Kamila Camilo: “As pessoas mais afetadas pelas mudanças climáticas são as que menos têm recursos para lidar”

Já para pensar como suas ações impactam no meio ambiente e como a tensão climática afeta o seu dia? Pois é, a forma como cuidamos do planeta tem reflexos na nossa vida. É um ciclo que se retroalimenta. Por isso, cuidar da natureza é cuidar do nosso próprio bem-estar. Para ajudar nessas questões, Angélica conversa com Kamila Camilo, ativista ambiental e uma das fundadoras da Creators Academy Brasil.

Quando falamos de aquecimento global, todo mundo foge do debate, mas falar sobre clima é falar sobre a nossa própria vida. Kamila exemplifica isso falando do último verão europeu, o mais quente da história. Mesmo sofrendo com o calor, as pessoas ainda não entenderam que a temperatura subir em uma região que costuma ter outro clima é preocupante. “Aqui, no Brasil, as chuvas estão aumentando em lugares que não chovia tanto. Recife, por exemplo, ainda não conseguiu se recuperar. As cidades não estão preparadas para lidar com essas mudanças no clima e a gente ainda não colocou isso no nosso dia a dia”.  

Uma forma que Kamila encontrou para alertar sobre esse problema foi criando a Creators Academy, uma experiência que convida criadores de conteúdo a se relacionarem com os biomas brasileiros. “Para mim, é uma jornada de restauração da relação dessas pessoas com a natureza”, conta. O objetivo é conseguir alcançar cada vez mais pessoas usando as vozes das personalidades digitais para amplificar a paixão pelo meio ambiente. 

A ideia surgiu durante a Conferência do Clima do ano passado. Kamila olhou o público do evento e pensou “essas pessoas já estão discutindo isso há muito tempo, com termos difíceis de compreender, como posso explicar para a minha comunidade que ela está sendo afetada?”. O comunicador Raul Santiago também estava lá e teve o mesmo pensamento, então eles se uniram. A primeira iniciativa foi lembrar um grupo à Floresta Amazônica para ver de perto a importância do bioma.  

Um ponto crucial nessa história foi a preocupação com a justiça climática. “As pessoas mais afetadas pelas mudanças do clima são as que menos têm recursos para lidar, se adaptar ou mitigar os efeitos dessas mudanças”, explica. Por isso, quando pensamos iniciativas em relação ao clima, precisamos dar suporte ao lado que está menos favorecido nessa equação. “Mulheres, crianças, zonas periféricas urbanas, zonas rurais sem saneamento e internet… Essas pessoas são as mais afetadas porque não tem condições de se adaptar às mudanças e precisamos fornecer essas condições”.