Fernanda Abreu: “Viver é acordar, abrir a janela e arregaçar as mangas para realizar os nossos sonhos”
Aos 61 anos, a cantora conversa com Angélica sobre como faz para se manter sempre antenada e dialogando com diversas gerações
A frase “ah, mas no meu tempo…”, provavelmente já saiu da sua boca. Mas a verdade é que seu tempo é hoje – aqui e agora – junto com todo mundo que está vivo. Por isso, é importante se ligar no que está rolando no mundo, ao invés de ficar olhando para o que já passou. Para falar sobre o aproveitar o momento, Angélica recebe Fernanda Abreu, cantora, compositora e carioca raiz, que nunca perde o passo na mudança.
“Viver é acordar de manhã, abrir a janela e arregaçar as mangas para realizar os nossos sonhos”, defende a cantora. Para isso, ela está sempre se alimentando de referências. Gosta de ouvir o que as novas gerações de cantores estão produzindo, mas não abre mão dos lançamentos dos mais antigos. Fernanda também conversa muito com as filhas para saber o que está rolando nas festas da juventude. “Isso alimenta muito a gente, é fonte de aprendizado.”
A cantora fala sobre desconstruir alguns valores – não os relacionados a generosidade e amor – mais conservadores, estando aberta para conhecer o novo. Ela destaca a importância de dar atenção às pautas que estão sendo discutidas hoje em dia, como o racismo, o machismo, a homofobia e a própria a violência contra as mulheres. Sua mãe sempre falava que estudar ajuda a aguçar a curiosidade. “E essa curiosidade vai fazer você pensar e ter um senso crítico do que aparece para você, do que a vida te apresenta”, diz.
Seu senso de independência veio da família. Sua avó e sua mãe viviam em contextos diferentes e com mais restrições, mas sempre prezaram por isso. Hoje, ela aprende com as filhas sobre liberdade. “Quantas vezes a gente passou por situações de assédio e nem entendia do que se tratava? Hoje, as pessoas têm muito mais informação e aprendem a se defender”, analisa. Fernanda acredita que todos os avanços conquistados com a primavera feminista nos últimos anos estão consolidados, pois já se internalizaram em nós.
Sobre seus projetos futuros, a artista conta que tem o sonho de fazer um documentário sobre a história do funk, com o olhar de uma carioca de classe média que acompanhou o movimento desde o começo. Vamos ficar de olho!