Tanigawa Guimarães é um delas e, por meio do Programa de Mudança de Estilo de Vida (PAVING), que criou em parceria com uma professora de Harvard, implementa os conceitos em grupos de pacientes em reabilitação de câncer de mama, mulheres na menopausa e idosos, por exemplo.
Também coordenadora da pós-graduação em estilo de vida e coaching em saúde do Einstein, Sley recomenda: “Comece com pequenas metas. E, conforme for se sentindo confiante, aumente a sua meta. As recaídas fazem parte. Se escorregar, volte ao seu plano”, diz. Ela lembra ainda que manter a saúde é mais barato do que tratar doenças. Mas isso envolve organização, disposição e persistência. “Alimentação saudável está na feira, no hortifrúti, não nos suplementos ou alimentos light, diet e industrializados. Se movimentar também não é só na academia. Dormir, não fumar, não ingerir bebidas alcoólicas, ter relacionamentos saudáveis, fazer pequenas pausas, não custa nada”, incentiva ela.
Mudar hábitos não é fácil, mas é o caminho que leva à longevidade
Sabemos que mudar alguns hábitos é uma missão desafiadora, mas é o caminho que leva à boa saúde e a longevidade. Seguir os seis pilares da Medicina do Estilo de Vida pode ser o primeiro passo.
1. Você é o que você come
O erro alimentar que mais adoece as pessoas é o que falta no prato: frutas, verduras, legumes, grãos integrais e sementes. Também fique de olho no excesso de sal, açúcar, gordura e alimentos industrializados.
2. Mantenha-se em movimento
O nosso corpo foi feito para se movimentar. E isso faz bem não só para o corpo físico, mas também para a mente. O exercício ajuda, por exemplo, no controle da pressão arterial e é bom para a saúde mental e cardiovascular.
3. Renda-se ao sono
Temos dormido cada vez menos, seja em função do trabalho, grudados nas redes sociais ou maratonando séries. Dormir de sete a nove horas por noite também ajuda a manter controladas a pressão arterial e o açúcar no sangue, além de regular o apetite e fortalecer o sistema imunológico.
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4. Xô, estresse!
No ritmo enlouquecido de produção da vida moderna, o esforço para além dos limites saudáveis virou rotina. O resultado é o estresse crônico e suas consequências, como irritabilidade, alterações de sono e intestino, dor de cabeça e no corpo, insônia, ansiedade, depressão e burnout.
5. Fique longe do álcool e do cigarro
Já foi o tempo em que se acreditava que tomar uma taça de vinho fazia bem à saúde. Hoje, sabe-se que o álcool, mesmo em pequena quantidade, é prejudicial ao corpo. E o cigarro, hábito mais do que demodê, aumenta o risco da pessoa ter um AVC, infarto e câncer.
6. Cuide dos seus relacionamentos
A solidão traz a sensação de desamparo e abre as portas para o surgimento de doenças. Cultivar bons relacionamentos, além de fazer um bem danado para a saúde, aumenta a satisfação com a vida.
Nunca é tarde para começar a se cuidar, quem começa?