Inbox:  Cortar o cordão umbilical com a mãe é convite pra ser adulto 

Nossas mães nos apresentam o mundo, mostram o que é certo, errado, concedem autorizações de liberdade até… chegar à maioridade.  Mesmo que na adolescência já aconteçam alguns embates e a gente comece a ver que nem sempre as mães têm razão, é desafiador cortar o cordão umbilical simbólico. Muitos adultos ainda se sentem presos na responsabilidade de garantir a felicidade plena de sua mãe. No entanto, conseguir romper com isso faz toda a diferença na nossa autonomia, como mostra o Inbox desta semana. 

A atriz Gabriela Duarte, filha da também atriz Regina Duarte, fala sobre o seu processo com Angélica. “Minha mãe me deu muito espaço, acredito que em alguns momentos, até demais, por conta do trabalho dela. Ao mesmo tempo, o tempo que tínhamos juntas era de muita qualidade”, relembra.  

Por outro lado, Gabriela conta que começou a carreira mesmo antes da mãe saber e que houve um período de embates. “Ela sempre quis que eu aceitasse coisas, e eu batia o pé”, diz.  “Quando eu não queria alguma coisa que ela estava propondo, não tinha a possibilidade de isso acontecer”. 

A escritora e educadora parental Lua Barros também contribui para a conversa. Ela defende que é preciso verbalizar emoções que existem dentro de uma relação mãe e filho, como a raiva, a inveja, a culpa, a dor, a solidão. “Quando elas ganham uma proporção maior do que a possibilidade de enxergar a filha como sujeito, a relação deixa de ser boa e pode ser tornar tóxica”, diz. 

Poucos sentimentos são tão idealizados quanto o amor de mãe. Porém, às vezes, é a intensidade desse sentimento que pode acabar desequilibrando a relação, transformando amor em expectativas irreais, dependência emocional, controle excessivo e até controle de privacidade. Por isso, a importância de impor limites, e não negociá-los, mesmo que as nossas mães façam birra ou bico. “Cortar o cordão umbilical na vida adulta é se apropriar da sua história, e isso nem sempre é fácil”, diz a especialista.