Dani Arrais: “Quero uma internet que a gente saia melhor do que entrou”

Quantas horas por dia você passa navegando pelas redes sociais? A gente sabe que a internet trouxe muita coisa boa, mas isso de ficar online o tempo todo também trouxe mais cansaço, angústia e até culpa. Por isso, é necessário repensar nossos hábitos para navegar de maneira mais consciente. Quem pensa sobre isso há anos é a jornalista pernambucana Dani Arrais, co-fundadora da Contente, plataforma que reflete sobre o impacto da internet no trabalho, nas relações e na saúde mental. É com ela o papo da Angélica esta semana.

“Somos como uma criança no jardim infância entretidos com um brinquedo novo quando o assunto é a internet, porque tem toda a informação, entretenimento e nos faz ficar perto dos amigos e da família, nos informar, assistir filmes, trabalhar…”, analisa a especialista. Para ela, o que falta é definir a qualidade dos conteúdos que acessamos nesse tempo. “Se você aproveita a internet para se conectar de verdade, construir comunidade, se informar, aí você termina o dia com o copo meio cheio”. A solução passa por parar de deixar o algoritmo escolher por nós o que vamos ler, assistir ou ouvir. 

“Acho perigoso quando a gente quer parecer o tempo todo a nossa versão turbinada com os filtros”

A cilada, muitas vezes, começa já nas primeiras horas do dia, quando você acorda e a primeira coisa que faz é pegar o celular. “Estamos muito ansiosos, porque estamos conectados demais e quase não temos distinção do tempo que não estamos com o celular na mão”, avalia.  Outro desafio que a hiper conexão trouxe é em relação à autoimagem, com as pessoas cada vez mais preocupadas em parecer com um filtro de Instagram na vida real. Para  Dani, essa questão estética sempre existiu, a internet apenas deu aquela impulsionada. “Acho perigoso quando a gente quer parecer o tempo todo a nossa versão turbinada com os filtros.” 

A jornalista também é conhecida pelo movimento #AInternetqueaGenteQuer, que busca promover uma vida digital mais consciente. “Quero uma internet que a gente saia melhor do que entrou, que a gente use esse lugar para se expressar”, defende Dani, que acredita que há espaço para todo mundo participar de trocas positivas nesse espaço, o que falta é mais gente ter coragem de usar as plataformas para se comunicar e criar comunidade.